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quarta-feira

Grandiosa mulher: contradição e síntese



Estimadíssima Regina

Permite que te diga que o Dia Internacional da Mulher me comove profundamente. Sei que a ti também. Esta data lembra as grandes lutas e a caminhada maturativa e libertadora das mulheres. Desde o incêndio da fábrica que matou mulheres que defendiam direitos concretos de mais salários e menos carga horária, cuja consciência nasceu nas lutas das indígenas, escravas, mulheres submetidas aos apetites de homens manipulados pela ideologia dominante e machista até nossos dias, marcado pelo avanço do justo empoderamento feminino, não para superar os homens, mas para transcender o machismo e a opressão capitalista.

Tu, Regina, és exemplar nessa luta. Pena que muitas pessoas joguem na vala comum e não mais se emocionem com o que vocês fazem com relação a luta feminina, quer profissional-institucionalmente, quer nas ruas e campos, por mais espaços e exercícios competentes de liderança libertadora. Mulheres conscientes como tu buscam fazer a diferença. Acumulas em teu currículo uma militância estudantil universitária que te linka às lutas do povo por mais democracia e qualidade de vida. Essa experiência te encaminha hoje a fazeres mais do que um cargo administrativo e pedagógico pede formalmente de ti. Não aceitas a viscosidade e grosseria que muitas vezes toma conta de nossa juventude, a partir de uma sociedade extremamente violenta, inspirada pelo capitalismo delineado pela concorrência e por um falso darwenismo social, que despreza os mais humildes em favor do que considera os melhores e mais produtivos. Não, tu não aceitas isso. Propões gentileza, mas não uma gentileza machista e oportunista. Propões um projeto de compaixão que joga as pessoas compassivas ao lado das que mais precisam, mobilizadas por profunda empatia, do colocar-se no lugar do outro. Tu mesma és dotada de empatia pelas pessoas que trabalham contigo e contigo formam equipe. Preocupas-te com elas. Esforças-te em ajudá-las. Sentes em ti mesma o que tuas colegas e teus colegas sofrem. Desenvolves um projeto de enorme alcance em tua instituição e em tua cidade, motivando as pessoas que se libertem desse cotidiano pobre de afeto e de compaixão. Em torno do projeto gentileza reúnes crianças, adolescentes e adultos na busca da realização de mais educação para a generosidade.

É exatamente isso, querida: as pessoas que atuam profissional e militantemente na perspectiva de mais qualidade relacional aproveitam seus postos e espaços para gerar questionamento e crescimento. Nesse sentido és encantadora.  Apresentaste à tua instituição um projeto de fôlego, marcantemente feminino, mas firme e determinado, como convém a alguém que sabe o que significa a luta. Sabes muito bem que há obstáculos e dificuldades para a realização da generosidade. É corrente afirmar-se que a economia não tem coração. Na verdade é o  capitalismo que não tem coração. A sua "razão" é o lucro e sua tática é a concorrência predatória. Aprende-se em nossa sociedade a depredar vidas humanas, bem o sabes. As mulheres, os tabalhodores, os indígenas, os negros etc são vítimas dessa cosmovisão e dessa prática. Todos nos machucamos em meio as marés desumanizantes que nos jogam contra os rochedos duros da opressão. Encontrarás entraves na tua luta, mas todos os frutos que teu projeto colher serão saborosos e eternos. O bem sempre vence. No teu caso o bem vencerá porque ele conta com a liderança de uma mulher belamente movida pelo bem e que conta com tantas outras mulheres que se orientam por essa grande força. Por tanto, ad adastra, Regina.

Porém, querida, há enorme contradição e sofrimento entre as mulheres no que tange a busca de relacionamento afetivo íntimo e sério com homens. Parece haver o medo de ser empoderadas, livres, autônomas, empreendedoras, de amar e de ser amadas por  homens de bem, mesmo sendo bondosas e gentis. Há um pavor amedrontador, marcado por insegurança quando surge a possibilidade de ser amadas e partícipes de uma relação séria, construtiva, saudável e criativa. Há mulheres libertárias como tu que se horrorizam com a possibilidade de ser amadas e amar um homem. Preferem absolutizar fracassos anteriores do que se jogar inteira e completamente a um amor companheiro e parceiro. Ou, pelo menos, talvez, usam os fracassos anteriores como pretextos para fugir do amor e até difamar quem tem valor. Baseiam-se em psicologismo vulgar para justificar seus medos e fantasmagorias, ao inves de ousar. Isso é contraditório e triste. Esse é um campo potencial que muitas têm que trabalhar enquanto há tempo, sem medo de ser felizes e realizadas.

