Os japoneses pagaram o preço da rivalidade entre Estados Unidos e Rússia.
São 68 anos, hoje, da Bomba de Hiroxima.
Recomendo um pequeno grande livro. Chama-se exatamente Hiroxima, e foi escrito por Lawrence Yep.
Todo mundo deveria ler. Não me consta que esse livrinho – no tamanho — tenha sido editado no Brasil.
É uma pena.
São 50 páginas que contam o horror provocado pelos americanos ao
tomar a decisão cruel, absurda de destruir uma cidade inteira com suas
crianças, velhos, mulheres.
A guerra já estava ganha. Hitler já se matara.
Por que os americanos fizeram uma coisa tão monstruosa? Uma
retaliação ao ataque de Peal Harbour pelos japoneses não faz sentido.
Pearl Harbour era uma base naval. Não uma cidade. Seria como responder com um tiro a quem mandou um email malcriado para você.
Desproporção total.
O que os americanos queriam era evitar que os russos, que tinham
batido os alemães e definido o destino da guerra, se sentissem fortes
demais.
A bomba atômica foi um fator intimidador usado pelos Estados Unidos
contra, sobretudo, a Rússia às vésperas da inevitável Guerra Fria.
Mas a que preço para Hiroxima.
O livrinho mostra que os habitantes da cidade achavam que até ali
Hiroxima tinha sido poupada de bombas pelos americanos porque era
bonita.
Mostra também a perplexidade do piloto do Enola Gay, o avião do qual
foi jogada a bomba, ao ver depois as consequências. “O que fizemos?”,
ele se pergunta.
A resposta é óbvia. Fizeram uma chacina.
A bomba ao cair espalhou um fogo intenso num raio longo. Milhares de
pessoas foram imediatamente carbonizadas. Muitas outras morreram
afogadas ao se atirar num rio para fugir do fogo.
Era o começo de um dia. As crianças estavam indo para as escolas.
O livrinho mostra também uma ‘Donzela de Hiroxima’. Assim foram
chamadas mulheres jovens desfiguradas pela bomba. Para elas se perdeu a
possibilidade de atrair marido.
Algumas foram para o país que as destruiu, os Estados Unidos, fazer
plásticas. Cirurgiões plásticos americanos se dispuseram a operar de
graça.
Uma delas morreu na cirurgia. Suas cinzas retornaram a Hiroxima numa
caixinha, levadas pelas conterrâneas no retorno à cidade devastada.
O livrinho também é um lembrete dos crimes de guerra sistematicamente
cometidos pelos Estados Unidos. Com a impunidade de quem se julga dono
do mundo.
Não.
Não é à toa que são tão odiados.
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