Novo endereço

Este blog mora em outro endereço. Acesse +Cartas e Reflexões Proféticas e divulgue, por gentileza!

Pesquisar este blog

domingo

Mudanças no Paraguai


O ex-bispo Fernando Lugo assumiu a presidência do Paraguai cercado das melhores expectativas, tanto das camadas mais humildes da sociedade quanto do empresariado. Eleito com cerca de 40% dos votos, ele tem hoje um índice de popularidade de 93%, graças não apenas às promessas que fez de combater a miséria e a corrupção e de promover o crescimento econômico, mas também às posições conciliadoras que adotou após as eleições. De fato, as declarações de Lugo, às vésperas da posse, bem como o discurso que pronunciou ao assumir o cargo, pouco lembram o tom carbonário da campanha eleitoral.A carreira política do ex-sacerdote da Teologia da Libertação foi meteórica. Após três anos de militância política, e sem ter-se filiado a partido político, formou uma aliança de partidos, dissidências e movimentos sociais e ganhou as eleições, interrompendo 61 anos de hegemonia do Partido Colorado. Não conseguiu, no entanto, obter maiorias da Câmara e no Senado. E sem o apoio do Legislativo ele, decerto, não conseguirá cumprir o seu programa de moralização e desenvolvimento de um dos países mais corruptos e pobres do mundo.Atribuiu-se à composição desfavorável do Legislativo a atual moderação de Fernando Lugo. Como não tem condições políticas de impor uma agenda reformista ousada e radical, buscou a conciliação. Seu Ministério é a prova disso. Às forças de esquerda, entregou três Pastas, entre elas a Casa Civil e o Ministério do Interior. Ao Partido Liberal, conservador e tão antigo como o Colorado, atribuiu três Ministérios e a direção-geral paraguaia da Itaipu Binacional. E deu ao Partido Colorado o Ministério da Educação. Só ficou fora do gabinete a União Nacional dos Cidadãos Éticos, a dissidência colorada liderada pelo general Lino Oviedo, que anunciou que não fará oposição sistemática ao governo de Lugo.Certamente o novo presidente terá problemas com movimentos sociais que contribuíram para sua eleição. Os camponeses, por exemplo, consideram Lugo o "porta-voz" de suas reivindicações, que incluem a reforma agrária com terras hoje ocupadas pelo agronegócio. Ao contrário do que dizia nos primeiros dias da campanha eleitoral, agora Lugo anuncia um novo tratamento para os "brasiguaios", os agricultores brasileiros que compraram terras no Paraguai. Segundo ele, não haverá perseguições "por motivo de nacionalidade".Além disso, na véspera da posse, fez um vigoroso pronunciamento contra as freqüentes invasões de propriedades rurais. As pessoas que invadem terras, disse Lugo, "têm de entender que queremos inaugurar um tempo novo, um tempo de respeito à Constituição e às leis, por todos e por igual". E arrematou: "Basta de ocupações violentas, basta de mortes. Que os que não têm terra possam obtê-la, mas respeitando a propriedade privada."Fernando Lugo também tratou de dissipar os receios de que fosse atrelar o seu governo ao bolivarianismo de Hugo Chávez e Evo Morales. "Aqui não vamos copiar o modelo de nenhum país." Mas deixou claro que o Paraguai não mais fará a tradicional política pendular entre Buenos Aires e Brasília, e considera que a Venezuela pode ser um contrapeso para os dois maiores países da região.Fernando Lugo também terá de lidar com o fato de que, com uma carga tributária de apenas 11,8% do PIB, o Paraguai não tem recursos suficientes para combater a pobreza e promover o crescimento. Criará impostos, como já anunciou. E também, como afirmou no discurso de posse, tentará renegociar o Tratado de Itaipu. De fato, há dias Lugo fez chegar ao presidente Lula um memorando reivindicando a revisão do Tratado, o reajuste das tarifas da energia vendida ao Brasil e a redução das taxas de juros previstas nos contratos bilaterais.Durante a campanha eleitoral, Fernando Lugo insistia, em tom ameaçador, na revisão pura e simples do Tratado, que entendia ser ilegítimo, por ter sido assinado pelo ditador Stroessner, e injusto, porque da remuneração da energia vendida para o Brasil são descontados os custos financeiros da construção de Itaipu, integralmente bancados pelo Brasil. Agora, admite meras revisões de tarifas. Nestes termos, o governo brasileiro pode negociar com Lugo não só tarifas razoáveis, como o financiamento de uma linha de transmissão Itaipu-Assunção. Afinal, interessa ao Brasil que o Paraguai cresça e se modernize.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seus comentários serão publicados. Eles contribuem com o debate e ajudam a crescer. Evitaremos apenas ofensas à honra e o desrespeito.

As 10 postagens mais acessadas

Postagens antigas

Seguidores deste blog

 
Desenvolvido por MeteoraDesign.Blogspot.com | Contato