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quarta-feira

Três tipos de visões destrutivas de vida




Querido Frei Dr. José

Trabalhar ao seu lado nesses três dias no III Encontro Provincial em Goiânia foi de muito aprendizado para mim. O amigo é imensamente culto e imensamente humilde. Seu doutorado que teve como campo de pesquisa um grupo de Kilombolas em Alagoas mostra seu enorme interesse de se aproximar e de compreender os mais explorados entre os explorados. Sua espiritualidade no encontro com o Jesus do povo é comovente.

Como eu disse em minha palestra, na igreja (com “i” minúsculo) encontramos com muita gente afastada de Jesus e do povo, principalmente dos humildes. Esse tipo de gente é arrogante, traiçoeira, farisaica, mesquinha e soberba. Pensam que sabem tudo e que a tudo conhecem. Seus juízos são sempre, para elas, os mais importantes, mais profundos e unicamente válidos. Os outros, no mínimo, têm noções de alguma coisa. Felizmente encontrei no senhor muita humildade e abertura.

Pois bem, isso acontece porque seguimentos de pessoas que transitam pelas igrejas umbilicam-se com as mesmas explicações do artigo que posto abaixo, de autoria de John Pilger. Ele estuda a realidade estadunidense de nossos dias e percebe um novo tipo de fascismo que toma conta do poder e que espalha desgraças por todo o mundo, como se fosse um incêndio de grandes proporções. Vale a pena ler. Penso que o mesmo acontece no Brasil, com mobilização de muitos setores econômicos e políticos.

Parece-me que através das manifestações que tomam conta do Brasil desde junho, dentro e fora delas, aparecem três visões destrutivas de mundo para analisar as próprias manifestações e o nosso País, muitas movidas pelo fascismo: 1. A dos bobos: esses são “os Maria” vai com as outras. Vêm muita gente na rua e, mesmo sem saber as razões, gritam qualquer coisa presa em suas gargantas desde há tempo. Esses são facilmente manobráveis pelo fascismo terrorista. 2. Os de direita não convicta: não gostam de Lula e de Dilma e não sabem bem porque, mesmo que sejam mais pobres do que ratos de tapera. São copiadores da direita oposicionista. Alguns até mentem que foram militantes de esquerda no passado ou que são parentes, como filhos ou netos de combatentes perseguidos, mas que se decepcionaram com o que eles chamam de esquerda e com Lula-Dilma.  Agora apoiam a direita e posam de apartidários e de ser contra tudo o que está aí, sem participar de nada e sem nada propor. Alguns de seus seguimentos se acham muito bem informados, até ensaiam algumas elucubrações de alguns manuaizinhos de livros ou autores sobre os quais ouviram falar na universidade. Quando falam esguicham saliva para todos os lados sem conseguir dizer nada ou fecham a cara e espicham trombas quando contrariados em suas bobagens. São vizinhos dos bobos por serem também manipulados pela direita, mesmo que batam no peito alegando que pensam por is mesmos. 3. Os fascistas convictos: esses contam com o apoio da mídia, de parte do empresariado, de parlamentares em todos os níveis, de setores de igrejas evangélicas e católicas, dos bobos do primeiro ponto, que são inocentes úteis e dos alienados de direita não convicta do segundo ponto. Os direitistas não poupam energia no esforço de golpear a democracia, de derrotar o povo e de prostituir a Nação submetendo-a ao estupro imperialista. A partir daí o povo mergulha no inferno da miséria, do desemprego e das exclusões de todos os tipos.

Boa leitura do excelente artigo de Johan Pilger. É um bom texto que ilumina a compreensão desta realidade que vivemos aqui no Brasil, também.

Abraços críticos e fraternos na boa luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.

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O PRISM e a ascensão de um novo fascismo



29.Jun.13  
  

A revelação de que Washington utilizou a Google, Facebook, Apple e outros gigantes da tecnologia do consumidor para espionar quase toda a gente é uma nova evidência da forma moderna de fascismo. Tendo nutrido fascistas tradicionais por todo o mundo – desde a América Latina à África e à Indonésia – o génio libertou-se e voltou para casa. Entender isto é tão importante quanto entender o abuso criminoso da tecnologia.


No seu livro, Propaganda, publicado em 1928, Edward Bernays escreveu: “A manipulação consciente e inteligente dos hábitos organizados e das opiniões das massas é um elemento importante na sociedade democrática. Aqueles que manipulam este mecanismo que não se vê da sociedade constituem um governo invisível, o qual é o verdadeiro poder dominante no nosso país”.

Bernays, o sobrinho americano de Sigmund Freud, inventou a expressão “relações públicas” como um eufemismo para propaganda de estado. Ele advertiu uma ameaça permanente ao governo invisível era os que dizem a verdade e um público esclarecido.

Em 1971, Daniel Ellsberg trouxe a público os ficheiros do governo estado-unidense conhecidos como “The Pentagon Papers”, revelando que a invasão do Vietname fora baseada numa mentira sistemática. Quatro anos depois, Frank Church dirigiu audiências sensacionais no Senado dos EUA: um dos últimos lampejos da democracia americana. Estas puseram a nu a plena extensão do governo invisível: a espionagem e subversão internas e a provocação de guerra pelas agências de inteligência e “segurança”, bem como o apoio que recebiam do big business e dos media, tanto conservadores como liberais.

