Amigo
Josivaldo
Tuas preocupações e temores, exatamente por seres um policial
experiente, preparado e culto, coisa rara em teu seguimento, são razoáveis.
Depois que conversamos longamente nessa tarde cheguei aqui no
escritório da Ibrapaz e encontrei o artigo de Antonio Martins postado por Luis
Nassif em seu blog. Nele Antonio Martins
analisa as causas da gigantesca violência policial em São Paulo, no Rio de
Janeiro e eu acrescentaria outros lugares. A violência policial aparentemente é
em reação e para reprimir as provocações dos grupos Black blocs ou os
mascarados.
Assim como Antonio Martins suspeito que ambas as violências
não são coincidências fortuitas e banais. Já analisei aqui no blog com base em
documentos que o imperialismo patrocina grupos de jovens para provocar pânicos
nas populações governadas por modelos progressistas, por governos trabalhistas
e populares, que movem o Estado a investir em programas sociais.
Concordo com Martins que o pânico e o medo popular levam ao
clamor pelo golpe de direita, sempre com suas sementes vivas na sociedade, como
ervas daninhas. Não é em vão que os noticiosos das TVs da mídia conservadora e
neoliberal estampam em suas telas rostos de mulheres, trabalhadores e idosos
dizendo que aceitam as manifestações e os protestos, mas repudiam a violência e
a matança. Nas redes sociais há clara convocação de golpe militar, que muitos
chamam de saudades dos verdinhos, ao se referirem aos militares golpistas e
entreguistas, inimigos da democracia e do desenvolvimento com distribuição de
renda e de riquezas.
Parece-me que não é mera coincidência que a polícia seja mais
violenta em Estados da Federação governados pela direita neoliberal como São
Paulo, Rio de Janeiro e Goiás, onde há mais casos de corrupção de policiais,
cujos resultados de inquéritos e julgamentos policiais não se sabe nem terminam
nunca.
Quando se prenunciava o golpe militar que produziu a ditadura
mais terrorista, violenta, corrupta e entreguista da história do Brasil, casos
semelhantes de violências policiais e de provocadores inundaram o País em
colaboração com movimentos pseudo religiosos, “denunciando” o governo João
Goulart como enormemente corrupto, como agora o fazem com Dilma e antes com Lula.
O resultado de tamanha insanidade e
irresponsabilidade foi o golpe que turvou o Brasil da fumaça dos cadáveres do
povo e da democracia, perseguidos, esmagados e mortos pelo terrorismo que se
apossou do Estado brasileiro.
Mesmo quando a ditadura militar afrouxava seus laços, graças
a pressões internas e externas contra o massacre da liberdade e da justiça
social, atos violentos e de vandalismo provocados por terroristas tomaram conta
do País, nos mesmos Estados da Federação onde ocorrem hoje. Bancas de jornal e
de revistas onde se vendiam jornais que denunciavam a ditadura explodiram e
seus donos mortos ou aleijados para sempre, como hoje, de certa forma.
O filme Estado de Sítio mostra bem a atuação terrorista de
contratados da CIA e da direita. Vale a pena ver para entender.
De forma que o que acontece hoje com atos brutais de
assassinatos de inocentes, com a destruição do patrimônio público e com as fontes
de renda de pessoas trabalhadoras e humildes contêm elementos do túnel
histórico que vem de Jango à Dilma, e até de antes, dos tempos de Getúlio
Vargas. São provocadores pagos por alguém para assustar o povo e levá-lo à
desesperadamente pedir socorro para os inimigos.
De outro lado temos os governantes completamente travados
pela inércia da direita neoliberal. Indiscutivelmente os governos Lula e Dilma
significam objetivamente avanços em termos de desenvolvimento e renda para o
povo. Porém prefeitos, governadores e os parlamentos travaram. O Estado brasileiro
emperrou. Não resolveram os problemas de fundo como a reforma agrária, as
terras, os territórios e as mobilidades urbanas; não regulamentaram o sistema
financeiro perverso concentrador de renda e de riquezas, impatriótico e sugador
de nossa energia econômica e social; a educação experimentou avanços, mas sem
democratizar-se em profundidade, sendo manipulada por empresas privadas que a
usam como produto comercial e com fins econômicos; a saúde avançou com o
programa Mais Médicos, mas ainda é muito acanhada na resolução dos sofrimentos
da saúde de nosso povo etc. Para piorar o governo Dilma caiu na pior das
corrupções ao privatizar nossa praça do pré sal em Libras. Fê-lo negociando com
duas empresas multinacionais das mais corruptas do mundo. Até mesmo o seu
partido PT se dividiu na crítica a essa medida ferina aos interesses soberanos
brasileiros. Como se não bastasse Renan
Calheiros, um neoliberal que preside o Senado da República, passou uma rasteira
na Presidente Dilma ao encaminhar projeto de “independização” do Banco Central
do Brasil, bem ao gosto da direita e do putrefato corrupto sistema financeiro.
Num caldo desses os peões do terror agem para incrementar a sopa
do golpe.
Cabe-nos resistir para avançar. Isto é, eleger no ano que vem
esse pessoal da direita é retroceder à fome, à miséria, ao desemprego e à
prostituição da soberania nacional. Mas embarcar no desespero é entregarmos as
conquistas construídas com enorme luta. O momento é de prudência na organização
das forças para o aprofundamento do que até aqui conquistamos.
Obrigado, amigo Josivaldo, por tua atenção ao compartilhares
comigo informações e angústias. É isso mesmo, temos que conversar muito para
entendermos essa obscura conjuntura.
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.
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