Querida amiga Anita Gusmão
Estivemos juntos nessa tarde
discutindo ações a tomar contra o golpe nacional que se avizinha nas eleições.
Em nossa análise apareceram nítidos três agentes envolvidos no golpe: a. o
sistema financeiro eternamente ladrão das energias econômicas, políticas e
sociais do País; b. uma candidata fantoche, extremamente fraca, preconceituosa
e afável aos interesses que jogam contra o Governo Dilma, unicamente movida
pela vontade vingativa e bestializada de ser presidente, diria sem medo de
errar, uma vigarista de ocasião, totalmente trampolim da direita que golpeou
Getúlio, Juscelino, Jango e o tímido Plano Cruzado, agora se revigora pacificamente
para tentar voltar ao poder e, finalmente, c. uma massa social ávida de
mudanças, mas cega, ignorante, inconsciente politicamente, arrogante e disposta
a votar até mesmo numa aventureira, sem ler seu programa, sem entender as
gravidades do golpe que se aproxima.
Ao ler artigos e análises
que se fazem abundantes encontrei uma de um filiado do partido responsável pela
candidatura aventureira e órfã de Marina Silva. O texto em forma de carta (ao
estilo de +Cartas e Reflexões Proféticas) é do Professor Gustavo Castañon. Nele
o autor desmascara ponto por ponto e derruba na lama as máscaras de Marina
Silva. Esse texto atende um pouco de nossa discussão desta tarde com referência
à letra “b” que analisa a candidata fantoche, a supersticiosa medieval Marina
Silva. Temos ainda que trabalhar as letras “a” e “c”. É necessário identificarmos
outros responsáveis por esse risco Brasil democrático, que irresponsavelmente
cercam e produzem o falso fenômeno chamado Marina.
Precisamos demonstrar
responsabilidade e respeito pelo Brasil, estudar a realidade e agirmos
corretamente, sem confundir crítica a erros políticos com aventuras em direção
a golpes. Nesse sentido a carta do Professor Gustavo Castañon, reproduzida pelo
blog Viomundo, ajuda.
Abraços críticos e fraternos
na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano,
farrapo e republicano, sem se curvar ao golpe.
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Filiado ao PSB contesta conteúdo do “Marina de Verdade”
Por Gustavo Castañon
Candidata Marina Silva, meu nome é Gustavo Castañon. Sou, entre
outras coisas, filiado há mais de dez anos ao PSB, partido que hoje a
senhora usa para se candidatar, professor na Universidade Federal de
Juiz de Fora e um cristão convicto, como acredito que a Senhora também
seja, do seu jeito.
Investida de seu eterno papel de vítima, sua campanha lançou um site na internet chamado “Marina de Verdade”
(com V maiúsculo mesmo) para combater supostas “mentiras” espalhadas
contra a senhora na internet. Vou aqui responder uma a uma as afirmações
de seus marqueteiros no site citado, oferecendo os links de fontes das
minhas afirmações.
1 – Não Marina, você não sofre preconceito por ser evangélica.
Você é que acredita que todos aqueles que não compartilham de suas
crenças queimarão eternamente no fogo do inferno. É o que está
claramente descrito no credo (credo
14) de sua agremiação religiosa. Que nome podemos dar a isso?
Certamente é um nome mais assustador do que intolerância ou preconceito.
Talvez essa seja a origem de seu maniqueísmo, já que separa o mundo
entre os bons, que apoiarão seu possível governo, e os maus, que lhe
fariam oposição, como eu. O seu problema não é ser protestante. É ser da
Assembleia de Deus, associação pentecostal de vários ramos que
interpreta literalmente o Antigo Testamento, e que tem entre seus
pastores Marcos Feliciano, que vende curas a paraplégicos, e Silas Malafaia, este homem que hoje defende da “cura gay” à teologia da prosperidade e vende bênçãos de Deus.
Eu me pergunto: o que alguém que faz parte de uma organização que faz
comércio com a palavra de Cristo é capaz de fazer na vida política? Qual
o nível de inteligência que pode possuir alguém que faz interpretações
tão rasteiras do significado da Bíblia? Essas são perguntas legítimas
que as pessoas se fazem, e não por preconceito, mas por conceito.
2 – Não Marina, o Estado Laico deve intervir nas práticas religiosas quando são fora da lei.
Se uma religião resolve reinstituir o sacrifício de virgens dos
Astecas ou a amputação de clitóris comum em alguns países muçulmanos
hoje, o estado tem que observar inerte essas práticas em nome da
liberdade religiosa e do laicismo? Não, candidata. Nenhuma organização
está acima da lei num Estado Laico.
3 – Não Marina, você não é moderna, você é uma fundamentalista mesmo.
O fundamentalismo religioso não é a negação do Estado Laico, essa é
só uma espécie de fundamentalismo, o teocrático. O fundamentalismo se
caracteriza pela crença de que algum texto ou preceito religioso seja
infalível, e deva ser interpretado literalmente, tanto em suas
afirmações históricas como comportamentais ou doutrinárias. E o ataque
ao Estado Laico pode vir também pela incorporação de leis, que
desrespeitem as minorias religiosas ou não religiosas, impondo um valor
comportamental de determinada religião a todos os cidadãos. Isso faz da
senhora uma fundamentalista (Assembleista) que compartilha das crenças
de Feliciano e Malafaia, e uma adversária, se não do Estado Laico, do
laicismo que deveria orientar todas as nossas leis, pois defende plebiscitos sobre esses temas para impor a vontade das maiorias religiosas sobre as minorias em questões comportamentais.
