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Há como esperançar-nos na mera mudança de calendário?




Querida Ângela Maria Tucillo

É muito bom, edificante, inspirador e educativo conversar e relacionarmo-nos com pessoas de tua qualidade. Tua vida como evangélica fala de experiência profunda de fé e de estatística irrefutável: os evangélicos crescem em número no Brasil. Falar em evangélicos é referir-nos a muitos universos e linhas. No nosso País contamos com evangélicos autênticos vinculados às reformas luterana e calvinista, como com evangélicos pentecostais tradicionais sérios, outros de tradição anabatista, outros mediáticos que modelam suas vidas pelo rádio e pela televisão, evangélicos internéticos, igrejas evangélicas de homossexuais e ainda os vendedores de curas e de milagres. Conta-se ainda com evangélicos ESI (evangélicos sem igreja), os que cansaram de enriquecer pastores e da mercantilzação da fé.  Há ainda evangélicos como os metodistas que tiveram forte compromisso com a educação, social e ecumênica e que hoje se dividem entre os poucos que seguem aquela tradição e uma maioria que segue a agenda da teologia da prosperidade, totalmente anti-ecumênicos, cujos bispos venderam suas eleições e reeleições em troca da degola de propostas   e de pastores. Tem de tudo ni mundo evangélico, inclusive um grande número de picaretas e vigaristas a vender religião. Como diz o Dr. Leomar: é muito difícil unir essa variedade de correntes. Cada pastor ou "bispo" é dono de um feudo denominacional e brigam pela conquista de "almas para Cristo" (leia-se dízimos e muito dinheiro para a luxúria de seus feudalistas).

Contudo, encontro-me, seguidamente, querida Ângela, com evangélicos patriotas, comprometidos com as transformações sociais e políticas do País. Ao conversar contigo percebi que te enquadras muito bem entre as evangélicas mais sérias que se preocupam com o próximo e sabem dos males causados pelo neoliberalismo em nosso país. Contaste-me do que fizeste por dependentes químicos e do que os sindicalizados de tua categoria fazem para se omitir de suas responsabilidades com seus companheiros trabalhadores. Sinto-me muito feliz em conversar com uma pessoa tão bacana quanto tu. 

Pois bem, querida, digo-te que uma coisa que acho chata nessa época do ano é quando as pessoas se abraçam e desejam feliz natal e feliz ano novo. Não vejo significado importante nisso, além de costume e convenção social vazios. Aceito os abraços e abraço também sem nada dizer, em silêncio, apenas curtindo o prazer dos abraços, quando as pessoas contribuem com alguma coisa. Outro dia alguém veio me abraçar e quando percebi que se tratava de uma pessoa que despediu pessoas de cargos importantes, que não escutou pessoas antes de tomar decisões que as prejudicaram profundamente, inclusive na saúde, dei de ombros e não aceitei a falsidade. Não sou obrigado a acolher abraços e votos de feliz natal e ano novo de quem não tem compromisso com as pessoas. Fingimento social não contribui com nada. 

Penso, querida Ângela, que a esperança não tem nenhuma relação com a mudança de calendário. Ou buscamos o real conteúdo da esperança ou fingimos. A esperança é contraditória. Nota bem, nesse ano no Brasil nos deparamos com uma mídia mentirosa, rancorosa e mascarada. Deparamo-nos com um livro, o “Privataria Tucana”, que apontou a insofismável verdade de que houve e há governantes em nosso País que roubaram e roubaram muito. Isso custou desemprego, sucateamento da saúde, da educação, da segurança, da produção e de milhões de vidas prejudicadas.  Vimos que na Europa e Estados Unidos os bancos geram crises incontornáveis, jogando na miséria e na rua milhões de seus cidadãos. A Otan pratica a guerra pela mundo, mata jovens, invade nações, mata patriotas e líderes como o grande e respeitado Muamar Gadaffi, na Líbia, enquanto a mídia sem vergonha daqui ajuda a mentir sobre a Coréia do Norte, Cuba, Venezuela etc, onde os povos lutam heroicamente em favor da democracia social, econômica  e na defesa de suas pátrias. 

O que descrevi acima, Ângela, a respeito das trevas que tentam barrar a esperança é o que se apresenta sem muito conhecimento da maioria escurecida pelas mentiras. Mas em meio a tudo isso há que vermos os que se levantam em luta. Milhares de jovens, trabalhadores, mulheres, empresários, religiosos etc marcham nos Estados Unidos exigindo que os 1% que roubam as riquezas dos 99% entreguem de volta o que roubaram. Em vários países europeus fazem o mesmo. Isto é, os povos resistem porque sabem quem são os responsáveis por suas misérias. Aqui na América Latina os povos se unem para enfrentar a crise que os poderosos produziram. Trabalhadores, estudantes, movimentos femininos e empresários protestaram aqui em frente de nosso Banco Central contra a maléfica política dos juros altos, que sangra nossa economia. 

Noutras palavras, Ângela, a esperança acontece onde o povo se mobiliza, une-se na defesa da Pátria, de sua soberania, na distribuição de renda e de riquezas, na defesa de todos os nossos direitos, ainda longe de sua total realização. Quando Paulo Freire chegou do exílio e foi ao Teatro da Tuca, da PUC, em São Paulo, eu estava lá para acolhê-lo. Ele disse: "quando eu estava no exílio eu esperava, tinha esperança de voltar. Mas minha esperança não se dava na inação, mas na ação. Enquanto eu esperava agia em Portugal, em Angola, Moçambique etc, na libertação do analfabetismo idológico, essa doença representativa de opressão, imposta pelos opressores". A esperança é movida a ação. Fora disso vira desejo vazio e abraços fingidos. Na virada de 31 passarei na companhia de pessoas realmente maravilhosas, ricas de esperança mas encharcadas de ação. Delas receberei o abraço sincero, caloroso e engajado e as abraçarei com prazer. Elas já caminham o novo e agem.

Isso é esperança. Fora disso não adiantam abraços e ditos vazios de feliz ano novo. Somente na luta e na união a esperança cresce. A alienação é sua afronta.

Abraços, querida Ângela. Votos de que tua fé te leve sempre à luta e à esperança na prática, sendo igreja também no lado de fora dos templos, como corretamente me disseste, no meio do povo e fiel ao Jesus de Nazaré e não ao jesus branco dos colonialistas.

2 comentários:

  1. Amado Bispo Orvandil, é com muito respeito e admiração por sua nobre pessoa que venho agradecer-te por me mencionar em seu blog e principalmente por me ver como uma pessoa evangelica que leva o Senhor Jesus Cristo a sério e por esse motivo ter uma mente aberta e uma visão de águia , estando sempre na defesa dos menos favorecidos que habitam em nossa Patria amada e que são brava gente brasileira!

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  2. ...Continuação...
    que leva o Senhor Jesus Cristo a sério e por esse motivo ter uma mente aberta e uma visão de águia , estando sempre na defesa dos menos favorecidos que habitam em nossa Patria amada e que são brava gente brasileira!

    Ângela M. Tucillo!

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