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EUA atiçam a guerra na Geórgia. E perdem.

16 DE AGOSTO DE 2008 - 17h25
Na noite do dia 7 de agosto, véspera da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, Mikheil Saakashvili, presidente da Geórgia, embarcou numa provocação atacando a Ossétia do Sul - região autônoma de maioria russa, vizinha da Federação Russa - e ocupando sua capital, Tskhinvali.
A previsível reação russa veio logo. Em poucas horas, tropas terrestres apoiadas pela marinha e a força aérea russas atravessaram a fronteira e sustaram o ataque, numa vitória localizada incontestável da Federação Russa contra um conjunto de ações de caráter estratégico organizado pelos EUA e apoiado pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que reconheceu a aspiração da Geórgia de participar da aliança militar liderada pelos Estados Unidos, contra a opinião da Alemanha e a oposição aberta da Rússia. Na seqüência, no dia 15 de julho, a secretária de Estado americana, Condollezza Rice inaugurou uma operação conjunta denominada ''Resposta Imediata 2008'', exercício militar conjunto do exército norte-americano com tropas da Geórgia, Ucrânia, Armênia e Azerbaijão.
Esta estratégia dá continuidade ao desmembramento da antiga União Soviética. Ela remonta à década de 90 quando, desde então os EUA apoiam a autonomia dos países da antiga zona de influência soviética e promovem ativamente o desmembramento do território russo. Esta tentativa de isolamento da Rússia inclui - entre outras ações - a independência de Kossovo, patrocinada abertamente pelos estadunidenses, o treinamento de tropas das forças armadas da Ucrânia e da Geórgia (que aliás cedeu 4 mil soldados para participar da ocupação do Iraque), e a assinatura do tratado Polônia-EUA de construção do escudo anti-mísseis, que Moscou classifica como uma atitude claramente anti-russa.
A crise desencadeada pela ação do governo de direita da Geórgia, com apoio aberto dos EUA, faz parte deste contexto geopolítico. É certo que, ao ocupar militarmente parte do território georgiano, a Rússia - que não é mais a URSS que construia o socialismo - agiu com uma lógica de grande potência.
Esta é uma das questões do jogo militar no Cáucaso. Mas há outros. Os acontecimentos na Geórgia fazem parte de um movimento com implicações mundiais. Dos pontos de vista geopolítico e energético, aquela região é uma das áreas sensíveis da política internacional. Por ali passa o disputado oleoduto que conduz combustíveis da Ásia Central, que os estadunidenses ambicionam controlar. O atiçamento do afoito presidente Mikheil Saakashvili foi um dos lances - desastrado, afinal - desse xadrez geopolítico para garantir as posições dos EUA.
Deste ponto de vista, a derrota dos EUA foi indisfarçável. Bush e os funcionários de seu governo rosnaram, bateram o pé mas, entre as potências ocidentais, o papel de destaque naquele episódio coube ao presidente francês Nicolai Sarkozy, um conservador que não morre de admiração por Bush e pelos EUA. Toda a movimentação da diplomacia estadunidense, desde a ida de Sarkozy a Moscou e a Tibilisi, capital da Georgia, não passa de jogo de cena do imperialismo estadunidense, principalmente para consumo interno nos EUA.
Mas que não consegue mascarar que a arrogância de seu pupilo na Geórgia teve uma conseqüência cujo alcance poderá ser medido com os desdobramentos do episódio. Muitos analistas já apontam que ele demonstra os limites para a ação politica e militar dos EUA, que desde a década de 1980 agem como se estivessem sozinhos no mundo. Na Geórgia esses limites foram expostos ao mundo. Ficou demonstrado que o imperialismo dos EUA não é invencível. Este episódio pode ser um ponto de virada na política mundial, e o planeta poderá ser diferente depois das ações na Geórgia, que podem assinalar a crise da pretensa unipolaridade dos EUA apregoada desde o fim da URSS.

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