Minha querida comadre e sempre Irmã Rafaela Duarte
Obrigado por me indicar o texto que posto abaixo, de nosso insigne
teólogo brasileiro Leonardo Boff. Brasileiro para nosso orgulho. Eu já lera
essa maravilhosa análise de nosso admirável amigo e irmão comum. Apenas
aguardava o momento oportuno para postá-la aqui.
Boff, arraigado competentemente em vasta bibliografia,
analisa a borrasca mental dos vaiadores e despolitizados deselegantes que atiraram
em seus próprio pés ao tentarem ofender a mandatária do Brasil.
A Copa do Mundo acontece bem no meio de uma conjuntura que
enseja manifestações e até revelações das trevas medievais que habitam a alma
desse seguimento atrasado, arcaico e perverso, composta dos vaiadores, que
também ofendem pelas redes sociais, pelo Youtub e nos estádios de futebol.
Esta excitada conjuntura revela vários modelos de
personagens: um é a dos que rejeitam a brutal atitude antissocial e psicótica
do tipo fascista dos vaiadores galinhas; o outra dos que nos bastidores os
estimulam a se comportar dessa forma, como os dois dos candidatos a Presidente,
que Boff também menciona. Eles são do tipo covarde que dá tapas e escondem as
mãos. Cabe-nos desmascará-los; o outro é o dos hipócritas do tipo do que tem a
alma quadrúpede como Joaquim Barbosa, que também fez de conta que condenou os
xingamentos rasteiros e nojentos. Até Silas Malafaia aos esguichos e gritos fez
de conta que condenou a baixaria, afinal isso também pode aumentar seu
prestígio, bastante decadente no meio do povo.
Cabe esclarecer que esse comportamento sempre reaparece em
períodos de campanha eleitoral. São feitos de mentiras, de falta de respeito,
de manipulações, de banditismo e de disposição ao crime. Os atores desse tipo
de ações não tem a menor preocupação com as feridas que causam, com as divisões
entre irmãos brasileiros, com o mau exemplo internacional que dão, maculando o
coração alegre, bom e respeitoso de nosso povo.
Enquanto em campo os jogadores respeitam os adversários e nas
arquibancadas a maioria do nosso povo acolhe a tod@s que no Brasil participam
dessa celebração mundial, um grupinho de mau caráter e lobos ferozes late
espumantes de ódio.
Precisamos aprender com esse evento despolitizado, desrespeitoso,
ignorante, estúpido e antinacional. Estes/estas que assim se comportam são
cabos eleitorais dos piores candidatos que querem o retorno da barbárie para o
Brasil, marcada de privatizações, de desemprego, de falta de investimentos
sociais, com um Estado magro manejado por um mercado gordo, promotor de guerras
e de privilégios dos poderosos.
A hora é de análise. Os que tumultuam com violências nas
manifestações do povo nas ruas democráticas são os mesmos que xingam e tentam humilhar o
Brasil, que tanto odeiam.
Abaixo posto o maravilhoso artigo de nosso irmão brasileiro,
o Teólogo e Filósofo Leonardo Boff.
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano, na luta
pelo amor que une.
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Pertence à cultura popular do
futebol a vaia a certos jogadores, a juízes e eventualmente a alguma
autoridade presente. Insultos e xingamentos com linguagem de baixo calão
que sequer crianças podem ouvir é coisa inaudita no futebol do Brasil.
Foram dirigidos à mais alta autoridade do pais, à Presidenta Dilma
Rousseff, retraída nos fundos da arquibancada oficial.
Esses insultos vergonhosos só podiam vir de um tipo de gente que
ainda têm visibilidade do pais, “gente branquíssima e de classe A, com
falta de educação e sexista’ como comentou a socióloga do Centro
Feminista de Estudos, Ana Thurler.
Quem conhece um pouco a história do Brasil ou quem leu Gilberto
Freyre, José Honório Rodrigues ou Sérgio Buarque de Hollanda sabe logo
identificar tais grupos. São setores de nossa elite, dos mais
conservadores do mundo e retardatários no processo civilizatório
mundial, como costumava enfatizar Darcy Ribeiro, setores que por 500
anos ocuparam o espaço do Estado e dele se beneficiaram a mais não
poder, negando direitos cidadãos para garantir privilégios corporativos.
Estes grupos não conseguiram ainda se livrar da Casa Grande que a tem
entrenhada na cabeça e nunca esqueceram o pelourinho onde eram
flagelados escravos negros. Não apenas a boca é suja; esta é suja porque
sua mente é suja. São velhistas e pensam ainda dentro dos velhos
paradigmas do passado quando viviam no luxo e no consumo conspícuo como
no tempo dos príncipes renascentistas.
Na linguagem dura de nosso maior historiador mulato Capistrano de
Abreu, grande parte da elite sempre “capou e recapou, sangrou e
ressangrou” o povo brasileiro. E continua fazendo. Sem qualquer senso de
limite e por isso, arrogante, pensa que pode dizer os palavrões que
quiser e desrespeitar qualquer autoridade.
O que ocorreu revelou aos demais brasileiros e ao mundo que tipo de
tipo de lideranças temos ainda no Brasil. Envergonharam-nos aqui e lá
fora. Ignorante, sem educação e descarado não é o povo, como costumam
pensar e dizer. Descarado, sem educação e ignorante é o grupo que pensa e
diz isso do povo. São setores em sua grande maioria rentistas que vivem
da especulação financeira e que mantém milhões e milhões de dólares
fora do país, em bancos estrangeiros ou em paraísos fiscais.
Bem disse a Presidenta Dilma: “o povo não reage assim; é civilizado e
extremamente generoso e educado”. Ele pode vaiar e muito. Mas não
insulta com linguagem xula e machista a uma mulher, exatamente aquela
que ocupa a mais alta representação do país. Com serenidade e senso de
soberania pessoal deu a estes incivilizados uma respota de cunho
pessoal:”Suportei agressões físicas quase insuportáveis e nada me tirou
do rumo”. Referia-se às suas torturas sofridas dos agentes do Estado de
terror que se havia instalado no Brasil a partir de 1968. O
pronunciamento que fez posteriormente na TV mostrou que nada a tira do
rumo nem a abala porque vive de outros valores e pretende estar à altura
da grandeza de nosso país.
Esse fato vergonhoso recebeu a repulsa da maioria dos analistas e dos
que sairam a público para se manfiestar. Lamentável, entretanto, foi a
reação dos dois candidatos a substitui-la no cargo de Presidente.
Praticamente usaram as mesmas expressões, na linha dos grupos
embrutecidos:”Ela colhe o que plantou”. Ou o outro deu a entender que
fez por merecer os insultos que recebeu. Só espíritos tacanhos e faltos
de senso de dignidade podiam reagir desta forma. E estes se apresentam
como aqueles que querem definir os destinos do país. E logo com este
espírito! Estamos fartos de lideranças medíocres que quais galinhas
continuam ciscando o chão, incapazes de erguer o voo alto das águias que
merecemos e que tenham a grandeza proporcional ao tamanho de nosso
país.
Um amigo de Munique que sabe bem o portugues, perplexo com os
insultos comentou:”nem no tempo do nazismo se insultavam desta forma as
autoridades”. É que ele talvez não sabe de que pré-história nós viemos e
que tipo de setores elitistas ainda dominam e que de forma prepotente
se mostram e se fazem ouvir. São eles os principais agentes que nos
mantém no subdesenvolvimento social, cultural e ético. Fazem-nos passar
uma vergonha que, realmente, não merecemos.
*Leonardo Boff é professor emérito de Ética.
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