Querido e admirado casal Gustavo e Lediane Chagas
Sinto orgulho da dedicação e da busca que vocês fazem na
caminhada acadêmica. Vocês contribuem muito com a sala de aula, carregados que
são das experiências duras de um casal de trabalhadores que decide estudar,
crescer e entender os caminhos para mudar o mundo. Ontem vocês me fizeram feliz quando se
colocaram de maneira graciosa, inteligente e demonstrativa de que é possível
ler, estudar e transcender a mediocridade, apesar da dureza de quem vive entre
a família, o trabalho e os estudos. Parabéns.
Como lhes disse, sorvo uma desconfortante dengue que me
perturba e agrava a minha asma. Mesmo assim não quis deixar de me encontrar com
vocês ontem à noite, apesar de meu atestado médico. Hoje acordei cedo e,
agarrado à minha cuia de chimarrão, abri a internet e me deparei com um apelo
que soa como um grito feminino sobre o Brasil, de doer o coração.
Certamente esse grito toca em vocês, que são bons e lutadores.
Por um lado, Gustavo e Lediane, não consigo entender como um
homem pode ser tão mau e como a ignorância que serviliza uma pessoa ao ponto de
levá-la a tanta crueldade no uso de um
serviço público – do povo – um poder da República, para perseguir e praticar
injustiças sobre injustiças.
Seria repetitivo se afirmasse que todas as pessoas de bom senso
e entendidas de direito e de humanidade avaliam que Joaquim Barbosa se reveste
mesmo de ódio visceral – vertido das tripas, como se diz lá no meu Alegrete-RS
- de espírito de porco, de interesses escusos ao usar a Suprema Corte para
perseguir e maltratar pessoas, condenando-as sem provas e até escondendo provas
que as beneficiam. Depois de condená-las passa por cima de direitos que têm,
como o da prisão domiciliar por grave e deteriorante estado de saúde, como é o
caso de José Genoíno, com farta folha de serviços prestados ao povo brasileiro. Espezinha o direito ao trabalho externo de
José Dirceu e Delúbio Soares, afrontando decisões do próprio Supremo Tribunal
Federal, como todos sabemos.
Pior, por outro lado, não consigo entender como é que as
lideranças executivas, parlamentares, partidárias e dos movimentos sociais
assistem caladas ao descalabro dessa fera golpista que preside a maior
instância da Pátria, encarregada de fazer justiça, o Supremo Tribunal Federal.
Como todos calam e cruzam os braços diante dos escândalos, de suas extravagâncias
e verdadeiros atentados ao pudor com compra de apartamento de Miami, inventando
empresas com o objetivo de burlar as leis e os impostos, com gastanças de
verbas públicas em turismos pela Europa, em palestras rasas na América Central
pagando passagens e todos os custos com dinheiro público a um jornalista da Globo para que faça seu
marketing, que faz campanha para elevação usurpante de seus salários e ganhos
como funcionário público. É espantosa a cumplicidade da justiça que nada faz
para enfrentar o que o teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer chamou de o monstro
que desce a rua matando todo o mundo, ao se referir a Adolfo Hitler.
Talvez os mais bravos
brasileiros precisem fazer algo na linha do que fez Bonhoeffer, que apesar de
ser um homem culto, respeitado por sua inteligência intelectual e pela moralidade
como religioso, entendeu que era preciso parar o monstro. Avaliou que entre as
perdas causadas pela fúria irracional e injusta do monstro e sua própria eliminação,
fez a opção de eliminá-lo, detonando-o através da organização de patriotas
dispostos a parar a guerra nazista. Boenhoefer entregou-se à luta para parar Hitler,
mesmo perdendo a vida enforcado por este. Mas a guerra parou.
Fique claro que não defendo o assassinato de Joaquim Barbosa
nem qualquer medida despeitosa para com sua pessoa e com o cargo que ocupa.
Isso seria atuar sob o mesmo diapasão inferior, reacionário e inferior ao dele.
O que defendo é que o povo tem que se mobilizar para tomar a
justiça brasileira em nossas mãos e expulsar gente como Joaquim Barbosa de um
poder que não merece ocupar por incapacidade de ser justo e de ser compassivo. Joaquim Barbosa não é justo e não entende de justiça.
