Iara Bermúdez y Waldemar García
El Reporte
Adital
Tradução: ADITAL
Foto: Paulo Dias
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OS CINCO EIXOS DA EXPOSIÇÃO
Foto: Paulo Dias
Eixo 1 – Contexto Político Latino-Americano e Brasileiro
Eixo 2 – A Ditadura Militar no Brasil
Eixo 3 – O Movimento de Justiça e Direitos Humanos
Eixo 4 – O Processo de Transição Política no Cone Sul – Anistia/Redemocratização
Eixo 5 – Políticas da Memória
Foto: Paulo Dias
De 25 de abril a 5 de
maio, apresentou-se em Porto Alegre uma exposição dedicada ao trabalho
incansável realizado pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos dessa cidade
(MJDH) protegendo aos refugiados políticos que fugiam das ditaduras militares
que governavam alguns países do Cone Sul na segunda metade do século passado.
A história da América Latina durante os anos
das últimas ditaduras militares mostra Porto Alegre como um ponto importante na
resistência política.
Dirigida principalmente aos jovens, a mostra
foi organizada em 5 eixos temáticos com mais de 2.000 fotografias e com
equipamentos multimídia. Ocupou 6 salas com paineis, fotografias e testemunhos
em áudio e vídeos. Os 5 eixos temáticos foram:
Eixo 1 – Contexto Político Latino-Americano e Brasileiro
Eixo 2 – A Ditadura Militar no Brasil
Eixo 3 – O Movimento de Justiça e Direitos Humanos
Eixo 4 – O Processo de Transição Política no Cone Sul – Anistia/Redemocratização
Eixo 5 – Políticas da Memória
Eixo 2 – A Ditadura Militar no Brasil
Eixo 3 – O Movimento de Justiça e Direitos Humanos
Eixo 4 – O Processo de Transição Política no Cone Sul – Anistia/Redemocratização
Eixo 5 – Políticas da Memória
O material exibido é
produto de uma intensa busca e investigação nos arquivos do MJDH de Porto
Alegre e do Arquivo Público de São Paulo, junto a vários arquivos da Argentina,
que ofereceram material de toda a América Latina. Histórias pouco difundidas e
desconhecidas para muitos, que contam a resistência do povo gaúcho ao regime
militar, como por exemplo, a da cidade de Três Passos, que viveu duas
tentativas de formação de guerrilhas durante a ditadura. Foram mostrados os
lugares que, em Porto Alegre, serviram para exercer a repressão e a violência
de Estado: o Palácio da Polícia; a Ilha do Presídio; o Presídio Central; o
Dopinha, um dos primeiros centros de detenção clandestina da América do Sul, em
pleno bairro Bom Fim, próximo ao centro da cidade.
O visitante fica
impressionado ao ver 366 fotografias dos assassinados e desaparecidos políticos
no Brasil durante o regime ditatorial que governou o país a partir de 1964.
O MJDH de Porto Alegre
surgiu na década dos 70, do século XX, quando as ditaduras militares governavam
o Brasil, a Argentina, o Chile, a Bolívia, o Paraguai e o Uruguai, instaurando
o regime do terror, perseguindo, sequestrando, encarcerando, torturando,
assassinando a todos os que estavam contra a sua política. O MJDH, trabalhando
na clandestinidade, auxiliou centenas de latino-americanos, militantes
políticos que, em sua fuga para o exílio, passavam por Porto Alegre, antes de
chegar ao destino final. Em março de 1979, Jair Krischke, Celso Franco Geiger e
o Pe. Albano Thrink, SJ, aproveitando a abertura política, resolveram fundar
oficialmente o MJDH para poder oferecer um serviço de maior qualidade a quem
necessitasse.
Para Jair Krischke,
fundador e atual presidente do Movimento, "A atuação contínua de investigação,
denúncia, esclarecimento do MJDH hoje em dia é um item imprescindível para
trabalhar a memória, para auxiliar às vítimas que até hoje não receberam a
atenção necessária; pessoas torturadas, desaparecidas; gerações sem ter direito
a saber... Isso foi parte de uma história que ainda existe e que muitos
cidadãos desconhecem e que causou danos a gerações inteiras”.
Segundo Krischke,
existem documentos que comprovam que o Brasil criou e comandou a Operação
Condor. Meses atrás, entregou a Rosa Ma. Cardoso da Cunha, representante da
Comissão Nacional da Verdade (CNV), que investiga as violações de Direitos
Humanos praticadas pelo Estado na ditadura militar, documentos secretos que
relatam a perseguição e a captura de dissidentes políticos além das fronteiras
com a colaboração dos governos da Argentina, da Bolívia, do Chile, do Paraguai
e do Uruguai. A Operação Condor, segundo Krischke, teve como objetivo reprimir
e eliminar aos opositores das ditaduras que regeram esses países, onde tanto a
informação quanto os prisioneiros eram intercambiados, realizando operações
conjuntas clandestinas na qual "desapareciam” pessoas, sem respeitar as normas
internacionais existentes.
