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quinta-feira

AGULHAS NO SER





Orvandil Moreira Barbosa*


Terminamos um ano ruim economicamente para o mundo todo. Muitos/as trabalhadores/as perderam emprego. O mundo está abalado. Mas alguns fatos chocaram nosso povo brasileiro e nos fazem sentir dor. Refiro-me as crianças espetadas por agulhas, principalmente M. S. A., de dois anos e sete meses, da cidade de Ibotirama, na Bahia. O noticiário nos informa que seu padrasto, Roberto Carlos Magalhães Lopes, foi o autor de vários atos em que ele embebedava a criança e lhe introduzia as agulhas pelo corpo inteiro, sempre na direção de órgãos vitais.  Numa aparição pela TV Roberto disse claramente que seu objetivo era o de matar a criança para ficar com a mãe do menino.


Quando vi os relatos dos envolvidos com a criança me perguntei se me encontrava em estado de vigília ou sofrendo pesadelo em pleno sono. O impacto da brutalidade me deixou tonto, sem entender as razões que levam um ser humano a tais atos contra outro ser humano, principalmente em se tratando de uma criança tão tenra. Uma pessoa ao meu lado disse que Roberto Lopes será violentado e morto com requintes de crueldade, na prisão. Disse que os presos não suportam banditismo de tamanho vulto contra uma criança. 


Mas a pergunta me tortura: por que um ser humano pratica tamanha maldade a outro ser humano, principalmente a uma criança? Algumas opiniões buscam explicar com a religião do padrasto e das mulheres envolvidas nos crimes. Algumas igrejas aproveitam para dizer que são movidos pelo diabo, chefe da magia negra etc. Não entro por esse caminho. Penso que as explicações devem ser buscadas na pessoa do Roberto, no seu mais profundo íntimo, no seu pensamento e nos seus sentimentos, na sua história de vida e nos seus relacionamentos. Embora nada o dispense  de ser classificado como um monstro. Seus atos foram monstruosos.


Como pode um ser humano praticar tamanhas monstruosidades? Que premeditações o movem a buscar instrumentos, vinho e ambientação para seus crimes? Tudo indica que foi feito com certa previsão, pensando em não ser descoberto. Quer dizer: houve reflexão, hierarquização dos procedimentos do tipo “faremos isso e depois aquilo até que ele morra e depois ninguém saberá que o menino morreu por causa das agulhas fincadas em seu corpo, escondidas". Nem a mãe. Ele não contava que a voz da criança reclamasse de dor, que pedisse socorro, que a vida a mover a criança fosse mais forte do que a morte tão cruel que o padrasto engendrava.


As agulhas foram fincadas no corpo, na alma, no ser inteiro da criança. Que noção ela terá dos seres humanos, do próximo? Embora a mãe, como todas as mães, a socorresse e ao seu lado ficasse, que percepção lhe restará da vida?


Tomo essa triste experiência para pensar outros atos humanos, sem introdução de agulhas de aço ou de materiais rígidos, mas introdução de agulhas no ser, para renovar a pergunta do que leva seres humanos a serem tão cruéis, deselegantes, indelicados, sem gentileza, traiçoeiros, maldosos etc.


Recordo um dos fatos do meu artigo “O outro é mesmo o inferno?” O caso do psicopata que persegue o bispo. Ele não parou suas atrocidades no que foi dito no artigo. Ele continua ligando para meio mundo e enviando e-mails com verdadeiros abusos morais. O psicopata queria ser ordenado padre e imaginava que chegaria lá com calúnias, fofocas e maldades sem medidas. Aliás, um dos traços da psicopatia é de que os seus portadores desejam algo que eles acham que é deles e que está com outra pessoa. No caso de delírio religioso os psicopatas querem a ordenação sacerdotal porque sabem que o sacramento da ordem está nas mãos da sucessão apostólica, que os bispos representam. Os psicopatas que se acham destinados ao sacerdócio ardem de ciúme do bispo que lhes “rouba o direito” de ser padres, segundo fantasiam. Quando o bispo percebeu a total incompatibilidade do mal que habita o coração, traduzido em crueldades que ele pratica contra familiares e outras pessoas e que, agora, se voltavam contra o prelado, contraditória com a proposta missionária e humanizadora de um sacerdote, desistindo de ordená-lo, o maldoso ficou ainda mais enlouquecido. Sofredor do mal da falta de humildade, o ex-aspirante a sacerdote, ao invés de se tratar, de se corrigir, de fazer autocrítica, tornou-se ainda mais violento e cruel. Juntou-se a outro mais poderoso do que ele, com a intenção de destruir o bispo, buscando vantagens como viagens à Europa e ganhos fáceis. O que chama a atenção nesse tipo de conduta é que os praticantes do horror fazem todos os males com a força dos missionários. Acham-se as pessoas mais corretas e justas do cosmos. Demonstram seguir uma missão que atravessa todo o universo e vem até seus corações, contra o mundo inteiro. Em momento algum pensam que podem errar. As agulhas que introduzem nos seres do próximo não os emocionam. Pelo contrário, o que lhes faz felizes são os sofrimentos que causam nos outros. Pior do que o psicopata que persegue o bispo é a tragédia de outro que redundou na morte de um diocesano. Há algumas décadas, em Belo Horizonte, chegou à casa de um bispo um jovem se dizendo sacerdote. Foi prontamente bem recebido. Passou a co-celebrar e a participar de todos os sacramentos. Até que um dia o bispo despareceu. Perguntado pelas razões do desparecimento dele o rapaz respondia que viajara em caráter urgente e o deixara em seu lugar por algum tempo. Até que alguém, não aceitando a história, chamou a polícia. Esta procedeu a buscas em toda a casa, quintal, igreja etc. A surpresa veio quando o delegado suspeitou de um acúmulo de terra sem grama no jardim. Mandou abrir e se deparou com o bispo morto e enterrado. A explicação dada pelo psicopata é de que ele não era padre, mas que queria ser ordenado. O bispo, em meio a uma discussão, suspeitou da anormalidade da pessoa e lhe negou a ordenação, pagando com a própria vida. Pois é, há pessoas que se determinam fazer o mal, sem se importar com o mal que fazem aos outros. Pensam-se portadoras de alguma missão divina.


