Prezado
pastor Manorel
Nos poucos anos em que vivo aqui em Goiânia experimentei
momentos de extrema felicidade. Quer dizer: o que me faz feliz é encontrar com
pessoas conscientes quanto à missão de lutar contra as injustiças e a favor de
nova sociedade, fundamentada no respeito aos direitos humanos e de bem estar
concreto de todo o nosso povo, sem discriminação e sem miséria. Evidentemente
que tal equidade só haverá numa sociedade modelada pelo socialismo. Não há como
remendar o capitalismo para lhe dar feições mais humanas. Não há como tirar o
humano do desumano. Não há como fazer um hipopótamo parir um bebezinho humano,
seria contra a natureza.
Pois bem, tive a alegria de conhecê-lo num dos momentos de
luta. Sua presença e palavras em defesa do povo e do desenvolvimento libertador
da miséria humana em todos os sentidos - da falta de habitação, de alimentação,
de liberdade, de educação, de trabalho etc – me alegrou muito. Ao final quando compartilhou
comigo seus conhecimentos sobre marxismo, sobre os problemas políticos atuais e
participação nos movimentos sociais senti que um pastor da Assembléia de Deus
não precisa ser idiota e alienado, como é o caso de seu colega Silas Malafaia,
cuja atividade a favor burguesia de direita foi lembrada em nossa conversa no evento
em Aparecida de Goiânia.
Na nossa conversa naquela ocasião lhe perguntei sobre seu
lamentável colega Silas Malafaia, que embora não integre sua convenção
participa de sua tradição. Para o senhor e para mim não restam dúvidas da trajetória
marcadamente e cada vez mais de direita empreendida pelo grupo de Silas
Malafaia. O senhor me contou que ele se assemelha ao criminoso originado em boa
família que começa a assaltar. No começo se sente mal e desajeitado. Mas quando
os resultados substanciosos dos assaltos começam a aparecer o mal estar de
consciência desaparece substituído pelos mal feitos sem consciência. Nesse
estágio o sujeito, no mínimo, finge - sem sofrimento - que acredita que
assaltar pessoas via programas religiosos de TV, pedindo somas altíssimas em
dinheiro e na venda de produtos religiosos de baixa qualidade, como livros
supersticiosos e de teologias discutíveis. Exemplifico: um pastor do tipo
Malafaia fez uma campanha de pregações e “curas divinas” numa praça na Cidade
de Cruz Alta, no RS. Aproveitou para arrancar montanhas de dinheiro do sofrido
povo que a ele acorreu crente em suas manipulações. Numa manhã uma servidora do
hotel onde se hospedara entrou no quarto em que o ladrão religioso se hospedara
e se chocou com a pilha de dinheiro esparramado por todo o ambiente - sobre a
cama, o piso, móveis - o escutou
delirando e dizendo: olha quanto grana arranquei desses babacas que acreditaram
no que lhes preguei”.
Então, pastor Manorel, para entendermos as “vitórias” do
pregador eletrônico da burguesia decadente, agora chamado pelo diretor da Globo
Amauri Soares, para as primeiras conversas com o objetivo de articular presença
“evangélica” em espaços televisivos da empresa da máfia Marinho, deixou o lobo vestido de ovelha muito feliz, conforme noticiou a Folha de São Paulo em
matéria aí abaixo.
Claro, o senhor e eu nadamos em outra praia e nossas bíblias
e agendas nos orientam de outra maneira. Não somos bobos, como o fanfarrão e
gritão de cultos shows costuma alardear por aí. Aliás, o bufão nos julga
falidos espiritualmente. Outro dia ele nos chamou de filhos do capeta. Porém,
de olhos bem abertos, percebemos a trajetória do marqueteiro dos candidatos
conservadores e golpistas. Silas Malafaia segue a cartilha da direita
neoliberal, a mesma que rebentou com o Brasil e nos jogou nos apagões
energéticos, educacionais, da saúde, do desemprego, da miséria e ainda nos
contemplou com a maior roubalheira de toda a história do País. É ao
neoliberalismo que serve esse fanfarrão colarinho branco. O esnobe sabe que
assalta em favor do que há de pior contra a Nação e contra o povo, mas não se
perturba com isso. A linha seguida por Malafaia desde sempre, mas
acentuadamente revelada em 2010, nos ajuda a entender sua aproximação da Globo
e do PIG (Partido da Imprensa Golpista). Na campanha eleitoral de 2010 ele
procurou a candidata Dilma e se ofereceu para ajudá-la em troca de uma rede de
TV. Como a candidata se negou sinceramente a prometer-lhe tal empreitada o “ideológico”
pastor passou-se para o lado de José Serra com quem negociou maior presença na
mídia, principalmente da Veja (o senhor sabe que esta lhe “deu” uma capa e
enorme matéria, exaltando-o), dos jornalões e da TV Globo. Na campanha à
Prefeito de São Paulo o “educado” pastor novamente fez propaganda para o
derrotado José Serra. Depois de se reunir a portas fechadas com o privatista
mor saiu gritando pela mídia que “rebentaria com o Hadadd” (boa linguagem para
um pastor). Requentou as besteiras sobre kit gay e sobre as mentiras de que
Haddad fecharia as igrejas em São Paulo. Não titubeou em ameaçar e mentir. Aliás,
corre a boca pequena que a história de ser contra os homossexuais não é sincera
na boca de Malafaia. É apenas uma bandeira tática para lhe colocar em
evidência. Cá entre nós: que causa pequena e minguada essa de “lutar” contra
gays! Puro moralismo barato e comercial.