Krischke apresentou à
Comissão da Verdade a primeira evidência da Operação Condor, a prisão do
ex-coronel do exército Jefferson Cardim Osório, na Argentina, em dezembro de
1970. Em 1965, Osório comandou a guerrilha de Três Passos, no RS, a primeira
contra o regime militar brasileiro.
A Operação Condor é
objeto de investigação por parte da Justiça Federal da Argentina, chamada
"Causa Condor”. Parte do material foi entregue a Krischke por autoridades
argentinas, onde aparecem os nomes de brasileiros ou descendentes desaparecidos
nesse país por ações combinadas de repressão dos dois países.
Para o atual presidente
e fundador do MJDH, o Plano Condor não começou em 1975. Para Krischke, as ações
já existiam e foram articuladas e incentivadas pela ditadura brasileira.
Um dos casos
acompanhados pelo MJDH foi o dos compatriotas Lilián Celibert e Universindo
Rodríguez, militantes do Partido pela Victoria del Pueblo, opositor ao governo
uruguaio, sequestrados no dia 12 de novembro de 1978, em Porto Alegre, junto
com seus filhos, Francesca e Camilo, de 3 e 8 anos de idade. A família foi
trasladada clandestinamente da capital gaúcha para Montevidéu, em uma operação
na qual intervieram agentes uruguaios e brasileiros. O sequestro foi descoberto
pelo jornalista brasileiro Luis Claudio Cunha, correspondente da revista Veja e
o fotógrafo Scalco. A publicação e a investigação do sequestro evitou que
fossem executados pela ditadura de nosso país.
Aproximadamente 2.000
perseguidos dos regimes militares da região escaparam da morte, sobrevivendo no
exílio graças à atuação de Krischke e do MJDH.
Em julho, a mostra que
também apresenta declarações inéditas de sobreviventes e documentos do MJDH,
será instalada em São Paulo na sede do Arquivo Público. A exposição procura
resgatar para as novas gerações a história da resistência ao terrorismo de
Estado. Uma mostra pedagógica que tem como objetivo valorizar as dimensões
históricas e políticas, levando aos mais jovens, informações e reflexões desse
período negro e triste da história recente da América do Sul.
Além de Porto Alegre e
São Paulo, o projeto prevê levar a exposição a Brasília, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Salvador e Recife. Outro recurso da exposição é a mostra de cinema
com exibição de 11 películas que retratam episódios dos anos de ditadura no
Brasil e na América Latina. Essas exibições são comentadas, destacando a
pré-estreia do "Dossiê Jango”, de Paulo Henrique Fontenelle.
O trabalho de
investigação e denúncia realizada pelo MJDH, a denúncia feita pelas vítimas do
terrorismo de Estado, a investigação e a pressão de grupos e organizações
internacionais que lutam pelos Direitos Universais dos cidadãos, conseguiram
desmascarar e tentar que os responsáveis sejam julgados por esse terrorismo
estatal que ainda continuam impunes. A história recente é a história presente,
onde os protagonistas, em sua maioria estão vivos e onde países como o Brasil
até pouco tempo davam as costas para investigar e divulgar publicamente as
atrocidades cometidas durante o governo de fato. Fica muito por esclarecer e
saber sobre os responsáveis e autores de tantos assassinatos e desaparecimentos
forçados; porém, apesar da difícil tarefa que representa conseguir que se faça
Justiça sobre o que aconteceu no passado, a impunidade está sendo pouco a pouco
substituída pela Justiça.
Sem dúvida, para a maioria
das gerações jovens brasileiras, a mostra "Movimento de Justiça e Direitos
Humanos – Onde a esperança se refugiou” os levará a conhecer mais em profundidade
essa parte da história que quiseram ocultar e que ainda tem muito a descobrir,
contar e onde todos somos responsáveis para que a Justiça seja uma realidade e
a impunidade seja castigada.
[Original em espanhol - Temas de Comcosur nº 1460 -
14/05/2013].
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OS CINCO EIXOS DA EXPOSIÇÃO
Foto: Paulo Dias
Eixo 1 – Contexto Político Latino-Americano e Brasileiro
Eixo 2 – A Ditadura Militar no Brasil
Eixo 3 – O Movimento de Justiça e Direitos Humanos
Eixo 4 – O Processo de Transição Política no Cone Sul – Anistia/Redemocratização
Eixo 5 – Políticas da Memória
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