CNBB: reduzir maioridade penal maquia problema
Para o presidente em exercício da CNBB, Dom José
Belisário da Silva, a redução não vai representar o fim da violência e
contribuiria "para criminalizar ainda mais os adolescentes"; na
quarta-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, argumentou
que qualquer tentativa de alteração da maioridade penal é
inconstitucional.
Luciano Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
divulgou nesta quinta-feira (16) nota em que se posiciona contrária às
iniciativas que visam a diminuir a maioridade penal. Para o presidente
em exercício da CNBB, Dom José Belisário da Silva, a redução não vai
representar o fim da violência e contribuiria "para criminalizar ainda
mais os adolescentes". Ontem (15), o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, argumentou que qualquer tentativa de alteração da maioridade
penal é inconstitucional.
Divulgada após reunião do Conselho Episcopal Pastoral, a nota
considera que o Estado e a sociedade não têm cumprido o seu dever de
assegurar os direitos de crianças e adolescentes, e isto tem se
refletido na delinquência juvenil. "Criminalizar o adolescente com
penalidade no âmbito carcerário seria maquiar a verdadeira causa do
problema, desviando a atenção com respostas simplórias, inconsequentes e
desastrosas para a sociedade", diz a nota.
A CNBB considera positivo o papel do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) na responsabilização dos delitos cometidos por
adolescentes e defende a implementação das medidas socioeducativas. "Ele
[o ECA] reconhece a responsabilização do adolescente autor de ato
infracional, mas acredita na sua recuperação, por isso propõe a
aplicação de medidas socioeducativas" diz trecho da nota.
Para a CNBB cabe à sociedade exigir a implementação destas medidas,
assim como o investimento em educação e saúde de qualidade e de
políticas públicas que eliminem as desigualdades sociais. "A Igreja
continua acreditando na capacidade de regeneração do adolescente quando
favorecido em seus direitos básicos e pelas oportunidades de formação
integral de valores que dignificam o ser humano". O texto também alerta
para a necessidade de combate às drogas e da estrutura que a sustenta e
que é "causadora de inúmeras situações que levam os adolescentes à
violência".
Edição: Beto Coura
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