Outro caso interessante é o da mulher que levou em seu carro os noivos ao casamento deles e depois que chegou ao local da celebração implorou ao padre que não realizasse a cerimônia. Justificou que não concordava com o tempo em que eles se conheceram e que achava que não deviam casar. Como os noivos não se deixaram convencer pelas sandices dela foi embora e continuou a ligar para a mulher, agora casada, dizendo que ela não deveria ter casado e de que faria de tudo para que esse casamento não desse certo. Ela não se importou com os sofrimentos que seus gestos causaram nem com a infâmia que causou. Fez tudo com a convicção do inferno, como missão transcendental e absoluta.

Refiro-me a outro fato impressionante, para exemplificar o grau de crueldade humana como missão impossível. O relato de que me sirvo se encontra no artigo da Psicóloga Jucilene, intitulado "Ongs Estrangeiras. O que fazem aqui?...!",logo abaixo deste, aqui no blog. O dono daquela ONG européia, entrar numa casa, causar tantas atrocidades àquela mulher, levando-a ao adoecimento, a humilhações e ainda ofender profundamente seu esposo, que tanto a ama. O monstro foi tão cruel que viajou com ela e mais outra pessoa em tom de seqüestro, sob ameaças e chantagens diabólicas. Para destruir o casamento dos dois procurou montar um cenário antes de sair da casa para dar a entender ao marido que manteve relações sexuais com ela, levando-o à beira do suicídio, que só não aconteceu porque ele foi salvo por uma idosa extremamente generosa e sábia. Manteve o esposo da sofrida mulher preso em um motel para que não acompanhasse a violência que praticava na casa. Interessante que o intruso  se vangloria de ser suíço, detentor de cultura superior a dos brasileiros. Ele se pensa realmente como ser superior dotado da missão de fazer aquela mulher a mais feliz do mundo, sem olhar a destruição e o sofrimento que causa.  Não percebeu que quase causou duas mortes. Totalmente cego a tudo.


O que chama a atenção nesses casos é que quem pratica crueldades contra o próximo tem histórico de abuso e faz maldades a vida toda, até chegar a um ponto culminante. Mas nada justifica crueldades.

O que explica a gana de pessoas  se projetarem com tanta violência contra o próximo? Freud diz que temos em nosso inconsciente uma besta, sempre pronta a produzir tragédias. Lock fala que temos um lobo em nosso interior. Augusto Cury se refere à janela killer – assassina - pela qual vemos o mundo. Leonardo Boff e Karl Jung mencionam a figura do homo demens - o homem demente - que constitui nosso ser. Os evangelhos explicam com a figura do demônio, que habita nossos seres. O dia-blós divide nossos seres predominando sobre nós o que há de pior na natureza humana.
  
Enfim, as explicações são muitas. Mas o fato é que devemos buscar sempre os remédios para essas barbaridades. A oração, a espiritualidade, a polícia, a justiça, como em alguns desses casos, é razoável que se busque. Não é justo que pessoas inocentes sejam destruídas pelos missionários do horror. Não é aceitável que introduzam agulhas nos seres inocentes. É preciso reagir.



ESCLARECIMENTO: É preciso afirmar que a psicopatia em si não leva as pessoas a serem tão más como os casos que trabalhei nesse artigo. Tais casos revelam associatividade com psicopatia, neuroses, demência, delírios, psicose, deformação de caráter,  paranóia, ideologia etc. Conheço psicopatas que são éticos. Soube do caso de um psicólogo psicopata de Belo Horizonte que elaborou pesquisa em si mesmo para saber por que era diferente dos outros humanos. Sua pesquisa deu-se numa dissertação de mestrado, obtendo nota 10 com louvor. É um dos psicólogos mais queridos e buscados, lá.



*Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo, quilombola e republicano.

1 comentários:

  1. Estimado
    Dom Orvandil,

    Excelente artigo. Compartilho com o seu pensamento sobre as "agulhas invisíveis", aquelas que torturam e, muitas vezes, realmente chegam a matar um Ser Humano, tanto quanto as agulhas de aço, ferro ou alumínio...

    Quanto ao sentido de parte do artigo, sobre as perseguições de Pessoas contra outras Pessoas, gostaria de mostrar minha solidariedade. Tenho o conhecimento de tais atos, por caminhos tangentes...

    Não tive, ainda, o privilégio de conhecer-lhe pessoalmente. Porém, através de seus artigos, vislumbro em sua Pessoa o dom da boa palavra escrita.

    Meu abraço.
    +James, Bispo.

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