Ao referir-se à Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), o senador Church afirmou: “Sei que a capacidade que há para instaurar tirania na América e devemos verificar que esta agência e todas as agências que possuem esta tecnologia operem dentro da lei… de modo a que nunca cruzemos esse abismo. Trata-se do abismo do qual não há retorno”.

Em 11 de Junho de 2013, a seguir às revelações no Guardian de Edward Snowden, contratado pela NSA, Daniel Ellsberg escreveu que os EUA agora caíram dentro “daquele abismo”.

A revelação de Snowden, de que Washington utilizou a Google, Facebook, Apple e outros gigantes da tecnologia do consumidor para espionar quase toda a gente, é uma nova evidência da forma moderna de fascismo – esse é o “abismo”. Tendo nutrido fascistas tradicionais por todo o mundo – desde a América Latina à África e à Indonésia – o génio libertou-se e voltou para casa. Entender isto é tão importante quanto entender o abuso criminoso da tecnologia.

Fred Branfman, que revelou a destruição “secreta” do pequeno Laos pela US Air Force nas décadas de 1960 e 70, proporciona uma resposta àqueles que ainda se admiram como um presidente afro-americano, um professor de direito constitucional, pode comandar tamanha ilegalidade. “Sob o sr. Obama”, escreveu ele, “nenhum presidente fez mais para criar a infraestrutura para um possível futuro estado policial”. Por que? Porque Obama, tal como George W. Bush, entende que o seu papel não é satisfazer aqueles que nele votaram mas sim expandir “a mais poderosa instituição da história do mundo, uma instituição que matou, feriu ou privou de lar bem mais de 20 milhões de seres humanos, principalmente civis, desde 1962″.

No novo ciber-poder americano, só as portas giratórias mudaram. O director da Google Ideas, Jared Cohen, era conselheiro de Condaleeza Rice, a antiga secretária de Estado na administração Bush que mentiu quando disse que Saddam Hussein podia atacar os EUA com armas nucleares. Cohen e o presidente executivo da Google, Eric Schmidt – eles encontraram-se nas ruínas do Iraque – escreveram um livro em co-autoria, The New Digital Age, apresentado como visionário pelo antigo director da CIA Michael Hayden e pelos criminosos de guerra Henry Kissinger e Tony Blair. Os autores não mencionam o programa de espionagem Prism , revelado por Edward Snowden, que proporciona à NSA acesso a todos nós que utilizamos o Google.

Controle e domínio são as duas palavras que dão o sentido disto. São exercidos através de planos políticos, económicos e militares, entre os quais a vigilância em massa é uma parte essencial, mas também pela propaganda insinuante na consciência pública. Este era o ponto de Edward Bernay. As suas duas campanhas de RP com mais êxito foram convencer os americanos que deveriam ir à guerra em 1917 e persuadir as mulheres a fumarem em público; os cigarros eram “archotes da liberdade” que acelerariam a libertação da mulher.

É na cultura popular que o “ideal” fraudulento da América como moralmente superior, como “líder do mundo livre”, tem sido mais eficaz. Mas, mesmo durante os períodos mais patrioteiros de Hollywood houve filmes excepcionais, como aqueles de Stanley Kubrick no exílio e audaciosos filmes europeus que encontravam distribuidores nos EUA. Nestes dias, não há Kubrick, nem Strangelove e o mercado estado-unidense está quase fechado a filmes estrangeiros.

Quando apresentei meu filme, “A guerra à democracia” ( “The War on Democracy” ), a um grande distribuidor dos EUA de mentalidade liberal, recebi uma lista de mudanças exigidas para “assegurar que o filme fosse aceitável”. A sua inesquecível cedência para mim foi: “OK, talvez pudéssemos deixar Sean Penn como narrador. Isso o satisfaria?” Ultimamente, o filme de apologia da tortura “Zero Dark Thirty”, de Katherine Bigelow, e “We Steal Secrets”, um trabalho de machadinha contra Julian Assange, foram feitos com o apoio generoso da Universal Studios, cuja companhia-mãe até recentemente era a General Electric. A GE fabrica armas, componentes para aviões-caça e tecnologia avançada de vigilância. A companhia também tem interesses lucrativos no Iraque “libertado”.

O poder dos que contam verdades, como Bradley Manning, Julian Assange e Edward Snowde, é que eles refutam toda uma mitologia construída cuidadosamente pelo cinema corporativo, pela academia corporativo e pelos media corporativos. A WikiLeaks é especialmente perigosa porque proporciona aos que contam a verdade um meio para a por cá fora. Isto foi conseguido em “Collateral Murder”, o vídeo filmado a partir da cabina de um helicóptero Apache dos EUA que alegadamente foi revelado por Bradley Manning. O impacto deste único vídeo marcou Manning e Assange para a vingança do estado. Ali estavam pilotos dos EUA a assassinar jornalistas e mutilar crianças numa rua de Bagdad, a divertirem-se claramente com isso e a descrever a sua atrocidade como “linda”. Mas, num sentido vital, eles não escaparam sem punição; somos agora testemunhas e o que resta é para nos tramar.

20/Junho/2013

O original encontra-se em New Statesman e em www.counterpunch.org/2013/06/21/prism-and-the-rise-of-a-new-fascism/
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

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