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terça-feira

Antes Amarildo, agora Claudia: racismo e banditismo institucionalizados



 


Querido Thiago


Hoje conversamos longa e emocionadamente sobre o espírito que move policiais e a política da [in] segurança no Brasil. Ambos sentimos muita raiva disso tudo.


Li e vi o máximo que pude sobre os noticiários do assassinato de nossa irmã brasileira, a trabalhadora Claudia da Silva Ferreira. 


Afirmo sem rodeios que todos são frouxos, mentirosos e panos frios sobre as chamas ardentes do ódio e dos preconceitos que vertebram as polícias no Brasil, de alto a baixo. Somente a elite racista e preconceituosa se acalma com as explicações que as “autoridades” dão sobre esse crime hediondo contra a vida de uma mulher negra, trabalhadora e heroína tombada vitima de balas de criminosos que portam armas poderosas do Estado, sustentadas pelos impostos de nosso povo trabalhador. 


Amarildo sintetizou uma revolta mundial contra as torturas impetradas por policiais bandidos, torturas essas herdadas da igualmente criminosa ditadura militar. A pressão foi forte ao ponto de repente tudo se esclarecer e a verdade vir à tona contra todas as mentiras da polícia e da mídia que as protege, como vimos. 


Amarildo e Claudia não fogem da prática terrorista da polícia em todo o País. Veja-se a matança de jovens negros e pobres em São Paulo. Leia-se as estatísticas para constatarmos que esse modelo político que hierarquiza a disciplina militar da polícia é herança do nazismo da ditadura militar.


Essa orientação nazifascista guia os pensamentos dos policiais previamente contra os negros, os pobres e favelados. As mentiras que contam sobre os baleados, feridos e mortos são arranjos para encobrir os crimes diante de um povo revoltado com tudo isso.


Como a polícia chega atirando num bairro pobre, numa favela habitada por trabalhadores, negros e pobres? Onde já se leu que a polícia aja assim com bandidos e criminosos corruptos donos de bancos que roubam e assaltam nossa economia? Onde se lê que a polícia chega atirando em uma mídia que mente, que excluí o povo, que defende a ditadura, que prega golpes porque odeia os pobres, alguns órgãos chegam até a convocar o povo para participar da marcha golpista e fascista em São Paulo? Onde se encontra a polícia quando proprietários rurais matam trabalhadores e indígenas indefesas ao invadir e surrupiar suas terras? Alguém já viu a polícia atirar na trinca do Banco Central que sobe os juros para afagar o mercado financeiro ganancioso e ladrão de nossa economia? Etc.


O certo é que se vê policiais matando mulheres, negros, pobres, jovens e rolezinhos das periferias. 


Sejamos verdadeiros e não hipócritas. A nota do comando da polícia do Rio de Janeiro a respeito da maneira com que um tenente, um subtenente e um sargento banalizaram a vida da irmã Claudia da Silva Ferreira ao baleá-la e depois transportá-la no porta malas de um carroça velha usada por policiais é demonstração substantiva de racismo, machismo e falta de respeito para com os trabalhadores, com as mulheres e com os pobres. É uma nota hipócrita e sem vergonha. Ninguém me convence que um tenente, um subtenente e um sargento juntos, formando uma comunidade militar, erraram ao acaso. Nada disso. O que fizeram desnuda atitude institucional não assumida. A barbaridade que fizeram é norma prática da polícia em todo o País. Nossa policia odeia negros, mulheres, indígenas e pobres. 


Vai na mesma linha de vergonhoso cinismo o que disse o governador do Rio, o periclitante Sérgio Cabral. O que disse sobre punição dos responsáveis não passa de encenação mediática, sem sinceridade. 


Lembras das enrolações com referência ao caso Amarildo? A polícia violenta e mentirosa enrolou até o quanto pode, até que a verdade apareceu sobre os torturadores covardes que o mataram. Quem matou Amarildo foram policiais. Foi o Estado omisso e irresponsável com o povo. 


Esse discurso do comando da policia do Rio afirmando que tais atitudes criminosas não são orientação oficial e a manifestação de Sergio Cabral se parecem muito com as mentiras de Ernesto Geisel, que negou o tempo todo que houvesse prisões, torturas e mortes de militantes nas prisões, quartéis e porões da ditadura fascista militar. Negaram até que os casos Manoel Fiel Filho e Vlademir Herzog foram tão escancaradamente claros que o DOI-CODI não conseguiu mais esconder que era antro de torturas e assassinatos de patriotas sérios e comprometidos com a democracia e com o País. 


Vivemos uma onda de mentiras, de cinismos e crimes institucionais contra mulheres, negros, indígenas e pobres. Vivemos um fascismo encalacrado na hierarquia da polícia. 


Infelizmente os avanços que o povo brasileiro propugna ainda não chegaram plenamente. As reformas profundas ainda não sinalizam mudanças e acessos a feridas sérias em nossas instituições. Os problemas contra os humildes são extremamente sérios que ultrapassam as necessidades de empregos, de moradias e de consumo. A segurança do povo brasileiro está em más mãos, em mãos racistas e terroristas. 


Com que direito um tenente, um subtenente e um sargento atiram e matam uma trabalhadora, esposa, mãe, líder comunitária, só porque é pobre e negra? Como podem arrastar essa irmã brasileira por 250 metros? Quem acredita que não ouviram os ruídos de uma pessoa arrastada pelo caro que dirigiam?


Entendo que os que mataram Amarildo, Claudia da Silva e tantos negros, mulheres e pobres não se limitam a ser punidos pontualmente. É preciso reforma profunda na segurança. É preciso desmilitarizar a policia. É necessário que se limpe todas as corporações da ideologia dominante e fascista, racista, preconceituosa e discriminatória.


Viva a grande e maravilhosa mulher Claudia da Silva Ferreira. Abaixo o fascismo que comanda o crime nas polícias brasileiras. 


Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.

Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano, em todas as situações.


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