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segunda-feira

IV. Gestos e linguagem toscas da direita: os ex de esquerda e seu mau caráter





Querida amiga Alair Barboza Thereza

Honro-me imensamente com sua amizade, minha querida e companheira de debates e de lutas. 

Percebo que há uma comunidade bastante sólida no Facebook que se une e comunga entusiasmada e combativamente como numa verdadeira eucaristia da vida e da liberdade. Matérias, textos, ilustrações artísticas e ironias que desconstroem a diabólica direita que compartilhamos entre nós são ricas e educativas. Usamos essa ferramenta para ajudar na conscientização de nossos irmãos brasileiros e para recebermos contribuições, que sempre repassamos entre nós. 

O bacana é que a conheci assim, nesse debate maravilhoso que travamos com pessoas tão especiais que integram nossas listas. Perdoe-me por afirmar que sua presença e participação nessa comunidade “facebucana” tange-me por sua graciosidade e consciência política e cidadã. Obrigado por dedicar tempo tão precioso a esse enriquecimento consciencial. 

Neste artigo, minha querida amiga Alair, pretendo discutir o terrível papel dos que já honraram a luta libertária nos caminhos da esquerda e depois a traíram vendendo-se por tão pouco à causa satânica da direita. 

Antes, talvez, seja significativo lembrarmos o que é direita e o que é esquerda hoje, principalmente no Brasil, cujos campos se confrontam fortemente. 

A direita se caracteriza essencialmente pelos que admiram e se rendem à economia de mercado. É o caminho dos neoliberais. Dos que se opõem ao Estado acusando-o de intervir nas regras e nos interesses entre comércio, bancos, indústrias e grandes produtores agrícolas, que, para seus defensores, têm suas próprias leis que independem da intervenção e regulamentação estatal. A direita reza sempre pelo princípio “mercado máximo e estado mínimo”.  

Em nível mundial a direita através do mercado é perita em promover guerras, destruir nações e matar seus povos, tudo com interesse em seus petróleos e em vender equipamentos de guerra. O mercado é, por excelência, provacador de destruição, de guerras, de miséria e de concorrências predatórias entre os povos. 

Em conjuntura de prevalência do mercado máximo a sociedade é manobrada sob o gosto do lucro máximo. Lucro máximo é o máximo orgasmo dos adoradores do regime “regulamentação pelo mercado”. Os donos do tal mercado exercem a força do dinheiro arrancado dos corpos e vidas dos que trabalham, dos que verdadeiramente produzem, para comprar o poder no executivo, no legislativo e judiciário. Os mercadores bancam as campanhas eleitorais de seu pessoal para “elegê-los” para os cargos onde exercerão o poder a favor dos interesses da casta dominante. A lista do pessoal comprado é enorme: advogados, juízes, jornalistas, policiais, deputados, senadores, governadores, presidentes, mídia, igrejas etc. Enfim, o staff de serviçais do regime do mercado é caro e pesado. É preciso muita corrupção para manter o sistema. Porém a poderosa corrupção se justifica em nome da causa. Aí impera o “direito” da compra de tudo: das consciências, dos votos, dos cargos, dos prestígios, de tudo. 

Os militantes de direita, fanáticos adoradores do mercado, que cinicamente chamam de livre, exigem moralidade intransigente de seus adoradores, mas são muito mais rigorosos com os que pensam o contrário deles. Os agnósticos desenvolvem falsa moral de aparência religiosa. Os religiosos católicos, evangélicos ou espíritas postulam moralidade radicalmente farisaica: seguem a lei do façam a qualquer preço o que eu digo, mas não façam o que eu faço. Exigem que as pessoas de esquerda sejam santas e puritanas, sem erros e supra-humanas. 

Os direitistas se consideram acima de qualquer possibilidade de erro. Sua marca é arrogância. Basta olharmos para alguns deles ainda vivos que aparecem nas TVs hoje: Álvaro Dias, José Serra, Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, Gilberto Freire, Gilmar Martins, Marco Aurélio de Mello, Joaquim Barbosa e outros. Seus olhares são pesados de tanto rancor, ódio e frustração. Seus discursos se disfarçam de empolamento do vocabulário para enganar. Esses homens quando falam o fazem com bocas e línguas pesadas e olhar de medo de ser descobertos e flagrados em suas contradições. Seguem a risca o velho ensinamento: “não é feio roubar, feio é ser flagrado roubando”. 

Uma forte característica moral da direita é a de ser idealista e substituir a realidade com suas teorias. O mais importante para a direita não é a realidade que nos pede conceitos justos, mas os conceitos que ela impõe sobre a realidade, independente de que seja verdade ou não. De preferência que suas teorias não sejam verdadeiras, mas que lhe rendam vantagens. Por exemplo: a palavra democracia para a direita tem o significado de possibilitar a liberdade de exploração, de desemprego, de falta de projetos sociais e não de empoderamento do povo e dos trabalhadores na conquista de seus direitos. Se a constituição federal brasileira define democracia como participação do povo, isso, para a direita não importa como realidade, se não lhe for possível ser “livre” para rebentar com  a liberdade da maioria. Por isso a direita acha que não erra nunca e que não carece de autocrítica. Importa-lhe muito mais o discurso sobre a realidade do que a realidade propriamente dita. 

