Com o Embaixador Kim e minha amiga Rosanita Campos.
Lucas Jabur Chaves, à esquerda, ao lado do Embaixador Kim.
Querido amigo Lucas Jabur Chaves
Dedico-te este texto com muito carinho. Participar do
encontro com o Embaixador Kim Thae Jong da República Popular da Coreia ao teu lado foi uma experiência ímpar.
Admiro-te, meu amigo. És um jovem recentemente formado em
direito. Chamas-me a atenção pela alegria profunda que com que vives e abordas
teus amigos.
Sentar ao teu lado por três horas é vivenciarmos cultura.
Falamos sobre a cultura Kalunga, a indígena Kayapó, sobre socialismo e
combinamos visitar juntos a comunidade Kalunga e a tribo Kayapó, próximas uma da
outra em Cavalcanti.
Diria que graciosamente vives na contra mão da mediocridade de
hoje. Enquanto setores médios da sociedade projetam-se na incultura, na rasura
das águas turvas do senso comum e da direita, tu estudas, lês, debates e
procuras te aprofundar. Num contexto em que falsos estudantes universitários
ingressam em faculdades em busca de diploma, em cujo ambiente sedento de seu
dinheiro apenas, onde ninguém reprova para não perder os clientes, tu és leitor
de textos profundos e estudioso sequioso.
Enquanto esperávamos Kim Thae Jong mostrei-te um vídeo com o texto
de William Shakespeare, que tenho em meu celular, e me impressionei com tua
emoção e com os comentários brilhantes que fizeste. Foram manifestações cultas e demonstrativas de
que percebes o movimento humano ao longo da história e o que nele permanece e o
que a partir dele se transforma, como
mostra o Menestrel.
Vi-te emocionado com os relatos do embaixador e com os
depoimentos das pessoas que conhecem a República Popular Democrática da Coreia,
aqui conhecida como Coréia do Norte.
Ao ser culto e inteligente logo percebeste que o que se diz
através da mídia brasileira, toda colonizada e capacho do imperialismo norte americano,
é pura bazófia e mentiras grosseiras.
Há algumas semanas o antissocial e grosseiro cineasta Arnaldo
Jabor afirmou que o Presidente Coreano baixou um decreto obrigando a que todos
os homens usassem o corte de cabelo estilo do líder da Nação. Fizera isso em
verdadeira fúria anti diplomática, gente do estilo desse energúmeno usa TVs,
rádios, revistas e jornais, concessões públicas pagas com nossos impostos,
chamam o regime socialista coreano de ditadura e seu jovem Presidente de
ditador.
Intelectuais e lideranças populares nos encontramos com o Embaixador
Kim Thae Jong aqui na Assembleia Legislativa de Goiás. A todos foi franqueada a
palavra para perguntas e comentários. Eu fiz duas perguntas e dois comentários
introdutórios, muito bem acolhidos pelo Embaixador.
Perguntaram sobre taxas de analfabetismo, de desemprego, de
educação, de liberdade de exercício partidário, de mercado, de liberdade
empresarial, de miséria e pobreza, de liberdade religiosa, da relação do
partido com o Estado e com o governo, do tratamento aos emigrantes e aos turistas
etc.
Sinceramente, Lucas, para mim o conteúdo do querido Embaixador
Kim, suas respostas generosas e honestas às perguntas do auditório não me surpreenderam.
Mas é muito bom encontrar com um povo que vive o socialismo há 50 anos.
Kim contou que na República Democrática Coreana não há
pobreza, pois essa foi extinta pela revolução. Respondeu que o analfabetismo é
absolutamente zero e que as atuais gerações sequer imaginam o que é isso. Testemunhou
que também o povo não sabe nem imagina o que seja o desemprego. Os que
trabalham braçalmente são os melhores remunerados e que tudo é gratuito, desde
as moradias a remédios, transportes e alimentação. A cultura do povo é
elevadíssima.
Para nós brasileiros, recentemente saídos do feudalismo e
engolidos pelo capitalismo, ainda torturados pelo neoliberalismo de mercado, é
difícil imaginarmos o que é viver numa sociedade sem concorrência
mercadológica, triturados por relações predatórias entre concorrentes
esfomeados pelo lucro satânico. Pessoas presentes perguntaram ao embaixador
sobre como é o mercado no socialismo. Ele respondeu que há muitos empresários
na Coréia, mas as empresas são do Estado. É o Estado que levanta as
necessidades do País e do povo, sem a interferência privada, sempre perversa e delinquente, como é no capitalismo.
