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quarta-feira

MARCHA PELA V IDA


Aconteceu hoje pela manhã aqui em Goiânia a Marcha pela Vida em celebração pelos 60 anos de aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Além desse objetivo o evento sinalizou a dor da perda de pessoas que morreram prematuramente, vítimas da violência que matou em torno de 500 nessa capital, só nesse ano. As inúmeras entidades promotoras da Marcha protestaram contra os crimes, contra a impunidade e contra a letargia da justiça em julgar e punir responsabilidades. Participei como cidadão e como Bispo. Conversei com pessoas, com lideranças, confraternizei e falei ao povo, ocupando as escadas da Catedral Metropolitana da Igreja Católica Romana, aliás, com seus portões e portas fechadas ao movimento popular. Comento este evento usando a estrutura de minha fala feita lá.


1. A declaração Universal dos Direitos Humanos se originou sob o impacto das feridas, escombros e divisões deixadas pela recém terminada segunda guerra mundial. Por sua avenida teórica principal corre a vida que grita pelos direitos à liberdade. Liberdade que derruba os muros das separações religiosas, políticas, sociais, educacionais, culturais, sexuais etc. Mas essa liberdade só acontecerá pela luta das pessoas vítimas do sistema imperialista e capitalista neoliberal que persiste na construção de pesados muros de separações. De um lado dos muros protegidos, os aventureiros desumanos oprimem, discriminam e massacram trabalhadores/as, pobres, raças e povos explorados de diversas formas. De outro, as vítimas em imensos contingentes, formando massas silenciosas incorporando à miséria, o desemprego, as doenças que grassam entre os pobres, os preconceitos de toda ordem que excluem e matam. As pessoas que lutam envergam os sofrimentos e marcas pesadas impostas pela elite dominante e insensível. Mas não há alternativa, o mundo só muda graças aos que lutam, mesmo sendo alvos do massacre contra os direitos humanos. Quem é massacrado/a sabe o que significa o desrespeito aos direitos humanos e aprende rapidamente o sentido de se solidarizar com quem sofre e a embalar-se na fé na energia que emana de Deus e da vida. A luta é sempre protagonizada por quem é vítima do espezinhamento da liberdade e de quem aprende o significado do que disse Chê Guevara: “Os
opressores que pisam as rosas não deterão a primavera”.
2. O aniversário da proclamação nos anima a lutar por cidade mais humana. Goiânia é reconhecida mundialmente pelo seu alto índice de violência e de concentração de renda. Aqui foram assassinadas quase 500 pessoas em 2008. Entre essas mortes se incluem as causadas por tiroteios que envolveram policiais. Pelo que se ouviu hoje à frente da Catedral, muitos dos assassinos estão impunes, com uma justiça omissa e silenciosa. Isso é muito desumano. Isso clama aos céus. Isso pede mais luta, mais mobilização, mais pressão popular, mais medidas práticas. Essa capital discrimina muitas famílias e as força a morar mal, a se alimentar mal, a se transportar desumanamente. Nas cadeias aqui há em torno de 40% de presidiários com suas penas vencidas e que lá estão por falta de julgamento, portanto por falta de justiça, segundo informação que me deu o meu amigo Rev. Elias, que atua em pastoral carcerária. Essa cidade precisa de mais luta para que se derrube os muros que separam a elite privilegiada do povo que trabalha, este o principal protagonista da riqueza, riqueza que lhe é tomada por quem vive às suas custas.
3. A declaração Universal dos Direitos Humanos é de amplitude mundial, por isso universal. Nesse sentido há que ligar a luta ao que acontece no berço do imperialismo: a fábrica de janelas e portas com 260 operários/as Republic Windows and Doors foi fechada por seus patrões, que quiseram demitir em nome da crise promovida pelos banqueiros, insensíveis e ladrões. Os/as trabalhadores/as ocuparam a fábrica e exigem seu funcionamento e a manutenção de seus empregos. Revezam-se, mas prometem não sair de seu recinto. Tal luta virou caso nacional nos Estados Unidos, destacado por todos os órgãos da mídia estadunidense e mundial. É isso, quem é ameaçado de perder a fonte de renda luta pelo direito ao trabalho. Não há alternativa, a história testemunha que só luta para virar a falta de justiça a favor do avanço do cumprimento dos direitos humanos quem é violentado nos seus direitos elementares.

É bom encerrar com um parágrafo de Paulo Freire, citado na Carta Aberta À População de Goiânia da Ass. Legislativa, distribuída na Marcha. Ei-lo: “O ser humano não tem ponto de chegada, apenas o horizonte. O ser humano é vocacionado a ser mais. De forma positiva, ser mais significa viver e deixar viver a liberdade, a amizade, a solidariedade, em comunhão, enfim a humanização. Em resumo ser mais significa a dignidade humana.”

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