Conheço mulheres maravilhosas que são profundamente amadas por homens bons e justos, dotados de grande  capacidade de companheirismo, cumplicidade, lealdade, fidelidade e comprometimento, para dar vazão a preconceitos com relação à idade, a situação financeira, a aparência etc fugindo  do amor. Fazem cálculos burgueses do amor em vez de medição amorosa que o amor oferece. Pensam: "se eu me casar com esse sujeito viverei com ele tantos anos até que ele morra, vencido pela idade e ainda, talvez, tenha que cuidar dele como se eu fosse azilo ou enfermeira". Ao invés de se entregar ao amor e pensar: "ao lado dele ampliarei minhas possibilidades pelo tempo que for necessário, crescerei ao lado dele sendo eu mesma na luta pela vida e pela dignidade". Conheço mulheres competentes que atuam empaticamente com seus colegas de trabalho, que buscam heroicamente resultados para o que fazem, mas que não têm a menor compaixão dos homens que as amam e que são tão humanos, limitados e frágeis quanto elas, com a diferença de que sabem que são assim, ao contrário dos machistas e prepotentes. 

Tu, por exemplo, Regina, és radicalmente amada por um homem que percebe em ti os valores que és. Dás a entender para ti mesma que o amas e  o reconheces, também. Porém, em nome de “intuições” sem base objetiva na realidade perdes imensa possibilidade de ampliar as experiências familiares tuas e dele. Abandonas as possibilidades de ser e de fazer feliz, sem perderes nada do que conquistaste enquanto mãe, cidadã e profissional. Pelo contrário, te fortalecerias muito em tudo o que és e ainda poderias ser mais ajudando-o a crescer como homem, militante e intelectual. Tua razão te envia mensagens encorajadoras sobre esse postulado, mas tuas emoções sofridas puxam teu tapete. Pareces mais escolher isso do que a verdade que ilumina. É mais fácil jogar pedras que ferem do que lançá-las ao solo para servirem de alicerce. 

Noutras palavras, revelas que há mulheres avançadas que vivem enorme caos no que tange ao amor. Afirmam-se avançadas, mas se sentem carentes e aterrorizadas com fantasmas cultivados diariamente por elas mesmas e por preconceitos alimentados por velhos modelos familiares e "sociais". Ainda rezam, graças a machistas e pobres afetivamente com quem se relacionaram no passado, que todos os homens são iguais, sem a menor análise crítica séria. Isso as impossibilita de ouvir e escutar com o coração o que realmente os homens bons e justos lhes dizem. Aferram-se em seus “juízos” e preconceitos e não dão direito ao homem de explicar seus problemas e dificuldades,  prontos à superação e até ao sacrifício por elas. Há mulheres que por qualquer coisa terminam uma relação, sem o menor esforço de superação e crescimento, embora mulheres maravilhosas, inteligentes e empreendedoras. Há mulheres que escutam amigas, familiares e comadres, mas não se abrem aos verdadeiros homens libertários e feministas. Confundem esses valores do homem moderno com infidelidade e vulgaridade. Com isso jogam no lixo o poderoso e comprometido amor. 

Querida Regina, creio que é possível recuar, voltar atrás para avançar. É possível fazer autocrítica, refazer posições e opiniões. É possível repropor e dialogar. O que não se deveria aceitar é a rapidez em tomar iniciativas fraturantes e humilhantes ao outro.

Parabéns, queridíssima Regina, pelo Dia Internacional da Mulher. A ti jamais eu daria um ramalhete de flores nesse dia. Compartilharia contigo a dignidade da luta, o reconhecimento de tuas missões de mãe, de profissional, de cidadã e de construtora de um outro mundo possível. Tu és maravilhosa. Parabéns. Tenho absoluta certeza de que sentes e sabes disso. Parabéns, mais uma vez. Saberás o que fazer, se te abrires para a ventilação da vida. Abraços.
























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