Voltando a agenda de articulações dos “evangélicos” da órbita
de Silas Malafaia. Navegando em águas oportunistas, politicamente conservadoras
e dignas de rejeição por nós brasileiros, tudo desemboca em interesses
econômicos de enriquecimento do dito pastor proprietário de aviões, de
programas ruins de TV, desejoso de ter seu próprio canal de televisão. Tudo
começou com José Serra, passa por José Serra para chegar a Globo e em 2014 aportará
na campanha eleitoral de Aécio Neves, se outro privatista reacionário não lhe
oferecer mais vantagens de enriquecimento e de obtenção de uma rede eletrônica
de comunicação.
Para entender a razão do convite da TV Globo para planejar
com Silas Malafaia basta seguir sua trajetória eleitoral desde 2010, sempre em
defesa dos poderosos e ricos, que ele acredita que funcionam como as mãos
abençoadas de Deus a promovê-lo – com sua esposa oficial, filhos, noras, genros
e netos – sempre em defesa da família, dele, claro.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.
Abraços críticos e fraternos.
Análise: Peso político e poder de consumo impulsionam presença dos evangélicos na TV
Entre prato principal e sobremesa, o executivo e o religioso, que está à frente de 125 igrejas com cerca de 40 mil fiéis no país, discutirão interesses comuns entre emissora e evangélicos.
Até o fim de janeiro, Soares também se reunirá com o bispo Robson Rodovalho, da igreja Sara Nossa Terra, que tem 35 templos no país e já atraiu para o seu rebanho familiares do apresentador Silvio Santos.
Os encontros com os líderes evangélicos seguem uma agenda que teve início em 12 de novembro passado, quando Soares recebeu 17 deles no Projac, os estúdios do canal no Rio.
Durante horas, os religiosos acompanharam gravações e negociaram apoio e cobertura para a Marcha para Jesus, o Dia do Evangélico e o Dia da Bíblia.
Por sua vez, os líderes prometem apoiar o Festival Promessas, que a Globo criou em 2011 para divulgar a música gospel. A emissora confirma os encontros, mas não comenta detalhes das conversas.
"Nos últimos cinco anos, a Globo se aproximou desse público porque tem lhe conferido não somente peso de formação de opinião, mas também de mercado consumidor", explica Karina Bellotti, doutora da Unicamp que estuda mídia e religião.
Para ela, "é importante destacar que a bancada evangélica cresceu no Congresso, assim como o poder aquisitivo de muitos evangélicos que ocupavam a classe C".
"Se você for colocar qualquer coisa aí [na reportagem], põe que não há nenhum acordo para nos proteger", ressalta o pastor Silas Malafaia. "Que cada pastor que pague a conta pela sua besteira."
"A decisão [de abrir mais espaço para evangélicos] é deles", completa Rodovalho.
MOCINHA EVANGÉLICA
Para os dois, chegou a hora de a Globo quebrar o último grande tabu: investir em personagens evangélicos na teledramaturgia. Quiçá numa mocinha do horário nobre.
No começo de 2012, a Folha questionou Octávio Florisbal, então diretor-geral da emissora, sobre o assunto. Ele desconversou.
De lá para cá, a Globo emplacou duas coadjuvantes evangélicas: Ivone (Kika Kalache), de "Cheias de Charme", e Dolores (Paula Burlamaqui), de "Avenida Brasil".
Izabel de Oliveira, coautora de "Cheias de Charme", diz não ter recebido orientação para criar a personagem.
No Projac, segundo a assessoria da Globo, os religiosos "manifestaram o interesse em falar sobre o perfil atual do evangélico brasileiro para autores e roteiristas".
"A emissora considera a contribuição relevante, assim como as que recebe de vários segmentos da sociedade, inclusive de outras religiões", informou a Globo em nota.
A palestra proposta pelos líderes, porém, não ocorreu. "O Amauri me explicou que a teledramaturgia é muito independente", diz Malafaia.
Quatro autores procurados pela Folha se recusaram a falar sobre o tema. Silvio de Abreu foi exceção. "Sinto muito, nunca tratei de personagem religioso em nenhuma novela nem pretendo."
Evangélicos veem mais holofote em outras religiões. Os casamentos em folhetins são geralmente católicos. Novelas espíritas são constantes.
E, se há personagens evangélicos, "é crente, mas vagabundo. É pastor, mas safado", dispara Malafaia.
