Querido Prof. Jorge
Aprecio sua formação intelectual e seu entusiasmo em
compartilhar comigo a compra de novos livros, fato afirmativo de sua sede de
conhecimento e de sua diferença num mundo medíocre onde professores rasos, que
não leem, não estudam e não escrevem se arvoram a dizer que são educadores.
Pois bem, o amigo, eu e outros colegas “participamos” de mais
uma destas ditas reuniões pedagógicas, que de pedagógicas não têm nada e muito
menos de reuniões. São verdadeiras encheções de linguiças, apenas feitas para “armar”
defesas para recepcionar visitas de comissões inspetoras do MEC. São atividades
sem credibilidade, tanto que o número de professores é baixíssimo e a direção
manda o mais incapaz de seus coordenadores para falar aos professores. Aliás,
num grande desrespeito aos professores.
O que me chamou a atenção no discurso perdido, sem
profundidade, do admirador de Marconi, esse que ainda está no Palácio do
Governo do Estado de Goiás, é sua cega defesa do mercado e suas regras impostas
à formação de mão de obra por parte das faculdades. Simplesmente lamentável.
O mercado é, historicamente, uma praga a ser varrida do
mundo. Com a aproximação de 1º de maio, dia dos trabalhadores, é preciso
recordar que esta data é consagrada como marco de enfrentamento dos crimes do
maldito mercado. Em 1891 a Segunda Internacional Socialista decidiu que 1º de
maio seria data demonstrativa de união dos trabalhadores de todo o mundo contra
as brutais injustiças praticadas pelo capitalismo na aplicação de mais de 15
horas diárias de trabalho, levando os produtores de riquezas ao cansaço e à
morte, sem energia e sem o direitos na participação aos frutos do trabalho por
eles desenvolvidos.
O mercado nasceu diabólico, cresceu diabólico e permanece
diabólico. Nele, apesar da ignorância e soberba do coordenador que mencionei
acima, tudo é destruição do que há de mínimo de dignidade nas pessoas. Tudo o
que interessa ao mercado é o lucro ganancioso e satânico para seus donos
egoístas. Ele não tem nada de humano e de respeito às pessoas e ao ambiente
ecológico. É destrutivo de tudo, como verdadeira praga. Quem nas instituições
ditas educacionais o defende é criminoso e merece enfrentar a justiça dos
homens.
Ontem fui a um almoço promovido por uma das comunidades
negras mais lindas que conheço. Tive o prazer e a tristeza de me sentar ao lado
de um trabalhador que me contou uma história de arrepiar.
Meu amigo relatou que, em desvio de função imposto pela
empresa onde trabalha para enriquecer seus donos, teve que dirigir um carro até
a fronteira do Brasil com o Paraguai. Como dirigia há mais de 48h, sem a menor
consideração por parte da empresa, passou a direção do carro para uma
funcionária que alegou saber dirigir até caminhões. Não conseguira tempo para
amarrar-se ao sinto de segurança quando esta praticou uma barberagem em alta
velocidade, partindo o carro em vários pedaços, em choque num barranco, levando
meu amigo à destruição física com fraturas expostas nos dois braços, nas
pernas, e no rosto. Resultado: a empresa, que integra e mantêm o diabólico
mercado, não se responsabilizou pelos cuidados médicos, caríssimos porque
implicou atender fraturas profundas e implantes de pinos de ferro em vários ossos
e ainda lhe reduziu todos os benefícios a que tem direito. Ainda o ameaça de
demissão após um ano do violento acidente provocado por ela mesma. Rindo, me
contou que a direção da mais legítima representante do satânico mercado
preocupou-se em rapidamente enviar um funcionário, numa longa viagem, para
recolher o celular de propriedade da empresa, muito mais importante do que a
vida e o bem estar de seu trabalhador.
Isso é o mercado para o qual as faculdades mercadológicas
enviam as pessoas que deformam em sala de aula, como se preparassem ovelhas
cegas para o abatedouro. Incrível, é a isso que as ditas igrejas cristãs de
negócios e de sucesso também remetem calados os seus rebanhos entorpecidos. A
cada culto, missa ou reunião os tosquiadores amortecem as consciências de suas ovelhas
para tosquio e abate para se submeterem silentes aos assaltantes do mercado.
Como dizia um colega meu de ginásio lá em Alegrete: “é boca
brava”!
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.
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