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terça-feira

A direita e o judiciário são inúteis socialmente



Prezado Tenente Adão Barreiro

Seguidamente me recordo com emoção do teu gesto grandioso em me procurare, há anos passados, para te desculpares por gravares meus sermões, palestras, aulas e juntamente com eles entregar os boletins informativos de minha paróquia para a repressão militar no QG de Uruguaiana – RS. Justificaste que não tinhas clareza do mal que te obrigavam a fazer e que obedecias a ordens “superiores”, já que frequentavas a igreja pela qual eu era responsável. Nosso encontro naquela manhã foi construtivo pelo grau de reflexão transformadora de tua e de minha vida, marcados que fomos pelo perdão que muda visões e rumos na vida.

Pois bem, meu amigo, a visão de mundo que te obrigou a realizar coisas atentatórias à liberdade de expressão, à democracia, que usou as Forças Armadas Brasileiras, instituições sagradas de defesa nacional, submetendo-as à desonra de servir ao crime e perseguir patriotas bons e justos, denomina-se “direita”. 

Já escrevi aqui definições de direita. Agora esse assunto volta à baila com a confissão do Ministro do Supremo Tribunal Federal de que a mídia brasileira é inclinada à direita. Antes de postar abaixo excelente artigo de Jânio de Freitas permite-me que caracterize um pouco a direita através de suas atuações em nossa história, em todos os campos, inclusive no religioso.


Historicamente a direita compromete-se com a concentração de renda, com o privilegiamento dos ricos e poderosos. Os homens de colarinho branco e as madames fúteis valem muito mais do que milhões de trabalhadores e suas lutas pelos direitos sociais. Necessariamente os direitistas são impatrióticos e exacerbadamente sensíveis aos interesses coloniais e imperialistas. Não se enrubescem em entregar nossos bens aos saqueadores estrangeiros, desde que suas vantagens na concentração de riquezas sejam atendidas. É comum dizer-se que eles vendem suas mães se for necessário em troca de privilégios representados por riquezas concentradas. Seus “negócios” são prioridades em relação às necessidades sociais. Quanto ao poder de Estado fazem de tudo para abocanhá-lo no uso dos apetites privados. Daí porque o regime que mais amam é o neoliberalismo por seu conteúdo e prática privatizantes com base no princípio do “menos Estado e mais mercado”. Seus sentimentos são de ódio aos comunistas e aos progressistas, sejam quem forem. Por isso, facilmente mandam perseguir, caluniar, destruir moralmente e até matar.


