EUA: Igreja deve se focar em justiça social, dizem católicos
Enviado por luisnassif, ter, 23/10/2012 Por Marco Antonio L.Da Reuters
Pobreza preocupa mais que aborto, dizem católicos dos EUA
Por Mary Wisniewski
CHICAGO, 22 Out (Reuters) – A maioria dos católicos dos Estados
Unidos acha que a Igreja deveria se preocupar mais com a justiça social e
a ajuda aos pobres, mesmo que isso signifique menos foco em questões
como o aborto, segundo uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo
Instituto de Pesquisas da Religião Pública.
As conclusões da Pesquisa Valores Americanos 2012 relativa aos
católicos contraria o foco de muitos bispos norte-americanos, que em
suas declarações públicas costumam salientar a proibição da Igreja ao
aborto e à contracepção artificial.
A pesquisa mostrou que 60 por cento dos católicos desejam uma maior
atenção a questões de justiça social em vez do aborto, ao passo que 31
por cento têm opinião oposta.
A divisão valia inclusive entre católicos que vão à igreja uma vez
por semana ou mais, grupo que é considerado mais conservador em questões
sociais. Uma ligeira maioria nesse grupo, 51 por cento, considera que a
Igreja precisa priorizar as questões de justiça social.
“A pesquisa confirma que não existe o tal ‘voto católico’”, disse
Robert P. Jones, executivo-chefe do instituto e coautor do relatório.
Mais de 3.000 pessoas foram entrevistadas na pesquisa.
“Há várias divisões críticas entre os católicos, inclusive uma
divisão importante entre os católicos da ‘justiça social’ e os do
‘direito à vida’”, afirmou Jones.
A Igreja Católica se opõe ao casamento homossexual, ao aborto e à
contracepção. Os bispos dos Estados Unidos se opõem especificamente a
uma regra federal de 2010 que obriga hospitais, universidades e outras
instituições a oferecerem planos de saúde que cubram o controle
artificial de natalidade, contrariando os ensinamentos católicos.
A pesquisa também mostrou que, entre os católicos mais praticantes,
57 por cento apoiam a pena de prisão perpétua sem direito a sursis, em
vez da pena de morte. Isso valia também entre os católicos
conservadores, por uma margem de 51 x 44 por cento.
“A Igreja claramente tem tido um real impacto nas atitudes dos
católicos com relação à pena de morte, especialmente entre os católicos
conservadores”, disse E.J. Dionne, pesquisador do Instituto Brookings e
coautor do relatório, em entrevista coletiva nesta segunda-feira.
Ele observou que os católicos que são mais conservadores na questão
do aborto tendem a ser mais “liberais” quanto à pena de morte (ou seja,
se opõem a ela).
Ainda segundo a pesquisa, o grupo que mais cresce na paisagem
religiosa dos Estados Unidos é o das pessoas sem religião, um quinto da
população, mais do que o dobro do que em 1990.
Pessoas sem religião, católicos hispânicos, não-cristãos e
protestantes negros são os grupos que mais apoiam a candidatura do
presidente Barack Obama à reeleição.
Entre os eleitores do republicano Mitt Romney, quase 80 por cento se
declararam brancos e cristãos (incluindo evangélicos, protestantes
tradicionais e católicos).
A pesquisa foi feita entre 13 e 20 de setembro, antes dos debates
presidenciais, e envolveu 3.003 entrevistados, com margem de erro de 2
pontos percentuais.
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