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terça-feira

"Povo brasileiro": Brizola faria 91 anos, hoje, dia 22/01.. Saudades!



Um típico filho do povo

Nasceu em 22/01/1922, no povoado de Cruzinha, antes pertencente ao município de Passo Fundo, e hoje a Carazinho. Estudante de engenharia, ingressou no recém-fundado Partido Trabalhista Brasileiro- PTB -, em agosto de 1945, para apoiar a política social de Getúlio Vargas. Era um universitário atípico, uma vez que a maioria de seus colegas era comunista ou udenista. 

Provavelmente porque ele vinha de uma dura vida – infância pobre, trabalhando para estudar – que o identificava com a classe trabalhadora. Atípico, também, porque, já alcançando êxito naquela idade, não aderia aos ideais das elites e até se orgulhava de sua origem popular.

Assim é que, quando Getúlio saiu na sua memorável campanha eleitoral pelo Brasil adentro, levou consigo, como assessores, a Jango, Brochado da Rocha, e a Brizola, que eram chamados o “Jardim da Infância” do Presidente.

No curso dessas lutas, Brizola cresceu e se afirmou como principal líder brasileiro de esquerda. Como tal, convocou as forças progressistas a se unirem a ele, numa Frente Nacional de Libertação, para as lutas anti-imperialistas de combate à espoliação estrangeira e ao latifúndio improdutivo. Tal era então seu prestígio que, mantendo-se no governo do Rio Grande do Sul, se candidatou a Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, alcançando a maior votação registrada na história brasileira.

Líder popular

No Parlamento, Brizola se tornou o líder das esquerdas e o principal coordenador do grupo de pressão sobre Jango na consecução das reformas de base, principalmente a reforma agrária, que a seu ver devia ser feita “na lei ou na marra”. Articulou a Frente de Mobilização Popular, integrada pela Frente Parlamentar Nacionalista, pela UNE e pela CGT, e apoiada pelas principais lideranças de esquerda, inclusive por Prestes, Arraes e Julião. Surgiu, assim, o que Santiago Dantas chamou de “esquerda negativa”, para contrastar a combatividade das forças lideradas por Brizola, com o caráter persuasório do movimento que apoiava o Presidente João Goulart na sua política de reformas.

Desde então, as forças progressistas se bipartiram. De um lado, o governo lutava pelas reformas fundamentais que considerava possíveis, e que eram vistas pela direita como tão avançadas que a unificavam e lançavam no golpismo contra revolucionário. Do outro lado, Brizola utilizava intensa e vivamente o rádio e percorria todo o Brasil em pregações, mobilizando o povo para forçar as reformas estruturais. Simultaneamente, organizava seus seguidores em “Grupos de Onze”, semelhantes às células comunistas, estruturando-os em seus locais de moradia e de trabalho para o ativismo político radical.

Nesse ambiente é que se desencadeou o golpe militar de 1964. Jango o enfrentou pelo diálogo, negociando com os chefes militares, mas negando-se a dar ordem de combate contra as forças sublevadas. Brizola articulou no Rio Grande do Sul um movimento de resistência armada, ao lado do general Ladário, Comandante do 3º Exército. Jango desembarcou em Porto Alegre a 2 de abril, desautorizando a resistência armada. Optou pelo exílio na Uruguai, onde Brizola, eu e muitíssimos companheiros fomos compelidos a nos exilar, também.

Exílio de 15 anos – No exílio, Brizola prosseguiu no esforço de organizar a luta armada contra a ditadura militar. Acreditava ele, como muitos mais, naqueles anos de entusiasmo pela figura de Che Guevara, que era possível repetir a façanha cubana. Mas a ditadura se consolidou, tornando cada vez mais inviável aquela estratégia de lutas. Acabamos confinados, por pressão da ditadura brasileira sobre o governo uruguaio. Eu, em Montevidéu, lecionando na universidade, mas proibido de sair do país. Brizola, enclausurado numa praia inóspita. Daí sairia para residir numa pequena fazenda que comprou no interior do país, onde viveria vários anos.

Mesmo isolado na campanha uruguaia, tão grande era seu prestígio político e tão decisiva continuava sua influência sobre as eleições do Rio Grande do Sul que, em setembro de 1977, a ditadura militar obrigou os governantes uruguaios a decretarem a expulsão de Brizola, dando- lhe o prazo de cinco dias para sair do país. Era seu segundo exílio e todos esperávamos que ele fosse viver na Venezuela ou em Portugal.

Surpreendentemente, Brizola, que era tido como o principal adversário político norte-americano na América do Sul, procurou a embaixada dos Estados Unidos, solicitou e alcançou o apoio do Presidente Carter – enquanto defensor dos direitos humanos – na qualidade de dissidente político perseguido pelo militarismo brasileiro.

A partir desse novo pouso, Brizola voltou a crescer. Agora, como um dos principais líderes latino-americano. É nessa condição que se transladou para Lisboa, aproximou-se da Internacional Socialista através do patrocínio de Mário Soares, sendo recebido, na qualidade de iminente estadista, por diversos governantes europeus, tais como Mitterand, Olav Palm e Willy Brandt.

Por Darcy Ribeiro

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