Vaias e insultos à
presidente Dilma Rousseff (PT) durante o jogo de abertura da Copa do Mundo
nesta quinta (12) foram iniciadas na ala Vip e se espalharam por outras áreas
das arquibancadas; vaias ocorreram antes e após o Hino Nacional; xingamentos
foram ouvidos quando a Presidenta foi mostrada no telão na comemoração do segundo
gol da Seleção Brasileira.
Acesse aqui Meu Blog de Política do meu amigo Rudá e leia este meu artigo.
Querida amiga Profª
Lygia Vianna
Escrevi esse texto originalmente para o blog do meu jovem amigo e
entusiasta cidadão, o Rudá, cuja amizade muito me honra. O seu blog foi
acessado pelo da Presidenta Dilma, que reproduziu meu artigo. Que bom, isso me
faz bastante feliz na crítica à barbárie e ao terror grosseiro que se tenta
novamente estabelecer no Brasil, com o objetivo de dividir nossa família
brasileira.
Agradeço seu apoio, minha querida colega Lygia, sempre pronta
a compartilhar meu blog com seus contatos nas redes sociais.
Talvez a amiga sentiu várias o que vivencio no meu trabalho
educacional e nas ações pastorais ao me deparar seguidamente com pessoas
dizendo que não gostam de política.
Certa vez, durante os anos de chumbo da ditadura
cívico-mediática-imperialista-militar, no dia 04 de setembro de 1978, eu fazia
um sermão em Cruz Alta-RS e denunciava que a Pátria fora esmagada em sua
cidadania e falta de liberdade quando percebi que grande parte do coral saia
com medo de represálias da ditadura. Depois soube que maridos de coristas
esperavam em seus carros com motores ligados e portas abertas para, no caso dos
militares invadirem o templo, correrem em fuga me abandonando em suas garras
sanguinárias. Logo a seguir iniciaram movimento com abaixo-assinado e fofocas
para minha transferência de paróquia, além de me dedurarem para os milicos que
nunca mais me deixaram em paz, levando-me a malabarismos pelos interiores
daquele vasto território municipal para evitar emboscadas e até ser
assassinado.
Outra vez em Caxias do Sul, numa paróquia dominada por
farsantes que passavam por cima de minha autoridade pastoral, em convênio com
um bispo fraco e covarde, numa oportunidade eu lia, nas vésperas das eleições,
orientações pastorais provindas da diocese, sediada em Porto Alegre, sobre a
postura cristã e cidadã a ser adotada no pleito que se aproximava, quando um
senhor, de posse de sua influência nos meios de comunicação, levantou-se aos
gritos para tentar barrar a leitura de decisões oficiais, alegando que em
igreja não se trata de política. Posteriormente este senhor juntou-se a um
grupo clandestino para me boicotar e torpedear as ações pastorais coordenadas
por mim até quase me levar à loucura, agindo de forma extremamente desumana,
nada condizendo com o cristianismo que diziam ser sua religião.
No campo da educação onde exerço papel apaixonado como
professor desde minha juventude, a partir do seminário, também enfrento
perseguições dos que entendem, não sei com base em que epistemologia, que
educação e política não se casam. Minha primeira prisão, aliás, muito violenta,
acompanhada de torturas e de empurrões sobre pessoas assassinadas nos porões da
ditadura, deu-se numa sala de aula onde eu ensinava religião apontando os
caminhos históricos e geográficos trilhados por Jesus na Palestina, desde
sempre pisada pelos opressores. Tempos depois soube que a prisão se dera porque
a diretora conservadora, muito religiosa, me dedara para a repressão. Por pouco
não fui assassinado e, talvez, meu cadáver enterrado como desconhecido numa
vala qualquer e eu dado como desaparecido.
