Após quase noventa dias de massacre midiático do
Partido dos Trabalhadores perpetrado graças à muleta eleitoral oposicionista em
que se converteu o julgamento do mensalão, a eleição em São Paulo adquiriu um
caráter de detergente da alma de dezenas de milhões de brasileiros, sejam
militantes filiados ao partido, sejam simpatizantes como este que escreve.
Durante esse trimestre obscurantista, o que há de
mais reacionário, corrupto e rico no país elucubrou previsões tenebrosas sobre
a destruição moral e física do partido mais querido pelos brasileiros e do
ex-presidente da República que, dois anos após deixar o poder, continua campeão
de popularidade.
Os desejos e previsões nazifascistas do PSDB, do
DEM, do PPS, da Globo, da Folha, da Veja, do Estadão, dos “colunistas” desses
veículos, do procurador-geral da República e de parcela dos ministros do STF de
que a farsa encenada naquela Corte causaria “efeito eleitoral” contra o PT
acabaram ganhando um termômetro: a disputa eleitoral entre Fernando Haddad e
José Serra.
Não faltaram previsões de que Lula, por conta do
julgamento, estaria liquidado como arquiteto de fenômenos eleitorais como Dilma
Rousseff. Afinal, parecia improvável que, no momento em que a própria cúpula do
Judiciário se engajava politicamente, o partido que diziam que caminhava para a
extinção conseguisse vencer onde suas dificuldades eleitorais eram maiores.
A direita midiática está perplexa, boquiaberta,
estarrecida, desorientada. Nesse estado de profunda confusão mental, ao não
entender como é possível que mais um plano infalível contra Lula e o PT tenha
dado errado, produz aberrações como a da colunista da Folha de São Paulo Eliane
Cantanhêde, que, na última sexta-feira, comparou Lula à ditadura militar.
Outros, por força das próprias besteiras que
proferiram, têm que se render ao fato de que todo o esforço dos veículos de
comunicação que o PSDB comprou com dinheiro público, foi em vão.
Fernando Rodrigues, também colunista da Folha,
havia escrito naquele jornal sobre a improbabilidade da vitória de Fernando
Haddad, que, ocorrendo, seria um dos maiores fenômenos eleitorais da história.
Exageros à parte, na coluna deste sábado ele se dá conta do erro que cometeu.
Abaixo, sua coluna deste sábado, 20 de outubro.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
20.10.2012
FERNANDO RODRIGUES
Hegemonia PT 3.0
—–
A mera comparação do texto acima com tudo o que
esse e outros pistoleiros do Partido da Imprensa Golpista previram sobre o PT
há algumas semanas revela o tamanho da incompetência dessa gente para fazer
análises políticas… Ou não.
Afinal, o que a pistolagem midiática disse antes
fora apenas torcida (ainda que consciente), forjada na crença em uma força da
mídia que começou a sumir em 2002.
Ainda assim, será estudado, por décadas, o fenômeno
que se produziu nas eleições de 2012, quando fracassou miseravelmente o maior
ataque comunicacional que um partido e um líder político já sofreram no Brasil
em mais de um século de vida republicana, operação empreendida ao custo de
centenas de milhões de dólares.
No primeiro turno da eleição de 2012, até as
pesquisas de opinião foram recrutadas para tentarem impedir o que o articulista
da Folha reproduzido logo acima constata enquanto se vê atolado até o nariz na
frustração do fracasso.
A certeza de que a mídia perdeu quase todo o seu
poder histórico de manipular o eleitorado brasileiro, nunca foi tão grande. Até
porque, tentativa de manipulação eleitoral como a que se viu em 2012, é
inédita. O partidarismo, que era só da mídia, chegou às cúpulas do Judiciário e
do Ministério Público, forjando uma maquina política jamais vista.
Como? Quando? Onde? Por que? A mídia, a direita
mais vil, reacionária, corrupta e cara-de-pau está atônita, desorientada,
perguntando-se o que foi que a atingiu.
O PT continua uma força eleitoral que o
desconhecimento sobre o povo brasileiro de que essa gente padece a impede de
entender, pois só quem se beneficiou das políticas vitoriosas do governo Lula
na década passada, e das do governo Dilma Rousseff nesta, sabe por que ninguém
mais dá bola a Globos, Folhas, Vejas e Estadões.
Dito tudo isso, porém, este blog, que durante os
últimos meses jamais hesitou em confiar na revolução social que Lula, o PT e
Dilma promoveram no Brasil, agora vem fazer um apelo à militância do partido.
A vitória do PT em São Paulo no próximo dia 28 de
outubro será um duro golpe no golpismo que o julgamento do mensalão açulou
entre as forças corruptas do atraso que ainda infelicitam o Brasil. Até porque,
Haddad emerge como uma liderança que, seguramente, dá o primeiro passo para uma
carreira política de perspectivas ilimitadas.
Se Haddad fizer o que é preciso fazer para
civilizar São Paulo durante os próximos oito anos em que poderá governar a
cidade, em 2022, então quase sexagenário, ele estará apto a disputar a
Presidência da República. Não é pouco.
Todavia, tudo o que foi dito neste artigo não passa
de mera especulação. Inclusive a vitória de Haddad. Isso porque, simplesmente,
ninguém ganhou coisa nenhuma até agora, pois pesquisa não é eleição, que só
acaba quando termina – ou seja: quando o último voto for apurado.
Nesse aspecto, a larga vantagem de Haddad sobre
José Serra é um tanto quanto perigosa pelo potencial desmobilizador da
militância que encerra. E isso quando se sabe que a vitória dele que vai se
desenhando se deve, em imensa parcela, ao trabalho infatigável dessa militância
gigantesca com que o PT conta desde a sua fundação.
Disse bem o presidente do partido, Rui Falcão,
quando, semanas atrás, avisou à direita que o PT reage ainda mais quando
acuado. E foi o que se viu. Este militante, apesar de não ser filiado, entendeu
que militar pela eleição de Haddad era militar pela democracia em um momento em
que políticos, jornalistas e até juízes inescrupulosos tentavam estuprá-la.
Porém, a perspectiva de vitória do PT no único
lugar em que a direita midiática jamais admitiu que pudesse ocorrer não só pela
confiança na burrice do povo que acalenta, mas pelo potencial de tal vitória se
tornar um golpe mortal, já pôs a mídia e os tucanos em desespero.
No dia em que escrevo, faltam mais oito dias para a
eleição. Revendo as experiências dos últimos vinte e tantos anos, o que se sabe
é que, na reta final, a direita midiática sempre forjou algum escândalo para
derrotar o PT. Desde 1989 é assim e parece difícil que isso mude agora.
Até o dia 28, portanto, parece quase impossível que
PSDB, Folha, Estadão, Globo ou Veja não tentem uma última cartada contra
Haddad, pois, como não é segredo para ninguém, a eleição paulistana virou
nacional. E o quadro se agrava por a disputa envolver o político brasileiro
mais sujo deste século, José Serra, capaz de tudo para vencer uma eleição.
Respeitosamente, portanto, ciente de que sou
apenas mais um militante nessa luta encarniçada contra o obscurantismo
midiático-reacionário, venho conclamar a militância petista (filiada e simpatizante)
a atuar como se Haddad e Serra estivessem empatados. Esse é o espírito que
precisa nos nortear até o fechamento das urnas.
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