Oposição tenta postergarCPI do Cachoeira para salvar Perillo
A oposição e a mídia não queriam a CPI do
Cachoeira. Se empilharem tudo o que disseram sobre a proposta de investigação
não passar de tentativa de Lula de se vingar do governador de Goiás, Marconi
Perillo, e da revista Veja – apesar de operações da Polícia Federal mostrarem
que a investigação era imperiosa –, a pilha alcançará vários metros.
No intento de evitar a CPI, a oposição conseguiu
plantar na mídia denúncias fajutas contra os governadores de Brasília, Agnelo
Queiróz, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, de forma a intimidar o PT e outros
partidos da base aliada do governo Dilma.
Não rolou. O PT e aliados votaram rapidamente o
requerimento de CPI, obrigando a oposição a assiná-lo para não passar recibo.
E, ao aceitarem convocar Agnelo, os governistas deixaram a mesma oposição sem alternativa
que não fosse aceitar a convocação de Perillo.
As denúncias contra Agnelo e Cabral não passavam
de vento. Os trabalhos da CPI mostraram que quem se envolveu mesmo com
Cachoeira foram Demóstenes Torres e Perillo, além de figuras menores como o deputado
tucano por Goiás Carlos Alberto Leréia. Tudo isso ficou claro nos grampos
da PF, que, sem a CPI, não teriam vindo a público.
Vai daí que o senador, o governador e o deputado
oposicionistas serão acusados pelo relatório final da Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito, que, em seguida, será remetido ao Ministério Público
Federal, de forma que este formule denúncia ao Supremo Tribunal Federal, o
qual, segundo diz a mídia, passou a ser “duro com políticos”.
Ainda que seja pouco crível que o STF, se o procurador-geral
da República não engavetar o caso, venha a tratar uma eventual denúncia ao
governador, ao senador e ao deputado oposicionistas, entre outros, da mesma
forma que tratou o inquérito do mensalão do PT, essa possibilidade existe.
Isso porque a CPI tornou público o envolvimento
dos demos e tucanos de “alto coturno”, o que não aconteceria sem a investigação
parlamentar. Dessa forma, Roberto Gurgel – ou o seu sucessor, que deverá
ascender ao seu cargo no ano que vem – terá dificuldade de escapar de fazer a
denúncia ao STF.
A situação de Perillo, pois, é gravíssima. Há
contra ele tudo o que não há contra o “núcleo político” da Ação Penal 470: uma
montanha de provas materiais absolutamente inquestionáveis, tais como gravações
comprometedoras, transações comerciais registradas, enfim, “atos de ofício” que
não acabam mais.
É nesse momento que a mídia tucana começa a
espalhar que os governistas da CPI querem encerrá-la em 48 dias para não
investigarem centenas de requerimentos feitos pela oposição. São cerca de 500
requerimentos para ouvir pessoas que não seriam apreciados nem em seis anos,
quanto mais nos seis meses pretendidos pela oposição.
É conversa, pois, que os governistas estejam
querendo fazer a CPI “terminar em pizza” por quererem que os trabalhos sejam
estendidos por mais 48 dias, tempo necessário para fazer um relatório final
conclusivo. O que a oposição tenta é jogar para as calendas relatório que
colocará Perillo no mesmo banco dos réus que os petistas ora ocupam.
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