O grito a que me referi acima, meu casalzinho, é o da filha
de José Genoíno, a professora Miruna. Leiam abaixo a mais uma de suas cartas
denunciando as barbáries a que Joaquim Barbosa submete seu pai, pressionando-o a
altos riscos de morte eminente ao ponto de censurar leituras e até o desenho
que seu netinho lhe manda. Preso, seu pai não pode se alimentar com a comida
recomendada pelos médicos cardiologistas e seu sangue pode coagular, causando-lhe
a morte a qualquer momento. Genoíno somente tem a liberação de ler livrinhos
religiosos “água com açúcar”, quem sabe na intenção de fazer mais um converso
da direita mesquinha e atrasada, como são os que pensam somente em ir para o
céu, deixando a terra para os assaltantes do poder.
“NÃO POSSO CONTINUAR CALADA!
E preciso de sua ajuda para que escutem a minha voz
Meu pai sofreu uma isquemia cerebral transitória (ou o conhecido AVC) em agosto, quando se recuperava da cirurgia do coração e desde então vem sendo tratado com alimentação rigidamente controlada e medicação.
Meu pai precisa ter sempre o índice de coagulação entre 2 e 3.
Quando foi levado para o presídio a primeira vez, saiu de lá com o índice de coagulação em 5,6. Quase com hemorragia.
Agora foi mandado novamente para a prisão e obteve nessa semana um resultado GRAVE e PREOCUPANTE: 1,06. Alto risco de um novo AVC.
Hoje, na visita, depois de serem revistados de cima para baixo, depois da enorme fila, tensão e ansiedade, minha mãe e meus irmãos não puderam entregar as cartas que eu escrevo diariamente para meu pai. “Temos que ler”. Livros, nenhum. “Só religiosos”. Hoje, não puderam nem mesmo entregar alimentos PRESCRITOS pelo médico e pela nutricionista. Hoje, o desenho que meu filho fez para o avô só entrou depois que foi esquadrinhado e muito bem explicado. “Ele é meu sobrinho. (e é o quê dele?) É o neto. (e o que é isso?). É um desenho. Um avião”.
Por que estão fazendo isso com meu pai? Ele não vai mais se candidatar a nada, saiu da vida política, já foi condenado, já mancharam a sua história política, por que isso também? Por que a sua vida, a sua saúde?
Eu não quero um herói, não quero um mártir, nem um símbolo. Eu quero meu pai vivo. Eu quero ter um pai, quero que meus filhos tenham o avô. E quero sobreviver a tudo isso de alguma forma, ainda sem saber ao certo como.”
E preciso de sua ajuda para que escutem a minha voz
Meu pai sofreu uma isquemia cerebral transitória (ou o conhecido AVC) em agosto, quando se recuperava da cirurgia do coração e desde então vem sendo tratado com alimentação rigidamente controlada e medicação.
Meu pai precisa ter sempre o índice de coagulação entre 2 e 3.
Quando foi levado para o presídio a primeira vez, saiu de lá com o índice de coagulação em 5,6. Quase com hemorragia.
Agora foi mandado novamente para a prisão e obteve nessa semana um resultado GRAVE e PREOCUPANTE: 1,06. Alto risco de um novo AVC.
Hoje, na visita, depois de serem revistados de cima para baixo, depois da enorme fila, tensão e ansiedade, minha mãe e meus irmãos não puderam entregar as cartas que eu escrevo diariamente para meu pai. “Temos que ler”. Livros, nenhum. “Só religiosos”. Hoje, não puderam nem mesmo entregar alimentos PRESCRITOS pelo médico e pela nutricionista. Hoje, o desenho que meu filho fez para o avô só entrou depois que foi esquadrinhado e muito bem explicado. “Ele é meu sobrinho. (e é o quê dele?) É o neto. (e o que é isso?). É um desenho. Um avião”.
Por que estão fazendo isso com meu pai? Ele não vai mais se candidatar a nada, saiu da vida política, já foi condenado, já mancharam a sua história política, por que isso também? Por que a sua vida, a sua saúde?
Eu não quero um herói, não quero um mártir, nem um símbolo. Eu quero meu pai vivo. Eu quero ter um pai, quero que meus filhos tenham o avô. E quero sobreviver a tudo isso de alguma forma, ainda sem saber ao certo como.”
Abraços críticos e fraternos na
luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano,
farrapo e republicano, em todas as situações.
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