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quinta-feira

Carta aberta à Presidenta Dilma, candidata a reeleição



Prezada Presidenta Dilma Rousseff

Nesta semana escrevi carta aberta à sua concorrente, a missionária Marina Silva. A repercussão foi grande. Mesmo assim a candidata nem seus assessores se dignaram respondê-la, apesar de meio milhão de acessos neste blog. 

Da mesma forma que justifiquei que não escrevi à candidata Marina Silva usando de agressões, de ironias, de ofensas e de falta de respeito me portarei com a senhora. 

Vivemos uma campanha eleitoral acirrada, fértil em ataques, ofensas e desrespeitos pessoais, que passam quilometricamente distantes do que realmente interessa: os projetos políticos para o Brasil e para nosso sofrido povo. Muitas dessas agressões, dirigidas também pessoalmente a nós, porque nos preocupamos com o Brasil, incluindo definições públicas de candidaturas, embora sem partidarização absoluta, pessoas de espírito pequeno confundem luta política com motivações mesquinhas. Não é isso que me move, Presidenta Dilma. 

Assusto-me com a assombrosa manipulação do eleitorado brasileiro, que muitas vezes sinaliza apatia provocada pelo massacre dos que o “usam” como massa inerte na eleição de pessoas descomprometidas com a Nação e com o desenvolvimento. 

Em todos os casos há que enfrentarmos todas as marés no debate sobre o Brasil, sem medo das ameaças. 

Presidenta Dilma, a senhora certamente não se lembra de mim. Estivemos juntos em três oportunidades. Na primeira nenhum de nós dois imaginava que caminhos seguiríamos e aonde chegaríamos, embora os sonhos inabaláveis que sempre nos moveram. A primeira vez que nos encontramos foi num seminário ecumênico de caráter nacional que se realizava na Casa Padre Jorge, no Bairro Três Figueiras em Porto Alegre. Éramos jovens. A senhora fez análise de conjuntura, a nosso convite. Lembra-se? Nós dois conversamos um pouco durante o café. Divergimos respeitosamente em alguns pontos. A senhora e eu sabíamos lidar com as divergências entre nossas visões que incluíam o protagonismo de Leonel Brizola naquele momento. Impressionei-me com sua honestidade intelectual, coisa que eu considerava rara no embate entre visões diferentes. No início de sua fala ao grupo a senhora avisou que sua análise seria desde um partido, de uma percepção política de discussões que faziam naquele âmbito. Portanto, poderia haver outras que não eram as suas opiniões. E falou com segurança, contribuindo com a compreensão para o momento após a derrubada da ditadura. 

A segunda vez em que nos encontramos foi em Campo Grande-MS. A senhora exercia um cargo de ministra do Presidente Lula e lá falou sobre o PAC. A terceira foi aqui em Goiânia na campanha eleitoral de 2010, já candidata a Presidenta. Nas duas últimas não estivemos tão próximos e contundentes quanto na primeira, quando a senhora me marcou profundamente por sua clareza de raciocínio e definição honesta de sua visão 

Pois bem Presidenta Dilma, vivemos uma das conjunturas mais quentes no Brasil de 2014. Sua candidatura à reeleição é sacudida pelos mesmos ventos poderosos que balançaram e derrubaram a União Soviética, com uma diferença. Naquela oportunidade a polaridade era entre a União Soviética forte e os Estados Unidos Imperialistas, pensando-se dono do mundo e da verdade. Hoje o poderio do império é decadente e terrorista, mas determinado, a antes de desaparecer, destruir o mundo com guerras pulverizadas de terror. Claro, mais fraco, mas de ganância desmedida. 

Hoje o mundo cria relações polivalentes, gerando polos em várias regiões do planeta com o objetivo de esvaziar o todo poderoso senhor dos mares, do ar, da terra e do cosmos e de fortalecer a distribuição democrática das riquezas. Nessa perspectiva nasceu o BRICs e o banco internacional recentemente criado, objetivando o fomento do desenvolvimento contra a vampirização dos recursos dos países, como sempre fez o FMI e o sistema bancário internacional. 