O socialismo é a classe trabalhadora ocupando o Estado. Nessa
perspectiva – como diz meu querido intelectual orgânico Dilmo Luis Vieira – os interesses
da base da sociedade são os primeiros e mais urgentes a serem respondidos. No
capitalismo, sempre rentista, concentrador de riquezas e de renda, e de modo
violento, arbitrário e egoísta, os primeiros interesses atendidos são os dos capitalistas,
os do topo da sociedade, onde uma injustificada minoria de 1% que não
trabalha vive esbanjadamente. Por isso a guerra de concorrência, marcadamente
desleal, estressante e desumana, é permanente e diabólica.
Às perguntas sobre liberdade partidária e religiosa, Kim Thae
Jong respondeu que na Coréia há liberdade de organização partidária. Partidos
de direitas e liberais organizam-se e disputam eleições. O povo trabalhador,
contudo, sempre elege as lideranças comprometidas com a revolução e com o
desenvolvimento do interesse de sua classe. Perguntei sobre a relação do
Partido Comunista com o Estado. O Embaixador respondeu que é o Partido que
elabora as políticas públicas para a aplicação estatal. Os membros do Partido
são eleitos e controlados pelo povo. Perguntei sobre a educação política popular.
Kim respondeu que aos sábados, semanalmente, o povo se reúne 4 horas em todo o
País para estudar e discutir, em permanente educação política e cidadã. Desse
jeito não há como a alienação crescer e a imemorização sepultar a consciência revolucionária,
prejudicial ao progresso social, como acontece aqui no Brasil, inclusive com as
pessoas que saem da miséria e da pobreza, graças aos programas sociais públicos.
Com referência à liberdade religiosa é surpreendente a
resposta de que o Estado socialista reconhece que o povo coreano é
profundamente religioso, ao contrário do que a mídia ajoelhada daqui noticia.
Já escrevi neste espaço que as notícias sobre a não explicada “perseguição” a
missionários “cristãos” não revelam que se trata de julgamento popular contra
sabotadores e golpistas a mando do imperialismo que financiam e usam as religiões com o
objetivo de solapar e destruir a revolução.
De modo, meu querido Lucas, que vivi momentos de profunda
alegria no encontro com o povo coreano através de seu Embaixador Kim Thae Jong.
Sou religioso, não posso abrir mão dessa profunda experiência de fé, mas não
sou capitalista nem defendo esse regime desumano e anti reino de justiça
ensinado por Jesus. Nesse sentido antecipei minha manhã de alvorada pascal. Saber
que há povos felizes, como confirmaram meus amigos Prof. Laércio, que esteve na
Coréia, e Rosanita Campos, essa vai
àquele País seguidamente, é viver a ressurreição de Jesus, que ressuscita as
pessoas aqui e agora na medida que nos levantamos na construção de um projeto
social de vida onde não mais haja espaço para as injustiças, é reviver a fé em
Jesus e na luta que nos libertará eternamente da cruz que mata e destrói a
essência da alma humana, o amor que nos faz felizes coletivamente.
Saí leve do encontro com Kim por ajudar a recebê-lo com
carinho e respeito participando de um debate inteligente, promovido por um
auditório inteligente e liberto de preconceitos. Em tempos de mediocridade
fundamentalista é maravilhoso participarmos de um evento desse valor.
Saí feliz por saber de um povo que foi perseguido, muitos de
seus filhos mortos e seu País dividido pela insanidade imperialista, que venceu
a barbárie para ser feliz.
A Coréia foi dividida em Norte e Sul pela ganância norte
americana, que mantém poderosas armas militares na fronteira a partir do Sul,
para evitar que povo coreano reunifique seu País e sua Nação. O Presidente Kim
Il Sing e o atual propuseram ao governo estadunidense que retire o tratado de
guerra, da guerra que dura 53 anos, e este não o faz porque é terrorista e
imperialista.
Alegro-me por ver povos felizes com a experiência do reino da
justiça e da paz. Tenho convicção de que os ditos cristãos donos de igrejas, os
das igrejas eletrônicas e dos dízimos, nunca farão nada pelo povo nem pregam a
verdade sobre o Jesus que veio trazer a justiça para a humanidade, para que não
haja mais choro, ranger de dentes, sofrimento, morte e injustiças. Pois que
esta dimensão do reino de justiça aconteça e seja construída pelos
revolucionários populares que amam de fato e de verdade, e não com gritos e baboseiras.
Abraços críticos e fraternos, meu irmão, na luta pela justiça
e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano, em todas
as situações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seus comentários serão publicados. Eles contribuem com o debate e ajudam a crescer. Evitaremos apenas ofensas à honra e o desrespeito.