Na mesma semana em que as declarações do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) no programa CQC provocaram reações no Congresso, outro parlamentar usou o Twitter para dizer que 'os africanos são amaldiçoados'. Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) é deputado federal de primeiro mandato e garante que a afirmação vem de um conhecimento teológico. Ele se diz afrodescendente e nega ser racista.

Os primeiros posts tratando do tema foram colocados na página do parlamentar ontem. Segundo ele, foi sua assessoria que colocou o 'ensinamento' na internet, mas com seu aval. Entre outras frases, Feliciano diz na rede social que 'sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids. Fome'.

Hoje, ele retornou ao tema: 'A maldição que Noé lança sobre seu neto, Canaã, respinga sobre o continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!'. Segundo o deputado, a Bíblia sustenta a teoria de que o continente africano foi amaldiçoado. O parlamentar afirma que, pela Bíblia, Cam, filho de Noé, 'vê a nudez do pai' em um momento de embriaguez de Noé e ri. Quando Noé volta em si, ele chama Cam e seu neto Canaã e joga uma maldição sobre o neto, que, posteriormente seria o responsável por povoar o continente africano.

Em entrevista hoje, o deputado reafirmou as frases colocadas na rede social. Ele afirmou que tudo isso é um 'ensinamento teológico avançado'. Feliciano nega que seja racista e diz que 'ora pela África'. 'O problema do continente africano é espiritual e se vence com oração. Isso poderia ter acontecido com outro continente, mas foi lá. Eu apenas citei um texto que é teológico para quem quiser aprender. O resto é maldade das pessoas'.

A polêmica relativa à África não é a única da página do parlamentar na rede social. Feliciano faz também ataques a homossexuais. 'A podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, a rejeição', diz ele em um dos posts.

O deputado afirma que o ataque é destinado a homossexuais que têm espalhado críticas a ele no Twitter. Ele afirma ainda que respeita os homossexuais, mas que é contra a 'promiscuidade' que está sendo colocada diante de seus filhos. 'Dentro de quatro paredes, eles têm liberdade, mas não podem querer que eu aceite um ato que é condenado pela Bíblia Sagrada', diz ele.