Caro Pregador e Deputado Fábio Sousa
Sou imensamente agradecido a milhares de teus eleitores de todo o estado de Goiás, que acessaram meu blog para ler e entender as questões implícitas e ocultas que balizam tua atuação pública como deputado estadual, aliada ao fato de que és cristão (?) militante e membro do clero de uma igreja evangélica.
O fato de seres pregador cristão, cujas pregações são enviadas pela TV e pelas rádios de tua família a milhares de aparelhos receptores, mostra as raízes de tua confissão de fé. Até tudo bem. Mereces respeito como todas as pessoas que confessam quaisquer credos. Conheço milhares de cristãos militantes dos movimentos sociais, católicos das várias denominações (não somente romanos) e evangélicos, também das inúmeras confissões e enorme lista, que cresce todos os dias. A história de lutas identifica muitos mártires de heróis cristãos que entregaram suas vidas na defesa dos direitos do povo, principalmente dos mais pobres. Isso me parece coerente. Como diz Frei Betto: “ser seguidor de Jesus é seguir um preso político. Jesus não morreu numa cama de hospital nem numa corrida de camelos em uma das esquinas de Jerusalém, mas numa cruz dedicada aos subversivos e perseguidos políticos”. Durante as lutas com que me envolvi, prezado pregador evangélico e deputado Fábio, me deparei com pessoas santas que entendiam que ser fiel aos ensinos de Jesus é posicionar-se no lado de baixo do porão social, onde estão os massacrados pelos sistemas de exploração e violência dos direitos humanos.
Claro, a história das colonizações da América mostra equívocos profundos de “cristãos” que mataram, violentaram, torturaram, estupraram e dizimaram populações inteiras de indígenas e de homens e mulheres arrancados da África, escravizados aqui. A barbárie foi tão violenta que missionários mais sensíveis escreveram ao Papa Gregório V perguntando se poderiam maltratar os escravos. Aquela autoridade vaticana emitiu bula afirmando que não se deveria maltratar o escravo como não se deveria maltratar a qualquer animal, pois escravo não tem alma, como os animais irracionais. Nosso solo pátrio é tingido pelo sangue de nossos irmãos negros e indígenas. Pior, derramado por homens que empunhavam a cruz numa das mãos, professando-se cristãos e, na outra, a espada assassina. Aliás, esses eram os mesmos símbolos que sinalizavam os poderes dos reis católicos na Europa. Cabe perguntar, deputado e pregador Fábio, em que se baseavam tais “cristãos” para tamanha incoerência? O Papa Gregório V fundamentou-se na malfadada escolástica, tomista e aristotélica e, por isso, discriminatória das mulheres, dos escravos, dos estrangeiros e das crianças, para orientar a barbárie dos representantes católicos da civilização branca européia a serem tão cruéis e desumanos como o foram.
Isto é, deputado e pregador evangélico, a incoerência lógica de tais “cristãos” os levava a ser fervorosos adeptos de Cristo e perseguir os que mais ele amaria e por quem entregaria a vida. Como pode isso? Uma das explicações é o fato de a Igreja Moderna ser matrizada pela visão medieval que cria num Cristo real, rei, amante de tronos e de riquezas, arrancando dele o cerne de sua missão, que era o serviço e a luta pelos pobres, como servo da humanidade. As invasões criminosas da América se deram auxiliadas pelo modelo de que o mundo girava em torno da Europa católica romana, com um Cristo imperial e sentado no trono da colonização e da barbárie, numa violenta contradição com o Jesus da experiência primitiva e com os profetas do Velho Testamento.