Em termos políticos a direita é especialista. Nunca atua para perder. Por isso compra as eleições de seus quadros, mantém relação íntima e permanente com eles, sempre dentro de custos calculados.  Nesse sentido não admite “traições”. Caso algum de seus “políticos” resvalar e apoiar algum projeto popular pune-o desligando deles os microfones, as câmeras e as fontes financeiras, jogando-os na desgraça. O lucro, que a direita chama de retorno seguro dos investimentos, é a força divina que a tudo movimenta e justifica. Por isso a direita e seus amados filhos não vacilam em entregar a Pátria à ganância internacional. Por isso são neoliberais.

É importante identificar onde atua a direita, aparentemente invisível, até porque ela não gosta do povo nem dos trabalhadores, muito menos dos pobres cuja pobreza e miseráveis gera aos milhões. Os partidos dos direitistas hoje são o PSDB, o Democratas, o PPS, o PP, setores do PMDB, do PSC, PSD, do Solidariedade, do PSB e outros. A direita atua também e principalmente na mídia através de TVs, jornais, radio e sites pela internet. A partir da barricada da mídia a direita controla seus interesses em todos os níveis de poder. Dependendo do caso joga um jornalista mais raivoso, outro mais doce, ou ainda outro mais hipócrita. Mas todos exercem a missão da urubologia: a de azarar o governo federal, torcer para que erre e alimentar-se das putrefações econômicas e políticas que a direita gera. 

E a esquerda, o que é? Não há propriamente rigorismo na definição desse conceito. A esquerda é um amplo espectro, que vai dos partidos marxista-leninistas, de forte estrutura central-democrática e ideológica de compromisso com a construção do processo socialista, até progressistas de diversas orientações políticas, cujos agentes atuam na defesa dos direitos humanos, dos trabalhadores, dos pobres, dos marginalizados. A aliança entre as diversas correntes dá-se na defesa de uma visão de Estado nacionalista, soberano, desenvolvimentista com investimentos sociais pesados, distribuição de renda e de riquezas. 

Ao contrário da direita, na esquerda o centro de nascimento e gravitação do pensamento é o coletivo. Quem atua na defesa do povo o faz na comunhão com alguém, seja de partido, de comunidade, de entidade social, dos movimentos sociais ou de alguma organização com vida permanente de com partilha de decisões.

Enquanto na direita seus militantes se orientam pela arrogância da minimização da realidade em favor da maximização de seus interesses de minoria dominante, na esquerda facilmente os coletivos reconhecem erros, a necessidade de autocrítica e mudanças de rumo para acertar a prática. Na esquerda há humildade para reconhecer desvios e corrigi-los, porque a realidade é absoluta e transcende vontades e interpretações subjetivas, mais do que as ideias e os conceitos abstratos. 

Politicamente a esquerda age no sentido de reforçar o Estado e a comunhão respeitosa entre as nações soberanas e não no seu aviltamento, como acontece com a direita, que não respeita a soberania e autonomia dos povos. 

A esquerda tem interesse pelo lucro, porém no sentido coletivo e social e não como concentração de riquezas e de renda individualistas. A esquerda sabe que a concentração de riquezas e de renda é a fonte perversa da miséria, da pobreza, da ignorância, da marginalidade e das rupturas doentias do tecido social, desgraçando as pessoas, principalmente as mais vulneráveis. 

Os militantes de esquerda não fazem acepção de pessoas. Quem é de esquerda pode ser religioso, pode ser ateu, pode ser gay, pode ser pobre, classe média, empresário, desde que o compromisso de cada cidadão se revele através da prática em favor do povo. Fora daí tudo é hipocrisia e moralismo burguês. 

Mas me propus, querida amiga Alair, pensar contigo o problema dos ex de esquerda que hoje não o são mais. Conheces alguém que fala que na juventude era de esquerda, que até militava em partido revolucionário tal, comunista ou trotskista, mas que hoje, por questão de sobrevivência, não milita mais? Eu conheço vários. O caráter deles é profundamente duvidável. São dados a mesquinharias pessoais, à fofocas, a calúnias, ao desrespeito às pessoas e aos heróis da luta. Renderam-se às mentiras da mídia dominante. 

Em nossa história brasileira há vários que causaram enormes danos ao País e ao povo por se bandearem com tudo para o lado da direita, sendo muito mais de direita do que os próprios direitistas. Alinharei alguns, até porque já escrevi sobre isso em outros momentos. 

