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Especialista diz que crise agravará condição de trabalho

3 DE NOVEMBRO DE 2008 - 17h40
Há 25 anos estudando as relações de trabalho no mundo, o professor da Faculdade de Economia da Universidade de Bolonha, Bruno Maggi, diz que a crise financeira internacional deve piorar ainda mais as condições de trabalho. Haverá demissões e mais precariedade. Além disso, quem ficar empregado terá mais responsabilidade e sobrecarga, o que vai resultar em mais estresse”, disse o pesquisador numa entrevista exclusiva à Agência UnB. Ele esteve recentemente no país participando de um encontro sobre o tema na capital federal.
O especialista italiano aponta três níveis de transformação em curso no contexto do trabalho. O primeiro deles ocorre no processo dentro da empresa. “Embora o debate internacional afirme que houve aumento da autonomia dos trabalhadores, minhas pesquisas indicam que, a rigor, é uma falsa autonomia. Na prática o trabalhador não faz o que deseja. É obrigado a escolher algo. É a empresa que impõe a ele o que deve ser feito”, avalia.

A principal conseqüência disso é o aumento da responsabilidade e da carga de trabalho, o que pode levar o indivíduo ao suicídio. “Durante o ano de 1989 e toda a década de 1990, em um intervalo de apenas 11 anos, foram registrados 90 casos de suicídio do setor bancário da região Nordeste do Brasil”, lembrou.

Outro problema sério ocasionado pelas condições cada vez mais precárias é o número crescente de acidente de trabalho. De acordo com a Comissão Européia, a cada 5 segundos há um acidente de trabalho na Europa. Nos 15 países europeus mais desenvolvidos são 7,6 milhões de acidentes todos os anos.

“Na Europa, existe uma legislação específica sobre o cuidado com o trabalhador. No entanto, o resultado é assustador, pois os empresários não respeitam a lei. Eles preferem pagar multas a cumprir as normas”, diz o pesquisador.

O segundo nível de transformação está relacionado ao redesenho do processo produtivo, ou seja, uma redução da hierarquia. “São procedimentos novos e mais sofisticados, com o apoio da informática e da eletrônica. Assim, há uma centralização do trabalho na mão de poucos.”

“O terceiro nível é a relação entre os contextos público e privado de trabalho e o mercado. As empresas mais fortes controlam todo o processo de produção, estabelecem uma hegemonia. Assim, existem cada vez menos regras por parte do Estado, pois as grandes multinacionais o substituem”, argumentou.

Brasil tem alto índice de precariedade

Questionado sobre as conseqüências da ausência do Estado nessa relação de trabalho, Bruno Maggi adverte que o trabalhador terá reduzido a sua autonomia e os direitos conquistados. “Sabe-se que, no Brasil, existe mais de 25% de precariedade no contexto do trabalho. E esse é um índice muito alto. É a lei dos grandes atores econômicos que prevalece, enquanto o trabalhador não tem mais proteção.”

Como solução para o problema, o especialista aponta a necessidade de fazer um diagnóstico com critérios científicos em todos os setores. Ele cita como exemplo a escola onde é necessário avaliar “a condição do professor, do técnico e dos laboratórios, entre outras questões.”

O pensamento que deve prevalecer, segundo ele, é que o meio deve se adaptar ao trabalhador e não ao contrário como ocorre naturalmente no país. “Em vez de utilizar as novas tecnologias para fazer melhor a mesma atividade, fazemos uma, duas, três ou quatro coisas a mais. São menos pessoas para desempenhar mais tarefas. A tecnologia deveria facilitar a vida das pessoas em vez de gerar demissão e, consequentemente, sobrecarga.”

Outro problema levantado por Maggi é a sobrecarga no trabalho. “Algumas empresas ainda impõem outras atividades aos trabalhadores, como cursos e ginástica, tudo fora do horário de trabalho. É o tempo privado a favor da empresa. Outro exemplo que considero criminoso: a autoformação. As organizações passam um CD para que o empregado continue trabalhando e estudando em casa. É uma invasão cada vez maior do espaço privado”, concluiu.

De Brasília,
Iram Alfaia

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