Publicado
em 20/10/2012 por Conversa Afiada
O teto da “Ética”
tucana ė baixo
tucana ė baixo
O eleitor sabe do que precisa. O moralista que
duvidar que atire nele a primeira pedra.
Da excelente “Rosa
dos Ventos” de Mauricio Dias na Carta Capital:
A manipulação da “ética” – As
pesquisas e as eleições mostram que a sociedade sabe dos principais problemas
do Brasil e não segue o uso político da moralidade.
Lula ganhou a eleição
presidencial em 2002. Tinha uma aprovação pessoal grande e a avaliação do
governo dele em nível elevado. A oposição não sabia como se opor àquele governo
que não naufragou de imediato como ela esperava e torcia. Frustrou-se.
O governo fez o dever de casa.
Foi comedido, comportado, conservador. Sacrificou o crescimento econômico pelo
superávit primário. Embora tivesse base de apoio no Congresso, capaz de
permitir ousadias, conteve-se. O programa Bolsa Família criado em 2003, é uma
exceção que confirma a regra.
Em 2005, no entanto, explodiu a
denúncia do “mensalão” e despertou na oposição o velho sentimento moralista da
extinta UDN. Era a bandeira que faltava para guiar as insatisfações e retomar o
poder para os tucanos. Delenda Lula.
Entrou em ação a “banda de
música” udenista e com ela o uso político, ou manipulação, do tema corrupção
ampliado pelas trombetas da mídia. A ética foi escancaradamente banalizada e
alcançou até mesmo a tradicional distribuição de cargos da máquina pública.
Antes aceita, passou a ser condenada. Chegou-se à criminalização da política.
Alguns índices de abstenção, o primeiro turno das eleições municipais de 2010,
ainda em curso, refletem isso.
Apesar disso a propaganda do
combate à corrupção não deu certo. Em 2006, Lula foi reeleito e, em 2010,
elegeu Dilma. Um ás que tirou da manga.
O que falhou no golpe da
oposição? Basicamente, faltou combinar com o eleitor. Chegou-se a achar que o
povão, o eleitor pobre, não tinha ética. O povo, porém, como apregoa conhecido
refrão, não é bobo. Tinha, na verdade, a informação essencial transmitida pelos
benefícios de uma administração que resgatava milhões de marginalizados para
incluí-los no processo econômico. A coisa não para aí. Tem mais.
Recentemente, Márcia Cavalari,
diretora executiva do Ibope, concluiu um levantamento sobre mudança na agenda
dos “principais problemas brasileiros”, segundo o eleitor (Tabela). Os dados
são tirados, essencialmente, das pesquisas daquele instituto. Em 11 anos, de
1989 a 2010, houve alterações significativas nessa agenda.
Observados os percentuais do
levantamento e, claro, principalmente os resultados das urnas nesse período,
fica bem visível que o eleitor, embora condene, não vê a corrupção como
principal adversário. No período pesquisado, o combate a esse crime baixou do
5º para o 6º lugar no elenco dos problemas a partir de queda de cinco pontos
percentuais na escala das indicações.
Curiosidade à margem do tema:
caiu radicalmente a preocupação com a inflação, diminui significativamente a
preocupação com a habitação e desapareceu a referência à dívida externa.
Contrariamente, porém, surgiram as drogas com percentual elevado na lista de
apreensões dos brasileiros.
Essa preocupação secundária com o
combate à corrupção mostra que os eleitores entregam o voto para candidatos
preocupados com a inflação – FHC valeu-se disso, em 2002, para ganhar a eleição
montado no Plano Real – com a Saúde, com a Educação, a Segurança Pública e o Desemprego.
Por fim, porém não menos importante, a Distribuição de Renda, que elegeu e
reelegeu Lula e, em seguida, elegeu Dilma.
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