Entrevista - Seminário internacional debate enfrentamento ao tráfico de pessoas e exploração sexual em Minas Gerais
Rogéria Araújo
Jornalista da Adital
Ativistas,
representantes de direitos humanos, organizações não governamentais, representantes
de governo estarão presentes amanhã (16) no Seminário Internacional
'Enfrentando as estruturas que promovem a exploração sexual e o tráfico de
seres humanos', que acontece a partir das 14h, no salão da Ordem dos Advogados
do Brasil, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Considerado
um dos crimes mais lucráveis do mundo, o tráfico de pessoas continua fazendo
vítimas e um dos objetivos deste evento internacional é analisar e debater
sobre os enfrentamentos necessários para combatê-lo.
No
evento estará presente a argentina Susana Trimarco, um símbolo da luta contra o
tráfico de pessoas. Em 2002, Susana teve sua filha Marita Verón sequestrada e
desde então vem atuando fortemente na luta contra o tráfico, ajudando a
libertar centenas de pessoas tanto em seu país como em outros.
Veja o vídeo sobre o seminário:
AADITAL conversou com José Manuel, um dos organizadores do
evento. Confira.
Adital - O tema do
encontro é 'Enfrentando as estruturas que promovem a exploração sexual e o
tráfico de seres humanos'. Que contribuições poderá oferecer este seminário
nesse sentido do enfrentamento?
José Manuel - Este Seminário é a parte conclusiva de um Encontro da
Rede Oblata (reúne a integrantes das equipes que, apoiados pelo Instituto das
Irmãs Oblatas, enfrentam esta problemática em Salvador, Juazeiro-Ba e São
Paulo) onde queremos alcançar um maior conhecimento das redes que promovem e se
lucram com a exploração sexual e o tráfico de seres humano. O seminário pretende
dar a conhecer o funcionamento destas estruturas, denunciar o silêncio ou a
cumplicidade de Entidades que poderiam ter uma atitude de maior firmeza contra
este crime, e visibilizar as vítimas destas redes na linha de conseguir uma
maior sensibilização e mobilização social.
Adital - Um dos
grandes feitos desse encontro será a presença de Susana Trimarco, simplesmente
um símbolo de combate a este crime. O que representa sua presença no seminário?
José Manuel - Em primeiro lugar a oportunidade de escutar da sua
própria voz o testemunho corajoso de um símbolo no enfrentamento ao tráfico de
pessoas. É uma pessoa com autoridade para falar do tema. Susana fez a Argentina
e o mundo prestar a atenção para esta realidade. A lei argentina que definiu o
tráfico de pessoas como crime federal foi aprovada em 2008 graças a Susana
Trimarco. Desde então, 3292 pessoas foram resgatadas da escravidão dos
prostíbulos, 1538 delas argentinas e 1754 de outros países. Susana pessoalmente
ajudou diretamente no resgate de mais de uma centena de vítimas.
Em
segundo lugar, sua presença aqui é uma lembrança do muito que falta por fazer
contra este fenômeno e que todos e cada de um nós podemos e devemos contribuir a
evitar esta chaga terrível de nossos tempos.
Adital - Há uma demanda geral de que é necessário haver
uma integração internacional para se combater o tráfico de pessoas. Como este
assunto será tratado no evento?
José Manuel - As conclusões de nosso encontro da Rede Oblata que
serão partilhadas nesse Seminário partem de uma análise global do fenômeno.
Este crime está inserido claramente no contexto da globalização, os agentes
dessas estruturas atuam a nível internacional, e por tanto as resposta, se
querem ser eficazes, também devem ser dadas nesse nível. Este enfoque é uma das
linhas transversais do Seminário. Uma mostra disto é a presença de Susana
Trimarco com sua experiência na desarticulação de redes internacionais, ou a
importância que vai ter no nosso Encontro a busca de medidas de Cooperação
Internacional para perseguir este delito.
Adital - A participação do Estado tem sido suficiente
nesta luta? O encontro abordará este tópico?
José Manuel - Um dos temas mais relevantes de nosso encontro será
abordar a responsabilidade dos Estados para prevenir, perseguir e punir este
crime. Queremos mostrar o que os Estados fazem neste sentido, o que deixam de
fazer e o que poderiam fazer (com certeza muito mais) para acabar com esta
grave vulneração dos direitos humanos.
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