A direita é atuante, não dá para negar. No campo da educação busca a exclusão dos negros, indígenas, pobres e trabalhadores. Sua postura é a elitização. Pensam-se como elite iluminada e unicamente merecedora de todos os bens da terra. Odeiam pobres, negros, indígenas e até os trabalhadores a custa de quem vivem. Seus “intelectuais” divertem-se em despejar “análises teóricas” de autores desconhecidos e reacionários, de preferência com um discurso revestido de vocábulos empolados e de difícil entendimento, principalmente pela elite, que de nada entende, mas que adora ver como falam bonito. Não gostam de frequentar lugares públicos, mas os que denominam de Vips, especiais, perfumados, coloridamente iluminados, de preferência sem o cheiro do povo. Adoram Roberto Carlos e Caetano Veloso. Para os direitistas quem não lê a cloaca Revista Veja não é inteligente. No campo econômico os direitistas dedicam-se aos grandes negócios, muito marcados por puxadas de tapetes de sua própria estirpe. Os bancos, os grandes supermercados, as grandes indústrias, o agronegócio poderoso, a mídia, as maiores estradas, os portos, aeroportos etc estão em suas mãos. A “elite” de direita adora mandar em tudo economicamente e sua linha política é marcada pelo autoritarismo e antidemocracia. Abomina a liberdade de participação, sindicato, partidos que lutam pelos direitos humanos e os movimentos sociais. Imagina que sindicalista é subversivo e vagabundo. No campo social a direita acha normal a pobreza ou o exército de reserva, como o identificou Marx. Favelas marcadas por moradias à beira de abismos ou palafitas sobre imenso viveiro de bactérias e doenças e pessoas morando nas ruas de amarguras não comovem a direita. Ela raciocina que “essa gente” – como gosta de referir-se aos pobres – merece passar por isso e que não chegará a lugar nenhum mesmo. No campo político diz que eleição é bobagem. Para que eleger se já contam com seus predestinados e privilegiados? Portanto, adoram golpes de Estado, ditaduras urdidas na calada da madrugada e aventureiras. Quando obrigados a disputar eleições sempre o fazem por partidos de direita, com nomes e endereços certos como PSDB, Democratas, PPS e outras siglas de aluguel, que arrendam com prazer. Tanto que farão no ano que vem, em 2014, a maior das guerras sujas na tentativa de retornar ao poder central. Seus políticos iluminados, a quem a direita reverencia como deuses a ser adorados em panteões como a Academia Brasileira de Letras e clubes que chamam de prestadores de serviço. Nomes como Fernando Henrique Cardoso, Carlos Lacerda, Aécio Neves, José Serra e outros quando aparecem em TVs ou em fotos na Veja causam orgasmos suculentos nos direitistas. Artistas como Regina Duarte, Cristiane Torloni e outros, tipicamente “globais”, são ídolos amados dos direitistas. Afinal, do jeito deles, eles também amam. Mas odeiam Lula, e até o chamam de vagabundo, cachaceiro, indolente e pretensioso por ousar eleger-se Presidente da República, cargo que pensam ser somente para seus “iluminados”, pois historicamente os reis vinham do céu, como se pensava na Antiguidade e na Idade Média. A elite de direita pensa que o poder deveria limitar-se a ser ocupado numa espécie de linha sucessória de modelo herança “abençoada” pelos homens de dinheiro. No campo moral os direitistas alegram-se por citar “papai” e “vovô” como modelos de fidelidade e de trabalho, mesmo que sejam canalhas exploradores do sexo e do trabalho alheios. Sua estampa moral é necessariamente moralista. Condenam os esquerdistas e progressistas e rasteiam suas biografias em busca de maus exemplos morais. O que fazem na mídia, igualmente direitista, é o mesmo que praticam nas rodas íntimas: pura fofoca contra os de fora de seu círculo social (ou circo?). Não temem caluniar, difamar e injuriar, pois têm os juízes em suas mãos. Por isso processos por calúnia e difamação contra eles não prosperam. No campo das comunicações usam a mídia para domesticar, alienar, minimizar culturalmente e manipular as informações contra o povo, não custa reafirmar, a quem odeiam. É bom que se ressalte que a tecnologia de comunicações é “bem” usada na mídia. Há certos fatos maquiados que emocionam e arrastam os incautos, como é o caso da campanha pela redução da idade penal. No campo religioso a direita é extremamente conservadora e seletiva. Sua agenda é forte, embora excludente e recheada de preconceitos e discriminações do tipo “tapar o sol com a peneira”. Adoram combater o divórcio, o homossexualismo, os casamentos homoafetivos, os abortos (“pecados” que sua gente pratica, mas esconde do consumo publico) como se essas agendas fossem as mais fundamentais do mundo. Atualmente a moda é atacar gay e seus casamentos entre si, como se esse tipo problema tivesse alguma importância social. Por isso elegem papagaios repetidores e reprodutores de seus discursos como o padre Marcelo Rossi, o psicótico padre Luiz aqui de Goiás, Bispo Fernando Figueiredo, pastor Silas Malafaia, o histérico, o malandro pastor Marco Feliciano e outros curandeiros e adoradores do vil metal que eles chamam de dízimos. Por essa razão lhes vendem espaços em suas mídias como na Band, Rede TV, Record, Revista Veja, Folha de São Paulo, o Globo e outros meios de propriedade da “elite” direitista. Os mesmos canais e órgãos de comunicação que usam apresentadores e âncoras serviçais abrem-se aos religiosos que se curvam nos altares demoníacos do capital corruptor. 

Por fim, para identificar as pegadas da direita “operosa” o senhor Joaquim Barbosa, Ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal, ao participar do evento de comemoração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, realizado pela Unesco, na Costa Rica, no dia 3 de maio, contraditoriamente – a direita é essencialmente contraditória e hipócrita -, numa arroubo de sinceridade, situou a mídia brasileira no campo da direita. 

Noutras palavras, Joaquim Barbosa percebe que a mídia centrada em poucas e privilegiadas mãos é de direita. A mesma mídia que o usa descaradamente para rebaixar o judiciário ao enchafurdamento das injustiças e das penalizações sem provas, com o único objetivo de derrubar o governo Dilma e de possibilitar o retorno dos assaltantes das coisas do povo, num ambiente internacional de provável esnobismo, é situada por ele no universo da direita, como de fato é verdade. 

