Ativistas pró-Palestina farão ato político em frente à Rede Globo em São Paulo
Depois de vigília em Higienópolis
ser dispersada com truculência pela Polícia Militar, novo ato pacífico,
neste sábado, manifestará solidariedade às vítimas dos bombardeios
israelenses sobre Gaza.
São Paulo – Ativistas contrários à ofensiva
militar de Israel contra palestinos refugiados em Gaza, que já soma 10
dias de bombardeio aéreo em represália a foguetes disparados contra
cidades israelenses, convocam novo ato político em defesa da Palestina
neste sábado (19), a partir das 13h, em frente à sede da Rede Globo, na
zona sul da capital paulista. Será o segundo ato em São Paulo contra a
política de segregação em relação às populações árabes originárias de
onde foi fundado o estado de Israel, em 1948; na primeira oportunidade,
ontem (16), uma vigília marcada pela comunidade muçulmana e
simpatizantes da causa palestina na zona oeste da capital acabou sendo
dispersada pela Polícia Militar, que chegou a dar tiros para o alto para
encerrar o ato.
Com lenços e bandeiras da Palestina,
o público do ato paulista acendeu velas e rebatizou a praça do
cinquentenário de Israel de "Praça Palestina Livre". Líderes religiosos
estiveram presentes, assim como jovens islâmicos que vivem em São Paulo e
jovens da periferia paulista que se uniram nesta atividade. Judeus e
rabinos também se somaram ao ato como forma de demonstrar que são contra
a violência promovida pelo estado israelense, que tem vitimado
crianças, mulheres e homens sem ligação com o Hamas ou os ataques
realizados a Israel.
A nova manifestação será realizada em frente à Rede Globo para
simbolizar o apoio da mídia ocidental, alinhada ao discurso
norte-americano para a tensão entre Israel e os estados muçulmanos no
Oriente Médio, aos atos de guerra contra o povo palestino. Segundo a ONG Stop the Wall, até ontem o número de mortos na Palestina pelos bombardeiros de Israel somava 220 pessoas, com mais de 1,5 mil feridos.
Entre terça e quarta (15 e 16) atos similares
foram realizados em Brasília e Porto Alegre, capital do Rio Grande do
Sul. Na sexta-feira passada (11), houve vigília no Rio de Janeiro, mas o
protesto gaúcho foi o maior a ser realizado do início ao fim, sem
incidentes.
Porto Alegre
Grandes críticas foram
direcionadas, durante todo o ato em Porto Alegre, à empresa de
tecnologia israelense Elbit, que constrói artifícios militares no país e
tem acordos com o governo gaúcho e com universidades do estado.
Humberto Carvalho, do Comitê Gaúcho de Solidariedade à Causa Palestina,
apontou que não é possível que o Brasil, “onde há uma colônia enorme de
palestinos que colaboram com o país” mantenha relações com Israel.
Por isso, ele acredita que são
necessárias ações para pressionar internacionalmente Israel e lembrou
que os ativistas pró-palestina não são antissemitas e não têm nada
contra o povo judeu, mas sim “contra o governo e a direita israelense”.
“É uma limpeza étnica. Todos nós conhecemos a história do Holocausto,
mas hoje o governo de Israel faz com os palestinos o que os nazistas
fizeram com judeus”, ponderou.
Três ativistas independentes levaram
uma faixa com os dizeres “Stop genocide in Palestina” (Parem o genocídio
na Palestina) e colaboraram na organização, mesmo sem pertencer a
nenhuma entidade, por acreditarem na causa. Eles souberam do ato no Rio
de Janeiro, acontecido sexta-feira passada (11) e consideraram
importante Porto Alegre também receber um. "Essa solidariedade
demonstrada aqui já ajuda, mas precisamos pedir para o Brasil cortar
relações om Israel", disse Alexandre Lentz.
Fábio Pereira, que soube da situação na
Palestina quando estudou História, em 2007, conta que “as coisas só
pioraram” desde então. “Esse acordo de tecnologia com a Elbit é
preocupante, porque nós não queremos aparecer como colaboradores e
contribuintes do massacre”, destacou. Para ele, a melhor forma de se
mudar a situação é muitos países se pronunciarem e se disporem a
colaborar.
Durante o ato, balões das cores da
bandeira palestina foram distribuídos e, colocados em cima da bandeira,
jogados para cima. A pequena Layla, de 8 anos, era uma das pessoas que
estava entregando os balões. Ela contou que o pai veio da Palestina e a
família atualmente mora em Sapiranga, de onde acompanha os
acontecimentos em Gaza. “Eu vi fotos de crianças mortas e de militares
batendo em crianças”, contou, com tristeza.
De todos os cartazes presentes, que
pediam o fim do genocídio e a interrupção dos acordos brasileiros com
Israel e demonstravam apoio, um chamava atenção. Apesar de pequeno, o
pedaço de cartolina de Marian Pessah fez tanto sucesso que ela foi
convidada a subir no carro de som para se pronunciar: “Sou judia e sou
contra todo tipo de genocídio”, dizia.
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