APERTO DE MÃO
Pastores pedem heroína evangélica à Globo
Folha
ALBERTO PEREIRA JR.
ANNA VIRGINIA BALLOUSIER
DE SÃO PAULO
Nos próximos dias, o coordenador dos projetos especiais da Globo, Amauri
Soares, vai almoçar com o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus
Vitória em Cristo.ANNA VIRGINIA BALLOUSIER
DE SÃO PAULO
Análise: Peso político e poder de consumo impulsionam presença dos evangélicos na TV
Entre prato principal e sobremesa, o executivo e o religioso, que está à frente de 125 igrejas com cerca de 40 mil fiéis no país, discutirão interesses comuns entre emissora e evangélicos.
Até o fim de janeiro, Soares também se reunirá com o bispo Robson Rodovalho, da igreja Sara Nossa Terra, que tem 35 templos no país e já atraiu para o seu rebanho familiares do apresentador Silvio Santos.
Os encontros com os líderes evangélicos seguem uma agenda que teve início em 12 de novembro passado, quando Soares recebeu 17 deles no Projac, os estúdios do canal no Rio.
Durante horas, os religiosos acompanharam gravações e negociaram apoio e cobertura para a Marcha para Jesus, o Dia do Evangélico e o Dia da Bíblia.
Por sua vez, os líderes prometem apoiar o Festival Promessas, que a Globo criou em 2011 para divulgar a música gospel. A emissora confirma os encontros, mas não comenta detalhes das conversas.
"Nos últimos cinco anos, a Globo se aproximou desse público porque tem lhe conferido não somente peso de formação de opinião, mas também de mercado consumidor", explica Karina Bellotti, doutora da Unicamp que estuda mídia e religião.
Para ela, "é importante destacar que a bancada evangélica cresceu no Congresso, assim como o poder aquisitivo de muitos evangélicos que ocupavam a classe C".
"Se você for colocar qualquer coisa aí [na reportagem], põe que não há nenhum acordo para nos proteger", ressalta o pastor Silas Malafaia. "Que cada pastor que pague a conta pela sua besteira."
"A decisão [de abrir mais espaço para evangélicos] é deles", completa Rodovalho.
MOCINHA EVANGÉLICA
Para os dois, chegou a hora de a Globo quebrar o último grande tabu: investir em personagens evangélicos na teledramaturgia. Quiçá numa mocinha do horário nobre.
No começo de 2012, a Folha questionou Octávio Florisbal, então diretor-geral da emissora, sobre o assunto. Ele desconversou.
De lá para cá, a Globo emplacou duas coadjuvantes evangélicas: Ivone (Kika Kalache), de "Cheias de Charme", e Dolores (Paula Burlamaqui), de "Avenida Brasil".
Izabel de Oliveira, coautora de "Cheias de Charme", diz não ter recebido orientação para criar a personagem.
No Projac, segundo a assessoria da Globo, os religiosos "manifestaram o interesse em falar sobre o perfil atual do evangélico brasileiro para autores e roteiristas".
"A emissora considera a contribuição relevante, assim como as que recebe de vários segmentos da sociedade, inclusive de outras religiões", informou a Globo em nota.
A palestra proposta pelos líderes, porém, não ocorreu. "O Amauri me explicou que a teledramaturgia é muito independente", diz Malafaia.
Quatro autores procurados pela Folha se recusaram a falar sobre o tema. Silvio de Abreu foi exceção. "Sinto muito, nunca tratei de personagem religioso em nenhuma novela nem pretendo."
Evangélicos veem mais holofote em outras religiões. Os casamentos em folhetins são geralmente católicos. Novelas espíritas são constantes.
E, se há personagens evangélicos, "é crente, mas vagabundo. É pastor, mas safado", dispara Malafaia.
Fotomontagem | ||
O ator Edson Celulari, imagem de televisão mostrando o bispo Sérgio Von Helder, a atriz Kika Kalache |
APERTO DE MÃO
A cena de pastores no Projac seria inimaginável em 2008. Malafaia
atacava: "Em 25 anos, vin-te e cin-co [pontua cada sílaba], lembro de
apenas uma reportagem boa na Globo sobre evangélicos. E tem semana em
que, todo dia, o 'Jornal Nacional' fala bem da Igreja Católica".
Desde então, o pastor reduziu as farpas trocadas com a Globo. Afirma ter
apertado a mão de João Roberto Marinho, vice-presidente das
Organizações Globo, no fim de 2010, numa reunião "muito legal" no
escritório dele, segundo o religioso.
"Ninguém deu mais pau na Globo do que eu. Se um veículo nos denigre,
você acha o quê? Disse isso pro João. Ele até riu", diz Malafaia.
"No passado, éramos corpos estranhos, não tínhamos nenhum diálogo",
afirma Rodovalho. Agora é diferente. "No Projac, Amauri falou bastante
do slogan: 'A gente se vê por aqui'." Procurados, João Roberto Marinho e
Amauri Soares não quiseram comentar os encontros.
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