05.10.2010           
O jornal Valor Econômico revelou em sua edição de  segunda-feira que alas minoritárias da Igreja Católica têm desrespeitado  a orientação da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do  Brasil (CNBB) ao pregarem vetos a nomes de políticos e de partidos nas  eleições deste ano.
Segundo a reportagem, padres de São Paulo têm feito sermões contra o  voto em candidatos do PT e em especial contra a candidata a presidente  pela coligação Para o Brasil Seguir Mudando, Dilma Rousseff. A campanha  desautorizada pela CNBB se baseia em informações mentirosas de que a  petista é a favor do aborto.
Em inúmeras oportunidades, Dilma afirmou seu respeito pela vida e que  disse que é pessoalmente contra o aborto, porque o considera uma  violência contra a mulher. Em recente encontro com as lideranças cristãs  em Brasília, Dilma foi ainda mais clara: “Não sou a favor de um  plebiscito porque ele dividiria a nação entre aqueles que defendem e  aqueles que são contra o aborto. A legislação existente hoje pacifica  todas as posições. Eu sou contra mudar a lei”, enfatizou.
O Valor Econômico revela que o cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom  Odilo Pedro Scherer, em 20 de agosto, enviou um comunicado a todos os  padres de dioceses esclarecendo que os representantes da Igreja não  devem se envolver publicamente na campanha partidária, nem "fazer uso  instrumental da celebração litúrgica para expressão de convicções  político-partidárias".
Dignidade
Dom Odilo sugere, ainda segundo a publicação, que padres e bispos  orientem os fiéis a votarem em candidatos afinados com os princípios  cristãos, "sobretudo no que diz respeito à dignidade da pessoa e da  vida, desde a sua concepção até à sua morte natural", mas alerta para  que não indiquem nomes.
Dom Demétrio Valentini, bispo de Jales, foi o clérigo que reagiu de  forma mais direta e clara ao que chama de "trama" da Regional Sul 1 da  CNBB, segundo a reportagem do Valor.
À sua diocese, Dom Demétrio tem encaminhado sucessivos artigos contra  documento da regional. "Não é bom para a democracia que alguns decidam  pelos outros (...) mas é pior ainda para a religião, seja qual for,  pressionar os seus adeptos para que votem em determinados candidatos, ou  proibir que votem em determinados outros em nome de convicções  religiosas (...) Portanto, seja quem for, bispo, padre, pastor, ninguém  se arrogue o direito de decidir pela consciência do outro,  intrometendo-se onde não lhe cabe estar". O artigo de Dom Demétrio,  divulgado dia 19/09, traz o título "Pela liberdade de consciência".
A CNBB nacional encerrou sua participação no episódio com nota em que  desautoriza qualquer decisão contrária à da Assembleia Geral, que não  vetou candidatos ou partidos. Em São Paulo, segundo o Valor,  remanescentes da Igreja progressista estão pasmos. "Nunca houve uma  campanha eleitoral com tanta manipulação da religião", lamenta um deles,  lembrando que isso aconteceu também, e fortemente, com a Igreja  Evangélica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seus comentários serão publicados. Eles contribuem com o debate e ajudam a crescer. Evitaremos apenas ofensas à honra e o desrespeito.