Montagem do site Brasil 247.
Querida aluna Ingrid Dias Ferreira
Foi maravilhoso trabalhar a disciplina Antropologia Social com
vocês. Somente quem entende de educação e é sensível socialmente, como o Padre
Paulo Milton Justus, proprietário da FAP, é capaz de incentivar que seus cursos
não se mediocrizem e empaquem no falido discurso de preparação de força de trabalho
para o mercado corrupto e escravocrata, nenhum bocadinho interessado nas
pessoas.
És uma das alunas inteligentes e críticas, para minha
alegria. Gosto muito de conversar com pessoas capazes de questionar, de duvidar
e de debater com respeito, mas determinadamente, buscando desvelar a complexa
realidade imposta pelo capitalismo tacanho e desumano.
Pois bem, minha amiga, a mídia na internet hoje deita e rola
sobre a “barriga” dos “jornais” online Folha de São Paulo e O Globo, que publicaram
uma “entrevista” dada por um sósia, aliás, muito diferente do original, de
Filipão, treinador da Seleção Brasileira.
Barriga é a denominação que os jornais dão para uma notícia
falsa considerada furo de reportagem – um fato bombástico – que determinada mídia dá
e que impressiona. Essa foi típica. O colunista Mario Sergio Conti entrevistou Vladimir
Palomo, que pensou tratar-se de Felipe Scolari, pior, recebeu um cartão de visita daquele com
seu nome verdadeiro, onde se lia quem de fato era e mesmo
assim a matéria foi postada nos sites dos jornais, que depois se retrataram
alegando erro. Isto é, o jornalista não se deu ao trabalho de checar nada e,
eufórico, publicou uma mentira sensacionalista com sabores de verdade. Nesse
caso, por ser algo ridículo, os jornais retrataram-se.
Na verdade, o que precisamos analisar é que esse
comportamento mentiroso e manipulador é postura permanente dessa mídia
dominante, que pratica inteiramente o princípio da piada popular: “feio não é
roubar, mas ser flagrado roubando”. De fato a mídia colonizada chega as fontes e os dados não para informar a verdade, mas para distorcer, caluniar, injuriar e destruir.
Nesta falsa entrevista houve desmentido. Mas quantas barrigas
essa mídia pratica, cujas matérias mentirosas e caluniosas intencionalmente, destruidoras de
vidas com a intenção de derrubar ministros, enfraquecer governos de quem não
gosta e de enganar a opinião pública, esta sempre cega e a quem a verdade é
negada, que os órgãos de comunicação não desmentem e das quais jamais fazem
autocrítica honesta?
A mídia das barrigas ideológicas e políticas causa enormes estragos
na formação cidadã de nosso povo. Com tristeza percebo até professores mencionando
que leem o lixo Veja, pior, acreditam em suas mentiras, fotocopiam matérias e
as repassam a seus alunos. Há pouco ouvi um professor citando um desses
maníacos de direita que fala em TVs como referência para analisar o governo e a
conjuntura nacional. Lamentável tal postura. Construtores do conhecimento ou
formadores de opinião apoiando-se nessa lixeira para, a partir de seu mau odor,
sentir e criar mau cheiro em toda a parte.
Recordo da vez em que essa mídia bateu em Ibsen Pinheiro, um
deputado do Rio Grande do Sul, que presidia a Câmara durante o governo Collor e
que contribuiu com seu impeachment, tão brutalmente caluniado ao ponto de ser
cassado e perder seu mandato. A partir dali enfrentou o inferno sob pesada investigação
que devassou sua intimidade, acabando por nada provar contra ele e sua
inocência comprovada. Essa mídia tencionava destruir sua reputação porque
fatalmente Ibsen seria candidato a Presidente com chances de vitória, contra a
vontade dos barões das comunicações. Absolvido, Pinheiro não ganhou nenhuma
nota de pedido de desculpas e de reparação da barriga política de seus detratores
mediáticos.
O médico Alceni Guerra do Paraná, ex Ministro da Saúde de
Collor, apesar de ingênuo a serviço da direita, foi destruído pelas mesmas
barrigas dessa mídia, cujos processos nada provaram contra ele. Perdeu o
cargo acusado de superfaturar produtos comprados por sua pasta. A ele a revista
mentirosa Veja dedicou uma notinha num pé de página anunciando sua inocência,
depois de sua reputação, inclusive como médico, destruída em sua cidade de Pato
Branco e em todo o País.
E assim é, a jornada de barrigas e mentiras continua aí,
sem que o governo Dilma, o Congresso Nacional e a justiça, esta presidida por
desqualificados como Joaquim Barbosa, nada façam para mudar essa situação.
É evidente que passa da hora de uma nova lei dos meios de
comunicação. É necessário que a sociedade tome a mídia em suas mãos e a arranque
do domínio dos barões que roubam através da sonegação de impostos, que interferem
em campanhas eleitorais, como se partidos políticos fossem, com o objetivo de derrubar
governos populares e impor ao País sujeiras como a ditadura
civil-mediático-militar-imperialista e o neoliberalismo privilegiador de corruptos
e ladrões do patrimônio público, concentradores de rendas e de riquezas.
Um candidato a Presidente, há pouco indicado pela direita,
discursou que se eleito não fará reforma constitucional prevendo a mudança das
leis das comunicações, alegando que a democracia pressupõe liberdade de
imprensa. Mentiroso! O homem do copo sabe que esta mídia que aí domina e
manipula não contribui com a democracia, mas sim com sua negação e massacre. Não
pode falar-se em democracia quando TVs, rádios, revistas e jornalões impõem os
interesses imorais de uma minoria que apoia golpes, que interfere na justiça
para julgar e condenar sem provas os que odeiam, que faz lobys no Congresso
Nacional para aprovar projetos que engordam as burras da classe dominante, a
mais atrasada e perversa do mundo, como definia Darci Ribeiro.
Essa mídia que aí está não faz notícias, mas faz barrigas o
tempo inteiro.
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seus comentários serão publicados. Eles contribuem com o debate e ajudam a crescer. Evitaremos apenas ofensas à honra e o desrespeito.