Eu sei Adão que muita gente torce o nariz quando me lê aqui na denúncia da “direitização” da mídia e de setores da burguesia brasileira, antinacional, pró-imperialista e racista. Seguidamente recebo e-mails, até de religiosos, fazendo ameaças e me negando verdade em minhas análises quanto à atuação dessa direita perversa, golpista e destrutiva. Quando cruzo por certas pessoas percebo seus olhares de ódio e seguidamente se sentem mal quando apareço em certos espaços que julgam ser de sua propriedade. Pois bem, agora quem sinaliza a percepção direitista é um deles, Joaquim Barbosa. Um dos piores deles, pois traiu a tantos brasileiros pobres e negros que apostaram nele. Deixo-te aqui, abaixo, o excelente artigo do grande jornalista Jânio de Freitas sobre o  discurso de Joaquim Barbosa.

Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.

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07/05/2013 - 03h00

Inclinadas, quase caindo 

 

A intervenção do ministro Joaquim Barbosa, de franqueza incomum em pronunciamentos internacionais, durante encontro na Costa Rica sobre liberdade de imprensa desvendou uma situação algo extravagante. 


O diagnóstico da imprensa brasileira feito pelo palestrante aparenta duas vertentes que, na realidade, têm iguais pontos de partida e de chegada. A primeira delas resume-se bem em poucas frases do pronunciamento: 

"O Brasil tem hoje três principais jornais nacionais impressos, todos mais ou menos inclinados para a direita no campo das ideias"; 


"Eu não seria sincero se concluísse a apresentação sem trazer a público desvantagens que vejo em meu país acerca da informação, da comunicação, da liberdade de expressão e de imprensa: o problema está, basicamente, na falta de um pluralismo forte [na imprensa]". 


Entremeadas, citações à ausência de "pluralismo" e à "fraca diversidade política e ideológica da imprensa brasileira". 


IRRETOCÁVEL

 
Curioso, no entanto, é que o fulminante prestígio de que Joaquim Barbosa vê-se munido, também fora do Brasil, foi elaborado exatamente por aquelas características políticas e ideológicas identificadas na imprensa brasileira pela visão crítica do ministro. A contrariedade da "inclinação para a direita", com a vitória sem precedentes de adversários políticos e ideológicos, encontrou no relator Joaquim Barbosa um veio para sua ansiedade de reverter o país à tradição conservadora. A razão e a desrazão, o equilíbrio e o atropelo não importariam mais do que a efetivação do objetivo intermediada por Joaquim Barbosa e nele heroizada. 


O próprio convite para falar na reunião da Unesco, portanto, foi fruto do que Joaquim Barbosa lá descreveu como identidade da imprensa brasileira. 


O outro componente do diagnóstico, como aparência de fator à parte do anterior, também se acomoda em referências breves: 


"No Brasil, negros e mulatos representam 50% a 51% população. Mas não brancos são bem raros nas Redações, telas de televisão, sem mencionar a quase abstenção deles nas posições de controle ou liderança na maioria dos veículos. É quase como se não existissem no mercado das ideias. Raramente são chamados para expressar pontos de vista ou especialidades, salvo nas situações de estereótipos"; 


"As pessoas são tratadas de modo diferente de acordo com seu status, sua cor de pele e o dinheiro que têm". 


Não poderia ser diferente em uma imprensa "inclinada para a direita" e com "fraca diversidade política e ideológica". O conservadorismo político e ideológico é conservadorismo social que é conservadorismo também racial. Aqui, está tudo no mesmo trono. Sem que a raridade de não brancos seja uma peculiaridade da imprensa, e sem que haja nas Redações, em geral, uma predisposição pensada. 


Entre as inevitáveis respostas sobre o Judiciário, não muito menos críticas, o ministro mencionou, segundo uma das notícias a respeito, certo dado perturbador: "(...) a Suprema Corte, que tem 60 mil casos aguardando julgamento, casos que afetam a sociedade (...)". 


A "imprensa se inclina para a direita" e o Judiciário se inclina para a inutilidade social, pois. O que dá no mesmo, como inclinação. 


Daniel Marenco/Folhapress
Janio de Freitas, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é um dos mais importantes jornalistas brasileiros. Analisa com perspicácia e ousadia as questões políticas e econômicas. Escreve na versão impressa do caderno "Poder" aos domingos, terças e quintas-feiras.

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