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quinta-feira

A campanha anti aborto é caolha e de eixo deslocado




Amiga Profª  Márcia Xavier

Escolhi te escrever sobre o aborto em debate na sociedade brasileira pelo fato de seres mulher e interessada nesse assunto, certamente. Além disso, tua amizade me honra pelo fato dessa relação nascer no encontro aluna-professor em cursos de pós graduação no Instituto ConsciênciaGo, aqui em Goiânia. 

Pois bem, Profª Márcia, acompanho com interesse o debate se que trava em torno do aborto. Há, de um lado, as pessoas que o defendem e argumentam as razões pelas quais advogam sua vigência legal. Dizem que a não descriminalização do aborto permitirá que este saia da clandestinidade e dos porões escuros e fétidos onde os exploradores com atitudes de açougueiros, sedentos de dinheiro e de lucro, assombram as mulheres, arrancando-lhes de seus úteros fetos em formação, tudo com indignidade, maus tratos e falta de higiene, sem nenhuma garantia da sua saúde.

Já os favoráveis a criminalização do aborto alegam defesa da vida por ser esta criada por Deus, portanto, intocada pelas mãos humanas. Há princípios complexos que fundam os argumentos dos anti abortistas.  Eles pressionam, mobilizam multidões e articulam muito dinheiro  para sua campanha. 

Claro, qualquer pessoa de bom senso é contra o aborto simplesmente por ser este  contra a vida. Porém,  vejo dois problemas sérios na demanda dos que lutam contra a descriminalização. Destacam-se nessa “luta” grupos católicos e evangélicos conservadores, com tintura de direita. Seu discurso é moralista e piegas. Não entram a fundo no problema. Como todos os moralistas, tratam dessa questão importante descoladamente da realidade das mulheres e sociais, políticas e econômicas. Sua fórmula é apenas essa: “em defesa da vida” dos fetos. 

Outro dia me deparei com uma passeata grande aqui no centro de Goiânia, Goiás. O aparato usado era impressionante.  Enormes carros de sons, locutores com vozes sonoras, bandas musicais, e, espantem-se, o Deputado Marconista e neoliberal Fábio Sousa dependurado num dos carros com microfone em punho falando contra o aborto em defesa da vida. Como parte do cortejo muitas faixas oportunistas do Governo do Estado de Goiás em apoio ao movimento. Noutras palavras, o Governador Marconi Perillo, em baixa em virtude de denúncias de seu envolvimento com a corrupção em torno do mafioso Carlos Cachoeira, aproveita-se dos “defensores da vida” para colorir um pouco sua imagem manchada pela máfia e pela corrupção. Nenhuma palavra sobre as mulheres e suas condições reais e gritantes de pobreza e de ameaças pela baixa renda, pelo desemprego e falta de segurança na saúde e no trabalho. Marconi e o Prefeito Paulo Garcia, aqui em Goiânia, pintam um quadro maravilhoso da saúde nos postos e hospitais da capital. Contudo, as mulheres sabem na prática o quanto de mentira há nessas propagandas em ano eleitoral. 

Esse é um problema importante: partidarizaram o aborto. Este virou matéria eleitoral e de moeda de troca de apoios e de acusações a candidatos. Os anti abortistas normalmente são de direita e se aproveitam dos erros de governo para atacar o Governo Federal que mais se envolve com as famílias e as mulheres no sentido de resolver o pano de fundo do aborto.  Portanto, a tal tese “em defesa da vida” é hipócrita, injusta e mentirosa. 

Não há como atacar o problema sem tratar da mulher que é joguete numa sociedade mal amada pelo capitalismo e com fortes cores machistas.  Na entrevista de Frei Betto, aqui abaixo, dada ao site Panorama Mercantil, ele propõe uma solução que me parece a mais sensata e sem o uso mal intencionado da direita, dos conservadores e dos moralistas, que nunca resolveram nada dos direitos humanos e não será com esse discurso fingido que resolverão alguma coisa. Diz Frei Betto: sou favorável à descriminalização. Admiro o sistema francês, que permite à mulher recorrer ao serviço público de saúde quando decidida abortar. Porém, antes que o pedido dela seja atendido, ela é cercada por médicos, psicólogos e ministros de sua confissão religiosa, que tentam demovê-la do intento. E quase sempre o conseguem. Isso reduziu drasticamente o número de abortos na França, além de acabar com os abortos clandestinos, causa de morte de muitas mulheres.”

Eis a questão: o aborto será resolvido pelo serviço público, gratuito e de qualidade e não por picaretas, que querem a privatização da saúde, como é o desejo de Marconi Perillo ao privatizar hospitais, flagrado em processo de venda para o esquema do bicheiro Carlos Cachoeira. 

Abraços críticos e fraternos, querida Profªa Márcia.

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