Não há dúvidas de que essa tensão se reflete na campanha eleitoral e eleições deste ano no Brasil. Há dois projetos em combate. Um representado pela senhora e outro pelo Senador Aécio Neves e pela missionária Marina Silva. Em torno desta candidata se agregam pessoas tão diferentes que vão desde os que defenderam a Perestróica usada pelo imperialismo para destruir a União Soviética a banqueiros e neoliberais das eras Collor, FHC; de fundamentalistas a nacionalistas que alegam que a senhora parou o Brasil, indo na contramão de Lula. Estes, inclusive, se enfurecem com a senhora e desejam ardentemente vê-la longe do Planalto, de preferência morta. Dizem que a senhora compactuou com as multinacionais, que fragilizou a Petrobras, que desdenha do pré-sal e jogou o País nos braços do sistema financeiro, presenteando-o com os juros abusivamente mais altos do mundo. Queixam-se de seu afastamento dos  movimentos sociais, sindicais e comunitários, escondendo-se no Palácio. 

Do seu lado sinto sinais de autocrítica até na alusão de que se reeleita será governo novo com equipe nova. O atual Ministro da Fazenda é acusado de executar política de atentados aos ganhos da era Lula, de dilapidação do PIB, dos empregos e dos investimentos.

A autocrítica certamente é motivada pelo povo que se levanta nos campos e das ruas, que denuncia que as reformas travaram. O Movimento dos Sem Terra se queixam que no seu governo houve menos assentamentos, menos investimentos na agricultura familiar e menos reforma agrária do que no regime militar. 

 O louvado sociólogo de esquerda, o português Boaventura de Sousa Santos, profundo conhecedor do Brasil, muito envolvido nos estudos do movimento popular, diz que seu governo recuou dos movimentos sociais em direção ao agronegócio e aos poderes dominantes (aqui). 

A Comissão Pastoral da Terra enumera o espantoso número de assassinatos de agricultores e de indígenas por parte dos grandes proprietários, que não se cansam de concentrar riquezas e renda, mesmo sangrando os trabalhadores e nativos, sem mencionarmos o trabalho escravo que cresceu. 

O jornalista Altamiro Borges, presidente do Instituto Barão do Itararé, membro do Comitê Central do PCdoB, partido que integra a base de seu governo, escreveu em seu blog (aqui) que a senhora se acovardou em face do poder e das ameaças da mídia corrupta e manipuladora e não fez a reforma das comunicações que a realidade brasileira exige. O marco regulatório tão bem conceituado pelo Jornalista Franklin Martins dormiu nos fundos das gavetas durante todo o seu governo sob os cuidados do atual ministro das Comunicações, Gilberto Carvalho, sobre quem recaem suspeitas de colaboracionismo com a Rede Globo. Quer dizer, no campo mediático há também feudo, dominação terrível e assassinatos sérios da verdade. 

A bem da verdade é bom que se diga que a senhora enviou para o Congresso um antiprojeto de reforma política. Porém, a turma que usufrui benefícios com o aviltamento e o desrespeito da cidadania a que o povo é relegado, usado apenas com eleitores manobráveis e enganados nas eleições, sepultou sua proposta de reforma. E ficou por isso mesmo. 

A situação política de nosso País é muito feia e triste, Presidenta. Somos cidadãos para trabalhar, consumir e votar. Porém somos propositadamente distanciados das decisões políticas que se relacionam diretamente com nossas vidas. O abuso da representatividade faz nosso povo deseducar-se, alienar-se e deixar tudo por conta do que o senso comum se acostumou a denominar de “os políticos”. Nossa participação política, que deveria nos fazer políticos envolvidos e integrados nas pressões e mudanças que nos dizem respeito, não existe. Penso que o governo federal, com a senhora à frente como primeira mandatária, não assume sua responsabilidade em mobilizar a sociedade para que os congressistas façam a reforma necessária e se ponha fim à compra de votos e de candidatos vulneráveis pelas grandes empresas, inclusive pelo banco da “educadora” Neca Setúbal, conselheira e patrocinadora da missionária Marina Silva. 

No mesmo sentido ocorre o massacre dos estados e municípios, totalmente entregues aos grupos regionais rivais, conservadores e atrasados, que impedem as reformas políticas e sociais que qualificariam a justiça social e as vidas dos cidadãos. A segurança, a educação, a saúde e os bens públicos, que deveriam servir ao bem do povo, são utilizados por esses seguimentos apodrecidos. Penso que o movimento de mudanças e de reformas de alto a baixo é incumbência política da Presidência da República e do Congresso Nacional, aliados e comprometidos com os movimentos sociais, sem esperar os espontaneismos obscurantistas regionais, estaduais e municipais.  O povo se mobilizará nas ruas com prazer a favor das mudanças. 