Aqui em Goiânia um coordenador neoliberal me difamou e me
prejudicou para dar meu espaço para gente da ala neoliberal de Marconi Perillo,
acusado de aliança com o famoso bicheiro Carlos Cachoeira e de mandar
assassinar um soldado da polícia militar, como a mídia noticia agora. O seu
diretor falou mal de mim apesar de dizer que sou ótimo professor, alegando em
sua sala, sempre pedindo a quem e para quem fofoqueia que o que ele diz dali
não deve sair, que sou muito radical – que classificação filosoficamente
estranha essa. Muito radical? – Não importa definições corretas das coisas para
esse tipo de gente, o que importa é difamar. Outra diretora de instituição
diferente reuniu os professores com a clara intenção de me passar indiretamente
um pito ao afirmar que há professores que tratam de partidos políticos em sala
de aula, numa confusão de má-fé ou por ignorância entre conceito de política e
de partido político, discursando com a costumeira ameaça fascista de demissão.
Noutra instituição, um diretor completamente despreparado, amante de revista
Veja, dos Estados Unidos e do seu terrorista presidente Obama, a quem acha o
máximo como orador, cortou relações comigo já no início de meu trabalho naquela
instituição, cujo proprietário eu respeito e estimo por sua inteligência e
coerência ecumênica.
O que desejo exemplificar com esses casos? Não os elenco para
me queixar nem para sinalizar que me sinta perseguido. Meu interesse é analisar
a hipocrisia subjacente no discurso de má-fé ou ignorante dos que dizem que
religião, educação, futebol e política não se misturam e que é falsa a tese dos
que dizem que não gostam de política quando fazem essas coisas. Gostam sim, e
da pior maneira possível. Gostam da política de direita, marcada de
discriminações, perseguições e golpes traiçoeiros.
Todos os exemplos que listei acima são movidos por interesses
políticos de direita, conservadores da classe dominante, que temem mudanças e
indícios de socialismo, por mais distante que este ainda se coloque em nossa
agenda evolutiva e social brasileiras.
Nos exemplos que aqui dou salta aos olhos que seus promotores
agem com interesses políticos, muitas vezes até com ligações partidárias
neoliberais e fascistas disfarçadas. Noutros casos até agem sem ligações
deliberadas partidárias com a direita, mas, por sua ignorância, a favorecem. Ressalte-se
que todas aquelas atitudes são fingidas, fofoqueiras, não debatidas, não
conversadas, antiéticas, por isso, autoritárias e perigosas por seu alto grau
de desumanidade.
As vaias dadas à Presidenta Dilma ontem na linda abertura da
Copa do Mundo, dadas pelos branquinhos, cheirosos e bem alimentados, são do
mesmo teor dos exemplos que enfileirei acima.
Assim como me lembro com tristeza dos que fizeram e fazem
denuncismo contra mim e a muitos, sem nunca consultar meu coração, senti muita
vergonha do que os engomadinhos de São Paulo e da elite racista, de ideias
embranquecidas e de atitudes rasteiras fizeram contra o Brasil, mostrando ao
mundo a negação do que nosso povo é.
Não gosto de Fernando Henrique Cardoso por avaliar que ele
traiu o Brasil ao vender tudo o que pode de nossas estatais, por se render
covardemente, prostituindo o cargo de Presidente do Brasil, o “florão da
América”, mas nunca gritei nada contra ele nem nunca o ofendi quando estive em
suas proximidades.
Não gosto de Aécio Neves por analisar que sua proposta de
governo para o Brasil é do interesse histórico e antinacional da elite
colonizadora brasileira, mas se desgraçadamente se eleger para encharcar o
Brasil de seus desvalores é certo que nunca faltarei com o respeito a seu
cargo, embora ele não me represente.
Nunca faria o que aconteceu ontem no jogo do Brasil com a
Croácia. Nunca mesmo, porque há que sermos honestos, justos e respeitadores.
Política séria não se trata com desrespeito, com palavrões e com traições. O
que aconteceu ontem é feio, vergonhoso, mas não é sério. Não o é porque a
direita não é séria, não tem respeito e é vulgar, desde sua origem, por mais
que seus protagonistas batam no peito alegando que suas pessoas são finas e de
estirpe.
Essa é hora do confronto sim, mas de forma politizada,
madura, respeitosa e, sobretudo, construtiva. É o Brasil que está em jogo e não
projetos diminutos e atitudes pequenas.
Encerro com uma dúvida sobre a sexualidade dos histéricos
vaiadores da Presidenta, baseado no que mandaram a esguichados gritos nossa
mandatária fazer: como será a sexualidade deles?
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano, também
contra as máscaras políticas.
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