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segunda-feira

SINAIS ECUMÊNICOS SIGNIFICATIVOS

A Igreja Anglicana Episcopal do Brasil - IEAB - inaugurou uma missão no Setor Central de Goiânia. A celebração, presidida pelo Rev. Elias Vergara e celebrada por Dom Maurício Andrade, Bispo Primaz da 19ª Província da IEAB, foi ato de traços proféticos marcantemente ecumênicos. Aliás, culto vivo, participativo, com cânticos bem cantados e emocionantes. Não tenho nenhuma razão para não reconhecer e deixar de dar testemunho honesto disso. E por que entendo este ato como marcantemente profético e ecumênico?
1. Ecumênico porque a missão inicia num espaço cedido pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e contou com a participação de uma de suas pastoras, mulher valiosa e extremamente culta; porque contou com a representação da Igreja Católica Romana e de outras, não reconhecidas, mas presentes e co-construtoras do ecumenismo libertador, por isso dignas de respeito, e Deus conhece as boas intenções e práticas, nada oportunistas, mas igualmente ecumênicas e proféticas. O alto da vivência ecumênica se deu em torno da mesa eucarística, há séculos representativa do escândalo da divisão entre crist@s das diferentes tradições. Em torno da mesa santa celebraram o Primaz Anglicano, o Pároco da IEAB de Goiânia, a Pastora da IECLB e um Padre da Igreja Romana. Consagraram as duas espécies, o pão e o vinho, e comungaram num sinal altissonantemente maravilhoso de ecumenismo e de comunhão. Não me senti excluído, de maneira nenhuma. Senti-me plenamente representado àquela santa mesa pelas tradições católica e evangélica. Certamente outras tradições presentes, silenciosas e sem estardalhaços, sem ser mencionadas oficialmente, se sentiram representadas na mesa santa. Comungaram como povo em alegria e comunhão e, com suas almas plenas da alegria ecumênica e libertadora, ingressaram nas ruas, espaço destinatário de Jesus, onde todos temos que testemunhar na prática o ecumenismo que une na libertação em todos os sentidos. Portanto, a missão anglicana no Setor Central de Goiânia nasce ecumênica, com as marcas da união e da exclusão, ao mesmo tempo. Nasce para vingar, para ser forte, para iluminar, para testemunhar o Reino que Jesus instalou na oprimida Palestina.
2. Profético porque em tudo conclamou para a inclusão, ainda que com alguns traços viciados da arrogância das pretensões denominacionalistas, tradicionais e do institucionalismo ecumênico. A reflexão de Dom Maurício conclamou a vir para o meio, marca da vida que pulula, que pulsa e salta aos borbotões, onde atua o Jesus que cura, que liberta e que une em torno da justiça evangélica libertadora. Os textos bíblicos lidos alimentaram a consciência da mudança de nosso entorno social e ambiental. Os cânticos, cantados com animação e beleza artística, incentivaram a comunhão e o sentido da transformação. Portanto, a IEAB inicia no centro de Goiânia, conhecida mundialmente por sua contradição expressa na informação de que esta cidade tem a melhor qualidade de vida mas também representa a maior concentração de renda do País, conforme constatação de pesquisa da ONU, goste dessa informação ou não o nosso Prefeito Íris Rezende, e pela violência que assassinou 482 pessoas nesse ano, conforme dados oficiais, além de indicativos alarmantemente desumanos que excluem e desqualificam as vidas de milhares de cidadãos e cidadãs trabalhadores/as. A IEAB situa-se no Setor Central para ajudar a gritar contra as injustiças e pelas mudanças. Aleluia! Conte conosco. Mas, se isso não bastasse, o culto chegou ao fim com a sobremesa, na verdade parte integrante da essência da mesa, com o Rev. Elias falando sobre três grandes pastorais desenvolvidas por sua Paróquia São Felipe, com marcas altamente proféticas, libertadoras e curativas: Pastoral Social, que coloca sua igreja ao lado dos oprimidos que lutam por libertação; a Pastoral Carcerária, que ladeia sua igreja com os mais legítimos oprimidos em todos os sentidos, os presidiários de Goiânia, em número de 5000; e a Pastoral Homo-sexual, que luta contra os preconceitos arraigados em nossa sociedade, que excluem e desumanizam. Parabéns, IEAB, parabéns Maurício, parabéns Elias, parabéns a todos nós!

Concluo refletindo. Há várias vertentes do ecumenismo. Um do tipo guarda-chuva, dominado por uma igreja que se pensa dona do cristianismo e do ecumenismo; outro dos órgãos ecumênicos oficiais, fartamente burocráticos e com a boloração da arrogância que busca salvar igrejas e ser vanguarda social; outro que nem se imagina ecumênico, mas cujas lideranças, pastores, padres, líderes de religiosidades e espiritualidades não cristãs se envolvem enraizadamente com o povo e com ele luta, uma espécie de ecumenismo “marginal”, composto de pessoas de mãos calejadas pelo trabalho e outras de almas sofridas pelo desemprego e pela exclusão; outro ecumenismo com a marca do espontaneismo ingênuo e não protagonista que raciocina que é possível consertar e humanizar o capitalismo ou que seja viável uma sociedade sem a conquista do poder e seu regaste para o povo; outro que é movimentado por crist@s absolutamente honestos, mas protagonistas conscientes e revolucionários, excluídos das Igrejas e dos órgãos ecumênicos pelo medo que suas lideranças têm da revolução. Entre as desculpas que estas dão está a do temor de ser “usadas”. Não reconhecem suas inseguranças eivadas do idealismo burguês. Muit@s crist@s foram excluíd@s e perseguid@s por tradições eclesiásticas de indiscutível experiência ecumênica, que abrem as portas para tod@s , menos para quem ama a luta por transformações profundas. Mas não tarda à hora em que todos nos uniremos de verdade e seremos ampla e profundamente ecumênicos. Os/as crist@s revolucionários já batem às portas de caminhadas ecumênicas histórias e de seus órgãos. São protagonistas do povo e não se intimidam em face dos preconceitos que sofrem. Não se importam com exclusões, com injustiças eclesiásticas, com silêncios obsequiosos, mas curam suas dores e feridas, embora continuem com as cicatrizes para a vida inteira, com dor interna e com visibilidade externa. Pelo contrário, mesmo humanos sujeitos a erros, como os bons institucionalizados, pedem perdão a Deus e não às estruturas eclesiásticas, levantam a cabeça e participantes da ressurreição libertadora vão à frente, ao futuro mais justo. Amém.

2 comentários:

  1. Prezado Dom Orvandil,
    A Paz de Cristo Libertador.

    Mais uma vez soube muito bem expor palavras que nós
    todos gostaríamos de dizer.

    Fraternal abraço.

    Pe. Waldemar Bueno

    ResponderExcluir
  2. Dom Orfvandil.

    Gostei muito da materia ECUMENISMO. O senhor é de fato um religioso ecumênico e libertador.

    Ir alberto

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