Eis a raiz psicológica que explica os distúrbios do nosso Poderoso Chefão. Assim como Michael Corleone, Cachoeira tentou migrar do crime para atividades legais – ou, pelo menos, menos ilícitas. E, assim como o personagem do filme, ele também fracassou, ainda que tenha diversificado seus negócios para muito além do jogo. Cachoeira era fabricante de remédios, empreiteiro, dono de shopping centers e fazendeiro. Mas, em todas as atividades empresariais em que se envolveu, utilizou métodos de quadrilha, como grampos ilegais, extorsões, chantagens e propinas.
É por isso que o Brasil está prestes a experimentar a mais emocionante de todas as CPIs. Nunca antes na história deste país um contraventor foi tão audacioso. Com complexo de grandeza, Cachoeira se julgou capaz de se infiltrar no Congresso e de colocar de joelhos governos democraticamente eleitos. Quase conseguiu. Há rumores até de que vinha organizando o maior de todos os mensalões: a mesadinha parlamentar para liberar o jogo no Brasil, com o valor de tabela de cada deputado e senador.
Seu esquema parecia perfeito. Envolvia proteção policial, retaguarda política e uma montanha de dinheiro. Mas a ambição desmedida sempre cobra seu preço. Cachoeira produziu crises no governo Lula, com os filmes de Waldomiro Diniz e Maurício Marinho, infiltrou-se no governo goiano e tentou tomar conta também do Distrito Federal. O que mais ele pretendia?
Como consolo, eis agora a oportunidade de revelar os nomes de todos aqueles que estavam no seu bolso. Diante dele, na CPI, quantos inquisidores não terão sido favorecidos por suas doações? Conte tudo, Cachoeira. Dê nome e sobrenome. E, assim como na saga do Poderoso Chefão, cite a frase de Michael Corleone. A de quanto mais alto subiu na escala social, mais podridão descobriu.
Fonte: Brasil 247
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