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A monstruosidade devoradora das corporações: marginaliza e mata







Meu querido Roberto


Nesta semana, naquela chácara em Guapó, conversamos a respeito de tuas habilidades e prazeres profissionais. Sinto orgulho de teu trabalho e do teu saber tecnológico. Ao ver-te como esposo, pai, cristão participante e agora como jovem avô, percebo a bondade imensa que desce de teu coração para as tuas mãos, olhar e atitudes de cooperação com teus familiares e agregados. 


Porém, meu querido amigo, infelizmente há um super mundo dominado por  autênticos monstros devoradores que deixaram de ser humanos. Eles “desfrutam” – chupam - de todos os teus esforços e dos trabalhadores de todo o mundo. Os monstros que mandam no mundo não estão nem aí para ti como ser humano bom e generoso nem para teus lindos filhos nem para tua amada netinha. Ainda mais que vocês são negros e trabalhadores. 


Esses monstros que não são parte das belas páginas das mitologias grega, hebraica ou indígenas, mas são reais e usam das poderosas corporações multinacionais para te devorar e ao planeta terra inteiro. Eles mandam mesmo e não dão a menor bolota para os governos democráticos, para os povos nas ruas, para fome dos milhões que morrem como moscas envenenadas. 


Porém, Roberto, eles vivem mesmo de teu sangue e de todos os que realmente produzem.


Abaixo posto maravilhoso artigo do nosso sábio irmão Leonardo Boff que analisa quem são, o que fazem e os riscos de destruição que significam os monstros donos das corporações e do mundo. Lê com paciência por gentileza e compartilha com o máximo de pessoas que puderes e ajuda a divulgar esse nosso blog. Não esquece de passar o link de meu blog para que as pessoas leiam essa introdução e essa chamada e o artigo de Leonardo Boff.


Abraços críticos e fraternos não somente nas preocupações e rezas, mas na luta pela justiça e pela paz.

Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.


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O funesto império mundial das corporações

28/12/2013
                                                      
 O individualismo, marca registrada da sociedade de mercado e do capitalismo como modo de produção e sua expressão política o (neo)liberalismo, revelam toda sua força mediante as corporações nacionais e multinacionais. Nelas vigora cruel competição dentro da lógica do ganha-perde.

Pensava-se que a crise sistêmica de 2008 que afetou pesadamente o coração dos centros econômico-financeiros nos USA e na Europa, lá onde a sociedadade de mercado é dominante e elabora as estratégias para o mundo inteiro, levasse a uma revisão de rota. Ainda mais que não se trata apenas do futuro da sociedade de mercado mundializada mas de nossa civilização e até de nossa espécie e do sistema-vida.

Muitos como J. Stiglitz e P. Krugman esperavam que o legado da crise de 2008 seria um grande debate sobre que tipo de sociedade queremos construir. Enganaram-se rotundamente. A discussão não se deu. Ao contrário, a lógica que provocou a crise foi retomada com mais furor.

Richard  Wilkinson, epidemiologista inglês e um dos maiores especialistas sobre o tema desigualdade  foi mais atento e dissse, ainda em 2013 numa entrevista ao jornal Die Zeit da Alemanha:”a questão fundamental é esta: queremos ou não verdeiramente viver segundo o princípio que o mais forte se apropria de quase tudo e o mais fraco é deixado para trás?”.

Os super-ricos e super-poderosos decidiram que querem viver segundo o princípio darwinista do mais forte e que se danem os mais fracos. Mas comenta Wilkinson: “creio que todos temos necessidade de uma maior cooperação e reciprocidade, pois as pessoas desejam uma maior igualdade social”. Esse desejo é intencionalmene negado por esses epulões.

Via de regra, a lógica capitalista é feroz: uma empresa engole a outra (eufemisticamente se diz que se fizeram fusões). Quando se chega a um ponto em que só restam apenas algumas grandes, elas mudam a lógica: ao invés de se guerrearem, fazem entre si uma aliança de lobos e comportam-se mutuamente como  cordeiros. Assim articuladas detém mais poder, acumulam com mais certeza para si e para seus acionistas, desconsiderando totalmente o bem da sociedade.