O teólogo Leonardo Boff, de modo competente, argumentou que fica com a senhora em favor das mudanças e dos avanços. Em sua entrevista ao blog Viomundo (aqui) diz que a missionária Marina Silva agrega projetos neoliberais, conservadores, concentradores de renda; independência do Banco Central, colocando-o como órgão decisivo das decisões econômicas do Brasil nas mãos do sistema financeiro, altamente corrupto e egoísta, como quem entrega o apito do juiz de uma partida ao treinador do time adversário; o fundamentalismo causador de ódio, de divisões num Estado teocrático preconceituoso, que causa guerras e terrorismo em outros países, alimentadas pelos decadentes Estados Unidos. A missionária Marina Silva é projeto arrasa Pátria. 

Concordo com Frei Betto (aqui) que se refere a 13 razões para reelegê-la Presidenta. Betto e Boff acentuam que a razão essencial de seu governo, desde o Presidente Lula, é o coração, é o cuidado dos pobres, é a dignificação dos trabalhadores e dos quase quarenta milhões que as políticas públicas representaram para elevar as pessoas do extremo estado de miséria no qual o neoliberalismo as jogou. Eles não se esquecem do Mais Médicos, tão combatido pelos endinheirados e de outros projetos sociais envolvendo a moradia, a educação e a ciência, beneficiando diretamente a nossa juventude. O comentário de Wladimir Cauhy  no blog O Cafezinho (aqui) de 60 razões para reelegê-la, enfocando os projetos sociais são igualmente fortes e convincentes.

Ressalto Presidenta Dilma, que é fundamental que os sinais que o ex-presidente Lula e a senhora indicam nessa campanha sejam radicalizados. Lula diz: “a Dilma fará um governo ainda melhor, como eu fiz no meu segundo mandato”. A senhora disse mais de uma vez: “novo governo, nova equipe”. 

O “novo” aí representando avanços nas reformas, deixadas até aqui por falta de correlação de forças, deve acontecer. Nosso povo e nosso País precisam muito mais do que os atuais projetos. Nosso PIB tem que representar mais riquezas distribuídas socialmente. 

O Frei Betto cutuca numa das feridas quando se refere a mazelas do PT. Penso que ele se equivoca. As mazelas são do governo, pois ele é uma coalização que agrega várias forças sociais. O governo que a senhora representa tem que ser o eixo dos avanços e o motor que puxa as mudanças e não ser refém dos partidos. Seu governo deve nuclear a união nacional com todos os seguimentos sociais, econômicos e culturais. O PT precisa aprender a ser mais humilde e a se libertar do “hegemonismo” infantil ao querer que suas correntes que não se unem dentro dele mesmo levem suas brigas de comadre para dentro do governo. 

Coisas que aconteceram até aqui não devem mais se expressar. Essa mídia mentirosa tem que ser colocada no lugar. Quem deve tomar a iniciativa é o seu governo. Não é mais cabível que empresas jornalísticas façam espetáculos com a justiça como aconteceu com o “mentirão”, quando a mídia usou um juiz de baixa formação, um ator medíocre como Joaquim Barbosa para colocar o governo eleito de joelhos. 

Não é aceitável também que a mídia mobilize bonecos infláveis e os ponha na rua contra o Estado e em risco a democracia, como aconteceu no ano passado e de lá molde uma boneca informe e aventureira para elegê-la presidente, numa brincadeira grosseira contra a democracia, contra o povo e o País.

Minha consciência, caríssima Presidenta Dilma, me induz a apoiá-la porque a senhora representa o caminho mais viável e estratégico para a construção de uma sociedade mais justa. Não é por nada que os inimigos brasileiros do Brasil, representados pela mídia, pelo sistema financeiro da "educadora" Neca Setúbal, aliados do mercado vampiro internacional e do nefasto inimigo imperialista, tanto a odeiam e a perseguem. Numa situação como esta  lembro do conselho do nosso Brizola: "sempre que a Globo for para um lado nós devemos ir para o outro". Lula também aconselha: "vai sempre ao povo, aos trabalhadores, principalmente nos momentos difíceis".

É esse o caminho Presidenta Dilma: venha para o povo, busque a classe trabalhadora e os empresários investidores no desenvolvimento, os que apostam na independência nacional, diferentemente dos rentistas, especuladores e pescadores em águas turvas. O Brasil a espera de braços abertos. A América Latina a quer no coração do povo e o mundo plural a acolhe no apoio a projetos contra a fome, contra a exploração e os poderosos, que somente amam governos covardes e puxa saco. 

Abraços Presidenta Dilma Roussef na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano, junto com os avanços.



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