Barbosa avaliza calúnias de Marcos Valério contra Lula
Presidente do Supremo extrapolou as atribuições do seu cargo e colocou
outra vez o STF numa situação difícil
O ministro Joaquim Barbosa usou sua posição de presidente
do Supremo Tribunal Federal (STF) para insuflar a matilha de golpistas de
plantão, dando guarida às aleivosias inventadas por Marcos Valério contra o
ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Ele declarou que as
calúnias de Valério contra Lula devem ser investigadas, o que rendeu
manchetes garrafais da mídia golpista.
Nunca houve um presidente do STF – nem o recém aposentado
Ayres Britto - que, diante das declarações de um elemento que, depois de
sete anos, no desespero, acusa, sem nenhuma prova, um homem sabidamente
honrado, com serviços prestados aos país, e ex-presidente da República, se
rebaixasse a essa atitude de chicaneiro, remexendo desabridamente no lixo
moral.
As declarações de Marcos Valério, um caixa dos tucanos
que, infelizmente, o PT não repeliu a tempo, são tão absurdas que até o
ex-deputado Roberto Jefferson, que todos sabem que não morre de simpatias
por Lula nem pelo PT, sentiu-se obrigado a dizer que "o carequinha não tem a
menor credibilidade para atacar o presidente Lula".
Parecem ter razão os que, antes de sua posse como
presidente do STF, questionaram se Barbosa tinha o equilíbrio para tal
posto, formalmente o quarto da República. Naturalmente, se Barbosa não tem
equilíbrio para ser presidente do STF, também não o tem para ser ministro.
Além do comportamento pouco próprio de um juiz em
público, além do desrespeito permanente a colegas – inclusive de
subestimação, especialmente quando são mulheres - Barbosa já vem colocando o
STF numa perigosa rota de colisão com o Poder Legislativo, ao impor que o
Supremo decida sobre as cassações de mandatos dos parlamentares condenados
na AP 470, uma prerrogativa que é do legislativo, consagrada explicitamente
e com todas as letras na Constituição Federal.
Com mais essa atitude, onde um prejulgamento absurdo, ou
seja, um preconceito raivoso, se sobrepôs ao decoro, demonstra que não reúne
as mínimas condições de integrar e muito menos de estar à frente do STF. O
desrespeito à Constituição Federal é caracterizado como crime de
responsabilidade quando cometido por quem tem o dever de zelar por ela. O
artigo 52 da Constituição é claro ao definir que crimes de responsabilidade
cometidos por membros do STF devem ser julgados pelo Senado Federal, que tem
o poder de remover os juízes incapazes de conduzirem-se adequadamente no
cargo. Aliás, a lei 1.079/50, define com um dos cinco crimes de
responsabilidade em que podem incorrer os ministros do STF, precisamente, o
"proceder de modo incompatível com a honra, dignidade e decoro de suas
funções" (artigo 39, item 5).
A reação a essa espécie de conluio entre a mídia e o
presidente do STF foi ampla e imediata.
A presidente Dilma Rousseff se posicionou energicamente
em relação aos ataques orquestrados contra Lula. Ela disse que considera
"lamentáveis as tentativas de desgastar" a imagem do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. "É sabida minha admiração, o meu respeito e minha
amizade pelo presidente Lula. Portanto, eu repudio todas as tentativas – e
esta não é a primeira – de tentar destituí-lo da sua imensa carga de
respeito que o povo brasileiro lhe tem", respondeu Dilma, durante uma
entrevista coletiva ao lado do presidente francês François Hollande, no
Palácio do Eliseu, em Paris.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP),
classificou de "profunda inverdade" as acusações de Valério: "A pessoa que
disse não tem autoridade para falar mal do presidente Lula, que é um
patrimônio da história deste país, por sua vida e tudo que ele tem
feito", disse o presidente do Senado, acrescentando que as "calúnias
não procedem". O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), também
rebateu Barbosa. "Não é uma afirmação que mereça crédito, mereça
consideração ou sequer investigação, eu acho que deve ser mandada para
arquivo porque não merece, efetivamente, nenhum tipo de consideração", disse
Marco Maia.
Em nota, o PT classificou como "sucessão de mentiras
envelhecidas" o depoimento de Valério. "Trata-se de uma sucessão de mentiras
envelhecidas, todas elas já claramente desmentidas. É lamentável que
denúncias sem nenhuma base na realidade sejam tratadas com seriedade.
Valério ataca pessoas honradas e cria situações que nunca existiram,
pondo-se a serviço do processo de criminalização movido por setores da mídia
e do Ministério Público contra o PT e seus dirigentes", diz o texto assinado
pelo presidente da legenda, Rui Falcão.
Os ataques de Marcos Valério ao ex-presidente Lula
estariam num depoimento que foi prestado por ele a procuradores da República
em setembro, com a intenção de obter proteção e alívio na sua pena. O
Estadão, jornal que obteve o depoimento, vazado da Procuradoria Geral da
República, diz que Valério afirmou que Lula sabia dos empréstimos ao PT e
que fez repasses, em 2003, para pagamento de despesas pessoais do
ex-presidente.
Não há nas reportagens nenhuma prova apresentada pelo
denunciante. Defender, como fez Barbosa, que o Ministério Público deva abrir
uma investigação para apurar as declarações de Valério, sem nenhuma prova
contra o ex-presidente, é no mínimo uma irresponsabilidade funcional. O
jornal afirma que teve acesso à íntegra do depoimento, assinado pelo
advogado do empresário, o criminalista Marcelo Leonardo, pela subprocuradora
da República Cláudia Sampaio – por coincidência, esposa do procurador Gurgel
- e pela procuradora Raquel Branquinho. O vazamento, portanto, foi
patrocinado por uma dessas pessoas.
Os ministros do Supremo, à época em que surgiram as
primeiras notícias sobre o depoimento, receberam as informações com cautela
e alertaram que as declarações não deveriam mudar o julgamento. Aliás, esse
depoimento, por inverossímil, nem foi juntado ao processo. Com o vazamento
do depoimento para a mídia, Barbosa decidiu mudar de opinião e colocar lenha
na fogueira dos golpistas.
SÉRGIO CRUZ
Silvio Meincke
ResponderExcluirOlá, Orvandil. Faz 8 anos que estou morando na Alemanha. Tenho aceito convites para fazer palestras sobre alguns temas atuais. Escrevi muito e continuo escrevendo, conforme podes verificar no mural ou buscando em Google OIKOS SILVIO MEINCKE LIVROS. Aqui, eu participo de ATTAC e procura promover produtos de comércio justo. Mas a gente é um pingo minúsculo no mar do deus mercado. No mais, estou bem. Minha mulher é pastora na LUKASGEMEINDE, em Schwäbisch Hall. Eu cuido da casa, cozinho, faço os temas de aula com nossa filha. E luto com a saudade das terras gaúchas. Em agosto fiz ampla viagem com um grupo de alemâes em visita a 4 povos indígenas. Agora, estamos vendo o que podemos fazer em favor desses irmâos que continuam perseguidos. E tu, como vais? Desejo-te uma boa semana, muitos bons momentos nesta época da Advento e Natal, e fico com fraterno abraço.