É simbólico o caso de Carlos Frederico Werneck de Lacerda. Este infeliz ganhou os nomes de Carlos e de Frederico, dados por seu pai comunista Maurício de Lacerda, em homenagem a Carlos Marx e Friedrich Engels, pensadores alemães e teóricos fundamentais do lançamento das bases teóricas da revolução socialista. 

Carlos Lacerda não titubeou em trair seu nome, seu pai, seu tio, seus dois primeiros mestres orientadores do caminho mais digno que um ser humano pode trilhar na  vida, que é a militância pelas transformações sociais, nem se negou a trair sua própria tradição. Ainda na juventude aliou-se à direita mais reacionária, golpista e perversa brasileira. A atuação desse triste personagem histórico deu-se através do jornalismo, do partido UDN, que ajudou a fundar para respaldar as ações da direita. Seus esforços para destruir o nacionalismo e soberania concebidos por Getúlio Vargas, que constituiu praticamente o Estado Brasileiro e os direitos dos trabalhadores, para impedir depois a posse de Presidente Juscelino Kubitschek e seu vice-presidente João Goulart, abriram caminhos para grandes crises políticos no poder, não têm medidas, tal o grau de perversidade, em sombreamento de suas raízes. Depois não teve vergonha nenhuma em apoiar o golpe militar de Estado em 1964, sepultando os direitos e a democracia em nosso País por 21 anos, cujos prejuízos ainda amargamos.

Outro de menor porte e significação, mas de mau caráter do mesmo calibre é Fernando Gabeira. Este, também jornalista, chegou a militar no MR8 e participar de seu comitê central quando caiu nas mãos da repressão, preso, torturado e depois se exilou no Chile. Quando retornou ao Brasil o fez pelos braços da direita. Desde então lhe é fiel servidor e capacho. 

Outro que traiu suas origens de esquerda foi o famigerado Paulo Francis. Chegou a estudar nos Estados Unidos com um discípulo do encantador marxista Bertolt Brecht e, no Brasil, foi admirador e apoiador de Leonel Brasil. Conheceu e admirou grandes literatos brasileiros como Clarice Lispector e Jorge Amado. Porém, após a queda da ditadura militar se transferiu para direita e de joelhos a serviu até sua morte, sendo um colunista internacional da Globo, totalmente rendido aos "encantos" e delírios do império americano. Os argumentos para a mudança tresloucada era de que não havia mais socialismo no mundo e que a esquerda no Brasil era muito popular. Meu Deus!

Daí veremos vários, inclusive Fernando Henrique Cardoso, que chegou a se denominar de esquerda e de por ela se eleger senador, que traiu o Brasil dobrando de tal modo a coluna ao imperialismo e, nas corrupções praticadas com as privatizações por seu governo, ao ponto de desonrar a instituição Presidência da República do Brasil. 

Outra é Marina Silva que, com aquela carinha de freirinha recém saída de um convento, é na verdade, com seu ecocapitalismo, uma empregadinha da direita e nada mais, arrastando consigo coxinhas e inocentes. 

Assim é Gilberto Freire, o manda chuva e dono do farsante PPS – Partido Popular Socialista – que tem tudo partido e nada popular, muito menos de socialista. Gilberto é um capacho da direita neoliberal da direita tucana e nada mais. É um traidor mal humorado. 

O que chama a atenção nos tais ex de esquerda, tanto os que mencionei quanto tantos outros que conhecemos em nossas relações, é que todos se venderam à direita e aos direitistas. Mostram-se, contudo, pessoas fracas, de mau caráter e inconfiáveis. Parecem viver em constante sentimento de culpa, o sentimento miserável dos traidores. 

Tentam iludir-se e a todos que são democráticos, que respeitam a opinião dos outros, que sabem conviver com os diferentes. 

Mentirosos: todos eles são autoritários. Nem poderiam ser diferentes. Quem vende a alma ao diabo não tem mais como ser democrático nem saber conviver com ninguém, muito menos com os diferentes. Parecem sentir orgasmo ao ameaçar as pessoas e em olhá-las de cima para baixo.

Dir-te-ia que é muito pior e mais perigoso um relacionamento com um ex de esquerda do que com uma pessoa de direita ou de centro direita.  Já vi várias dessas se converterem de seus maus caminhos ideológicos, mas as outras são muito parecidas com  vira latas, que mordem nas panturrilhas, pelas costas das pessoas. Rosnam e mordem traiçoeiramente sem reconhecer direito à defesa de suas vítimas.  

Esses ex esquerdas são tão grosseiros e toscos em suas linguagens e gestos que nada deixam a desejar à direita. Por aprender a se organizar mentalmente em partidos de esquerda e a estruturar o discurso usam a arte para destruir e fazer o mal. Nem mesmo os que aderem a religiões abandonam os preconceitos e atitudes farisaicas rasteiras de direita. Eles são abomináveis e perigosos. 

Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.

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