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quinta-feira

As informações sobre o atentado em Boston é muito mais invenção teatral do que realidade






Preparava-me para escrever sobre os eventos ditos terroristas de Boston quando me deparei com o excelente artigo abaixo do Teólogo Leonardo Boff. Nosso autor, com sua contumaz capacidade, consegue tomar o noticiário sobre os ditos atentados para analisar o contexto mundial de atentados praticados pelo império, inclusive contra o planeta terra e contra a vida humana.  

A senhora Zubeidat, mãe dos acusados de jogar  bombas em Boston,  diz que seus filhos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev foram perseguidos. Contou que Tamerlan, o mais velho e assassinado pela polícia estadunidense, era o mais gentil e amoroso, sem nunca mostrar sinais de ser terrorista. Disse que eles, os policiais o mataram sem defesa, de modo muito cruel. Declarou que obrigarão Dzhokhar a confessar a culpa pelas bombas, por isso lhe tiraram a voz  mentindo que ele tentou se suicidar. E depois o matarão. 

 


O que se vê nos Estados Unidos são sintomas de uma civilização que violenta e desrespeita o mundo todo impondo suas vontades, sempre de modo imperial, arbitrário, espezinhando os povos no saque dos bens naturais. Barak Obama chegou a ser certa esperança para negros, chicanos, latino americanos e recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Porém mais nada fez do que continuar a política belicista, guerreira e terrorista praticada pelo louco e irresponsável Georg Buch, que o antecedeu no comando da potência imperialista. 


Portanto, o que esperar para o povo estadunidense? Vários fatos parecem demonstrar que ele paga com a perda da vida e da liberdade pelos pecados da opressão impostos violentamente por seus governantes, por sua vez dominados pelas corporações e fabricantes de armamentos, muito interessados na guerra de grandes proporções contra os outros povos. A vida parece sinalizar que quem maltrata o próximo um dia também sofrerá as consequências. 


O gigante do norte sinaliza sofrer do mal que impõe aos outros. Não se distancia dessa possibilidade o caso da criança de 5 anos que matou um irmãozinho de 2 anos com uma espingarda, com uma arma de fogo. Quem com fere será ferido.


Sugiro que leiam atentamente o artigo do querido Teólogo Leonardo Boff aqui abaixo. Vale a pena.

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Teatralização do atentado de Boston: fazer esquecer o eventual fim da espécie
Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor



Precisaria ser inumano e sem sentido de solidariedade e de compaixão não se indignar e não condenar o atentado perpetrado em Boston com dois mortos e centenas de feridos. Mas isso não nos dispensa de sermos críticos. Houve uma teatralização mundial do atentado com objetivos ocultos que devem ser desvendados. Atentados ocorrem muitos no mundo, especialmente no Afeganistão e no Iraque na presença das tropas norte-americanas e dos aliados. Sempre com muitos mortos e centenas de feridos. Quase ninguém dá importância ao fato, já naturalizado e banalizado. Muitos pensam: trata-se de gente terrorista ou próxima a eles, incômodos à ocupação ocidental. Que se matem. Convenhamos: são seres humanos como aqueles de Boston. Mas, as medidas de avaliação são diferentes. Sabemos o porquê.


Precisamos estar atentos ao significado político-ideológico da espetacularização do atentado de Boston. É uma forma de desviar a atenção mundial de questões muito mais fundamentais: a primeira é o estado de terror que o Estado norte-americano está impondo internamente a seus cidadãos e ao mundo inteiro. Com isso atraiçoa o que de melhor tinha: a defesa dos direitos fundamentais. Não fechou Guantánamo, nem ratificou instrumentos internacionais importantes como o Tratado de Roma, da Corte Penal Internacional, nem a Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José de Costa Rica). Não quer que as violações e atentados que seus agentes perpetram pelo mundo afora para garantir o império sejam levados àqueles tribunais.


Mas, pela ininterrupta ocupação das mídias mundiais (a nossa Globo estava em peso por lá), a propósito do atentado, os "senhores do mundo” querem desviar a atenção da segunda questão, esta sim, de consequências funestas e que pode afetar a todos: a ameaça do fim da espécie humana. Primeiro, estes "senhores” devastaram durante séculos o planeta a ponto de ele não poder, sozinho, recuperar sua sustentabilidade. Pelos eventos extremos, dá mostras de que os limites foram ultrapassados. Em seguida, no afã de acumular ilimitadamente e dominar o processo de planetização da humanidade, montaram uma máquina de morte que ameaça a vida na Terra e pode trazer o armagedon para a espécie humana.


Notáveis cientistas do mundo e os mais sérios teóricos da ecologia chamaram atenção para esta ameaça real. Apenas não sabemos exatamente quando e como vai ocorrer. Mas, mantido o curso atual das coisas, ela será fatal. Michel Serres, renomado filósofo francês da ecologia, já o disse: depois de Hiroshima, Nagasaki e agora de Fukushima, a humanidade descobriu um novo tipo de morte: a morte da espécie. Sim, como Gorbachev não se cansa de repetir: podemos destruir toda a espécie humana, sem restar nenhum testemunho, com as armas químicas, biológicas e nucleares que já construímos e estocamos. Segurança? Nunca é absoluta. Lembremos Three Islands, Chernobyl e Fukushima.


Então: a nossa espécie realmente se mostrou o Satã da Terra: aprendeu a ser homicida (mata seus semelhantes), etnocida (quantos povos originários não foram liquidados?), ecocida (devastou ecossistemas inteiros) e agora pode ser especiecida (leva a própria espécie ao suicídio).


O sistema imperial vive buscando bodes expiatórios (antes, eram os comunistas; depois, os subversivos; agora, os terroristas, os imigrantes; quem mais?) sobre os quais recai o desejo mimético e coletivo de vingança. E assim, se autoexime de culpas e de erros. Mas, principalmente, faz de tudo para que esta ameaça letal sobre a espécie humana não seja lembrada e se transforme numa consciência mundial perigosa.


Ninguém aceita passivamente um veredito de morte. Vai lutar para garantir a vida e o futuro comum. Este deveria ser o objetivo de uma governança global que exige a renúncia de uma vontade imperial que pensa só em sua perpetuação em vez de pensar no Bem Comum da Mãe Terra e da Humanidade. Por mais que se manipule o atentado de Boston, por quanto tempo, os poderosos ocultarão a situação dramática que pesa sobre nós? Oxalá, acordemos todos, simplesmente porque não queremos morrer, mas viver e irradiar.


[Leonardo Boff escreveu Proteger a Terra-cuidar da vida: como escapar do fim do mundo, Record 2011].

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