A influência política e econômica que exercem sobre os governos, a maioria muito mais fracos que elas, é extremamente constrangedor, interferindo no preço das commodities, na redução dos investimentos sociais, na saúde, educação, transporte e segurança. Os milhares que ocupam as ruas no mundo e no Brasil intuíram essa dominação de um novo tipo de império, feito sob o lema:”a ganância é boa” (greed is good) e “devoremos o que pudermos devorar”.

Há excelentes estudos sobre a dominação do mundo por parte das grandes corporações multilaterais. Conhecido é o do economista norte-americano David Korten ”Quando as corporações regem o mundo”(When the Corporations rule the World, Berret-Koehler Publisher 1995/2001)). Mas fazia falta  um estudo de síntese. Este foi feito pelo Instituto Suiço de Pesquisa Tecnológica (ETH)” em Zurique em 2011 que se conta entre os mais respeitados centros de pesquisa, competindo com MIT. O documento envolve grandes nomes, é curto, não mais de 10 páginas e 26 sobre a metodologia para mostrar a total transparência dos resultados. Foi resumido pelo Professor de economia da PUC-SP Ladislau Dowbor em seu site. Baseamo-nos nele.

Dentre as 30 milhões de corporações existentes, o Instituto selecionou 43 mil para estudar melhor a lógica de seu funcionamento. O esquema simplificado se articula assim: há um pequeno núcleo financeiro central que possui dois lados: de um,  são as corporações que compõe o núcleo e do outro, aquelas que são controladas por ele. Tal articulação cria uma rede de controle corporativo global. Essse pequeno núcleo (core) constitui uma super-entidade(super entity). Dele emanam os controles em rede, o que facilita a redução dos custos, a proteção dos riscos, o aumento da confiança e, o que é principal, a definição das linhas da economia global que devem ser fortalecidas e onde.

Esse pequeno núcleo, fundamentalmente de grandes bancos, detém a maior parte das participações nas outras corporações. O topo controla 80% de toda rede de corporações. São apenas 737 atores, presentes em 147 grandes empresas. Ai estão o Deutsche Bank, o J.P. Morgan Chase, o UBS, o Santander, o Goldes Sachs, o BNP Paribas entre outros tantos. No final menos de 1% das empresas controla 40% de toda rede.

Este fato nos permite entender agora a indignação dos Occupies  e de outros que acusam que 1% das empresas faz o que quer com os recursos suados de 99% da população. Eles não trabalham e nada produzem. Apenas fazem mais dinheiro com dinheiro lançado no mercado da especulação.

Foi esta absurda voraciade de acumular ilimitadamente que gestou a crise sistêmica de 2008. Esta lógica aprofunda cada vez mais a desigualdade e torna mais difícil a saída da crise. Quanto de desumanidade aquenta o estômago dos povos? Pois tudo tem seu limite nem a economia é tudo. Mas agora nos é dado ver as entranhas do monstro. Como diz Dowbor: ”A verdade é que temos ignorado o elefante que está no centro da sala”Ele está quebrando tudo, critais, louças e pisoteando pessoas. Mas até quando? O senso ético mundial nos assegura que uma sociedade não pode subsistir por muito tempo assentada sobre a super exploração, a mentira e a anti-vida.

A grande alternativa é oferecida por David Korten que tem trabalhado com Joanna Macy, uma das mais comprometidas educadoras com o novo paradigma e com um futuro diferente e otimista do mundo. A grande virada (The Great Turning) se dará com a passagem do paradigma “Império” para o da “Comunidade da Terra”. O primeiro dominou nos últimos cinco mil anos. Agora chegou seu ponto mais baixo de degradação. Uma virada salvadora é a renúncia ao poder como dominação imperial  sobre e contra os outros na direção de uma convivência de todos com todos na única “Comunidade da Terra”, na qual seres humanos e demais seres da grande comunidade de vida convivem, colaboram e juntos mantém uma Casa Comum hospitaleira e acolhedora para todos. Só nesta direção poderemos garantir um futuro comum, digno de ser vivido.

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