E hoje o que move tanta contradição de ditos cristãos que servem a dois senhores: um, ao proclamarem-se seguidores de Jesus, muitas vezes de maneira fanática e irrefletida, e a outra de se aliarem a projetos conservadores, excludentes do povo e dos pobres, ao defenderem sistemas desumanos, que empobrecem milhões de pessoas, de modo absolutamente desumano e cruel. Nesse sentido olho envergonhado para a bancada dita evangélica em Brasília e vejo seus parlamentares ao lado da reação e dos entraves ao desenvolvimento com distribuição de renda e de riquezas. Parecem orientar-se pela linha farisaica, a que colaborou dedicadamente com a crucificação de Jesus, a defender picuinhas como o não casamento de gays, a homofobia, ser contra o projeto de lei apelidado de palmadas e outras bobagens, tão inferiores quanto essas, ao invés de se colocarem ao lado do povo na defesa de reforma agrária, da reforma das comunicações, que o Pastor César Augusto tanto teme, reforma urbana, na defesa da soberania nacional, contra os juros etc. Agora mesmo dedicam-se a perseguir dois ministro do governo Dilma, simplesmente por serem intolerantes e inquisitoriais, no exercício dos mandatos que deveriam servir ao povo, a quem pertencem, em última análise.
Caro deputado e pregador Fábio, não consigo entender como o prezado parlamentar prega Jesus e cala-se em face do que o governador de seu partido, o senhor Marconi Perillo, faz contra o magistério da rede estadual de Goiás. O movimento grevista de agora escancara a miséria da educação e do magistério sob esse governador injusto. Essa mídia escarrapachada, apesar disso, mostra todos os dias o que a política para a saúde desse governador faz com quem não pode pagar planos de saúde. As pessoas são pisadas, judiadas e empurradas para a escuridão do sofrimento e da morte. A política do PSDB, do Democratas e do PPS contém o vírus do assassinato dos pobres. O núcleo ideológico desses partidos, que vertebra os projetos de poder, é naturalmente perversa e anti-social. Tem razão a professora Marília Amorim, que leciona em Paris, entusiasmada com o Livro de Amaury Ribeiro Jr, “Privataria Tucana”, num e-mail a Paulo Henrique Amorin, disse “ que a corrupção é inerente ao próprio sistema neoliberal”. Não é outra a verdade. Onde os tucanos governam sempre sobra corrupção com a marca de tirar dos pobres para dar aos ricos, de modo entreguista e aviltante. Assim é em São Paulo com Geraldo Alckmin e o é em toda a parte como foi no governo federal com Fernando Henrique Cardoso e José Serra.
Então, deputado e pregador Fábio de Sousa, de que lado estás? De Jesus, a quem pregas e dizes que segues desde criança quando revelaste que tinhas o dom do Espírito Santo, sendo ordenado pastor aos 18 anos, ou lado dos que roubam do povo, dos que espoliam quando à frente do poder público? Que disseste ao Governador Geraldo Alckimin e ao Prefeito Eduardo Cury, que mandaram a polícia, paga com os impostos do povo, bater, expulsar, balear e, segundo algumas denúncias, estuprar e abusar sexualmente de moradoras e moradores de Pinheirinho, em São José dos Campos – SP, de teu partido? Que dizes ao governador de Goiás também de teu partido pelas truculências e injustiças que ele pratica?
Como se vê, deputado e pregador Fábio, não basta orar, ter o dom da palavra para pregar sobre Jesus, há que sermos coerentes. A incoerência medieval tem que ser rompida: o Jesus que pregas é o mesmo que dever ser vivido na defesa dos pobres.
Novamente te digo, incoerência é servir dois senhores, totalmente opostos um ao outro, como é o caso de Jesus e do neoliberalismo, capitaneado pelo PSDB, teu partido, pelo Democratas e pelo PPS, todos de direita e reacionários, que fazem mal ao povo. Caso assumas a coerência de um seguidor de Jesus, vem para o lado certo. Isso não é trair, pelo contrário, é curar-se da traição ao povo. Conta comigo.
DOM ORVANDIL:
ResponderExcluirCOMO SEMPRE, ACERTANDO NA MOSCA...
ABRAÇOS DE APOIO,
SEB@R