Querida
Profª Anita
Nessa semana visitei várias escolas estaduais aqui em
Goiânia. Impressionei-me com muita indignação com o abandono material e
didático ao qual são jogadas as escolas. Embora o ânimo de professoras e
professores, verdadeiras heroínas e heróis, percebi a tristeza do ambiente em situação de
petição. Falta de pintura, pisos arrancados, carteiras estragadas, lousas
quebradas, portões caindo, sujeira acumulada nos pátios e outros sinais de
extrema pobreza mostram a maneira cruel como esse governo de Goiás encara o
ensino público, destinado aos pobres, filhos e filhas de trabalhadores.
Para piorar minha tristeza, ao buscar na internet uma imagem
que retratasse a realidade que vi, deparei-me com a desoladora situação de
desistência do Estado de Goiás com a educação de nossas crianças, adolescentes
e jovens. Aqui entre parênteses há o link ( G1)de uma matéria que arrola a
grave situação de pauperismos escolares nas maiores cidades deste estado.
A precariedade das escolas, sem falar nas péssimas condições
salariais de professores/as e funcionários/as escolares, contrasta gravemente
com a enorme propaganda pela mídia que esse governo daqui faz. As escolas, os
professores, crianças, adolescentes e jovens das mensagens de governo não têm
nenhuma relação objetiva com a realidade cotidiana do ensino em Goiás. Pelo
contrário, na propaganda, professores, crianças, adolescentes e jovens são
sorridentes e felizes. Dá uma vontade enorme de conhecer e trabalhar nessas
fantasias do governador de gravata rosa ou o homem de camisa azul, como dizia
José Netho, candidato a Prefeito de Goiânia. Porém, repito, são cenários irreais,
fruto de quem governa pela mídia e seus enormes gastos do marketing.
Como elevar-se o nível de consciência de cidadania de uma
juventude que não recebe investimentos para educar-se? Como esperar
qualificação política, teórica e profissional para a construção de uma
sociedade justa se o governo não investe em educação? É aqui que se vislumbra o
mal que faz ao povo um governo comprometido com uma elite atrasada e egoísta,
sem nenhum compromisso com o desenvolvimento educacional e econômico da maioria
da população. Os escombros da educação são testemunhos do projeto falido
neoliberal, que Marconi Perrilo, o governador investigado daqui, que, se
pudesse, privatizaria até o oxigênio que respiramos. No momento em que a discussão a partir da
aprovação do investimento de 10% do PIB em educação o governo de Goiás joga a
educação no lixo.
Que dor, minha amiga Profª Anita eu sinto ao saber que Cuba, o
regime mais justo de nosso Continente, o governo investe 9,3 do PIB em
educação, colhendo índice zero em analfabetismo e a melhor saúde do mundo, em
Goiás o governo nada faz por ela. A própria UNESCO reconhece que Cuba
encontra-se em nível superior de desenvolvimento educacional aos Estados
Unidos. Enquanto esse marca o lugar 25 entre os países que mais investem em
educação Cuba está em 16º.
Vive-se no Brasil, e acentuadamente em Goiás, uma grande
sacanagem: a sociedade e o tal de mercado, como alguns gostam de dizer, tudo
exigem em termos de qualificação da juventude, mas nada fazem para
qualificá-la. Não investem em salários dos professores e funcionários
educacionais, em reforma e construção de prédios, de equipamentos e de
laboratórios.
Nessa manhã conversei com algumas lideranças políticas de
visão social mais justa que comentaram que esse estado carece de mudança de paradigma,
de visão de mundo, de atitude política mais séria e comprometida com a justiça
social, cuja luta passa pela educação. Concordo plenamente. O grupo que está no
poder aqui no estado nada vê para além de suas gravatas rosa.
Abraços críticos e fraternos.
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