Querido irmão Pastor Antônio Vasconcelos
Nesta noite postei um artigo aqui intitulado "Gestos e linguagem toscas da direita: a religiosidade pau de arrasto", denunciando as barbaridades que a direita encrustrada nas igrejas faz para enganar o povo e prejudcar o Brasil, buscando devolvê-lo ao neoliberalismo.
Pois, com que alegria tomei conhecimento das tuas atividades como verdadeiro pastor e cristão, meu querido irmão Antônio Vasconcelos.
Pastor, tu és verdadeiramente um seguidor do que Jesus ensinou ao colocar-se junto e na condição dos mais violentamente explorados.
Tu testemunhas o que é ser cristão, afastado do modelo dos ricaços, poderosos e picaretas das igrejas televisivas.
O mais impressionante que quem me chamou a atenção para esse fato foi o ator de tv e vendedor de livros, proprietário de aviões, de editoras e gordas contas bancárias Silas Malafaia, que postou essa notícia no Facebook, evidentemente para eu ver.
Abaixo posto a notícia do site Gospel como prova de que é possível ser pentecostal cristão no sentido mais genuíno e original da fé, sem alienação e traição ao povo.
Daqui, meu querido irmão pastor Antônio Vasconcelos, me solidarizo contigo. Oro por ti e pedirei solidariedade ao teu trabalho na defesa dos direitos humanos dos nossos irmãos amazonenses, perseguidos pelos proprietários de terras e bandidos assassinos.
Abraços solidários e críticos na tua luta por justiça e paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.
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Pastor é perseguido no Brasil por trabalho de defesa dos Direitos Humanos em reservas extrativistas
Publicado por Tiago Chagas em 27 de setembro de 2013
O pastor assembleiano Antônio Vasconcelos, 59 anos, atua como a
principal liderança da unidade de conservação Reserva Extrativista do
rio Ituxi, na cidade de Lábrea, sul do Amazonas.
Devido à perseguição sofrida por confrontar fazendeiros da região,
tem direito à escolta do Programa de Proteção de Defensores de Direitos
Humanos da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH).
“A luta começou quando me tornei pastor”, afirma Vasconcelos, que se
diz cansado da “falta de preparo” das guarnições destacadas para lhe
proteger. Diz ter sofrido “agressão verbal e autoritarismo”, e por isso
decidiu “se arriscar” e abrir mão da escolta. A decisão foi notificada à
SEDH em carta, recentemente. No documento, o pastor se queixa da
pressão sofrida: “Eu não possuo mais condições emocionais para estar
nessa situação”.
Nos anos em que atua como ativista defensor dos Direitos Humanos, o
pastor esteve perto de ser morto. Num dos episódios, um grupo de
pistoleiros contratados para matá-lo teve sua ação interrompida pela
chegada de treze policiais da Força Nacional de Segurança Pública,
destacados para iniciar a escolta ao pastor.
Segundo o site A Pública, Vasconcelos só havia sido informado que a
escolta seria iniciada a qualquer momento, mas não tinha recebido
informações sobre a data exata. “Os policiais bateram na minha porta e
anunciaram o início da escolta. Me explicaram como seria e depois foram
se hospedar em um hotel”. Nesse momento, os pistoleiros “fugiram”,
segundo o pastor. “Uma camareira ouviu a conversa deles. Quando viram
que os policiais chegaram, um deles pegou o celular e ligou para alguém,
dizendo ‘sujou, sujou, tem um monte de polícia aqui. Não dá mais para
fazer o trabalho’. Decidiram ir embora”.
Na região do rio Ituxi desde 1995, o pastor Antônio Vasconcelos conta
que não se limitou apenas a pregar a palavra de Deus, por sentir-se
incomodado com a falta de perspectiva da população ribeirinha e com a
exploração sofrida pelo povo de seus “patrões”.
Assim, ensinou os moradores da região a ler e escrever, além de
trabalhar voluntariamente como agente de saúde. Reconhecido pelos
ribeirinhos, passou a cobrar da prefeitura carteiras escolares, material
didático, escola e posto de saúde: “Percebi que faltava alguém para
incentivar aquele povo, porque eles erravam por não conhecer. Reuni três
comunidades e dava aula em dois turnos para crianças e adultos. Não
existia luz elétrica. Cada aluno levava uma lamparina e colocava na
carteira. Mesmo assim eles nunca faltavam. Todos tinham interesse em
aprender e eu muito mais de ensinar”, relembra.
Com o passar do tempo, percebeu a necessidade de oferecer
alternativas de renda para a população, e assim, buscou criar uma
Reserva Extrativista (RESEX) na região. Nessas RESEX, são feitas coletas
de produtos como copaíba, seringa, andiroba e castanha, de forma
susntentável e com apoio do Ministério do Meio Ambiente: “Eu nem sabia o
que era RESEX. Só ouvia falar e senti necessidade de aprender. Foi
quando fiz um intercâmbio nas áreas onde já existiam RESEX. Fui a
Xapuri, onde morou Chico Mendes. Não sabia que eu já era conhecido. Foi a
partir daquela reunião em Xapuri que eu soube que corria risco de
morrer”, afirma.
Os problemas mais intensos, segundo o pastor, começaram em 2001: “Os
poderosos não queriam a RESEX porque a terra já estava toda demarcada
pelos grileiros. A prefeitura dizia que ia prejudicar a economia local.
Foi um embate muito duro. Quando a maioria decidiu pela criação da
RESEX, eles (os políticos e os fazendeiros) ficaram muito revoltados,
mas saímos vitoriosos. A criação da RESEX foi assinada em 2007 pelo
presidente Lula. Mas foi aí que começou problema. Foi quando passamos a
ser ameaçados com mais força. A situação piorou quando mataram o Dinho”,
diz Vasconcelos, referindo-se a Adelino Ramos, outro líder popular da
região, assassinado há dois anos.
Com a violência instalada, e a necessidade de escolta, o pastor
passou a sentir-se preso, sem liberdade de atuar: “Minha rotina de
trabalho nas comunidades, na coleta de castanha, no plantio e na
atividade da igreja parou”, lamenta, antes de contar um dos episódios
que o motivaram a pedir a dispensa da escolta: “Um tenente chegava na
minha casa e colocava a arma na mesa. Me dizia que eu não poderia sair
para canto algum. Recebia ameaças dele todos os dias. Uma vez ele
ameaçou me prender sob acusação de abuso por desacato à autoridade.
Peguei gastrite nervosa, entrei em estado depressivo. Foi preciso eu
denunciar à SEDH. Foi também a única vez em que uma psicóloga dos
Direitos Humanos me ouviu”.
Segundo ele, a situação mudou com a troca do tenente, mas voltou a se
tornar problemática pouco tempo depois: “Recentemente sofri um novo
problema. Um dos policiais gritou comigo na viatura, me ameaçou e me
desrespeitou. Há momentos em que eles ficam colocando músicas imorais em
frente da minha casa. Sem a escolta, quero apenas ter direito a um
porte de arma, pois quero voltar a morar na RESEX e preciso me
defender”, afirma.
Segundo dados da SEDH, Antonio Vasconcelos é um dos 400 “defensores”
dos Direitos Humanos no Brasil que são ameaçados de morte por seu
trabalho social.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+
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