4 – Não Marina, você é, sim, contra o casamento gay.
Você agora diz que está sofrendo ataques mentirosos na internet sobre
o tema, mas sempre se colocou abertamente contra o casamento entre
pessoas do mesmo sexo, defendendo somente a união civil nesse caso. E
não adianta simular que o que o movimento gay está reivindicando
casamento religioso. O casamento é também uma instituição civil. Você só
defende união de bens, sem todos os outros direitos que o casamento
confere às pessoas. O vídeo acima e mais esse vídeo aqui provam esse fato de conhecimento público.
PS: Hoje, dia
29/08/2014, ao lançar seu programa de governo, a candidata mudou uma
posição defendida por toda vida, faltando um mês para a eleição. Por
que?
5 – Realmente Marina, você não é petista.
Você abandonou o partido que ajudou inestimavelmente a construir sua
vida política, ao qual você deve todos os mandatos e o único cargo que
ocupou até hoje, porque não tinha espaço para sua candidatura à
presidência. Hoje, você busca se associar,
sem qualquer pudor ou remorso, a inimigos ideológicos históricos do
partido, repetindo as práticas que supostamente condena no PT e chama de
“velha política”. Só que faz isso somente para chegar ao poder e
construindo um projeto oposto àquilo a que defendeu toda a vida.
6 – Realmente Marina, você não é tucana. Mas sua equipe econômica é.
Sua equipe econômica conta com André Lara Resende e Eduardo
Giannetti, ex-integrantes da equipe econômica do governo FHC, além de
seu coordenador Walter Feldman, que fez toda sua história no PSDB. Suas propostas econômicas são as mesmas do PSDB. Agora, de fato, o que nem o PSDB jamais teve coragem de ter é uma banqueira como porta voz de sua política econômica…
Você não quer alianças com governos atuais de nenhuma agremiação, como o
de Alckmin, exatamente para manter sua imagem de
anti-tudo-o-que-está-aí. Mas não se sente constrangida em ter o vice de Alckmin na coordenação financeira de sua campanha, nem de convidar o “bom” representante de sua “nova política” José Serra para seu governo…
7 – Não Marina. Você defendeu, sim, Marcos Feliciano.
Você afirmou que
ele era perseguido na CDH não por causa de suas posições políticas, mas
por ser evangélico. Disse que isso era insuflar o preconceito
religioso. Não, candidata. Você está falando de seu companheiro de
Assembleia de Deus, um homem processado por estelionato, que pede senha de cartão de crédito de seus fiéis,
que defende que os gays são doentes e os descendentes de africanos
amaldiçoados. Recentemente, esse homem que você afirma ser vítima do
mesmo preconceito que você sofreria, afirmou à
revista Veja: “Eu não disse que os africanos são todos amaldiçoados.
Até porque o continente africano é grande demais. Não tem só negros. A
África do Sul tem brancos”. Ao usar essa estratégia de defesa pra ele e
para você, você reforça os preconceitos da sociedade e o comportamento
de grande parte dos pentecostais de blindar qualquer satanás que clame
“Senhor, Senhor” em suas Igrejas.
8 – Não Marina. Você não é só financiada por banqueiros. Eles coordenam seu programa!
Neca Setúbal, herdeira do Itaú, não é só sua doadora como pessoa física. Ela é a coordenadora de seu programa de governo e sua porta-voz,
e já declarou que você se comprometeu a dar “independência” (do povo e
do governo) ao Banco Central, que fixa os juros que remuneram os
rendimentos dela. Da mesma forma, o banqueiro André Lara Resende, um dos
responsáveis pelo confisco da poupança na era Collor e assessor
especial de FHC, é o formulador de sua política econômica.
9 – Não Marina, você é desagregadora e vilipendia a classe política. Seu governo será o caos.
Você é divisionista e maniqueísta e implodiu meu partido em uma semana de candidatura. Vai deixar seus escombros para trás quando chegar ao poder, como sabemos e
já anunciou, para delírio daqueles que criminalizam a política. Seu
partido é nanico, e se não o criar com distribuição de cargos,
continuará nanico. Com a oposição certa do PT, terá que governar com a
mídia e os bancos, que cobrarão o apoio com juros. Precisará do PMDB,
que você acusa de fisiologismo, e do PSDB e o DEM, que lhe exigirão não
só cargos, empresas públicas e ministérios, mas também a volta das
privatizações. A única base congressual que lhe será fiel é a bancada
evangélica, que cobrará seu preço com sua pauta de controle dos costumes
e seu fisiologismo extremo. Resultado, você vai entregar a alguém o trabalho sujo do fisiologismo ou mergulhará o país no caos.
10 – Não Marina, seu marido foi sim acusado de contrabando de madeira.
E não só isso, foi acusado pelo TCU de doação de madeira clandestina.
A senhora usou sua força política de Ministra para impedir que o caso
fosse investigado, como sempre fazem na “velha política”. Mais tarde o
MP arquivou, como fazem com todas as denúncias contra membros da
oposição. Mais uma vez, fato bem comum na “velha política”. Nada é
investigado.
11 – Não Marina, Chico Mendes não era da elite. A elite é que o matou.
Em mais uma tergiversação semântica demagógica, num vilipêndio à
memória de seu companheiro, a senhora tomou o termo “elite” pelo sentido
de elite moral, para acusar de “divisionismo” os que lutam contra a
elite econômica brasileira. Essa mesma elite que mantém o Brasil como um dos dez países mais desiguais do mundo e
que hoje está acastelada no seu programa de governo e campanha. Seu
discurso despolitizante busca mascarar a terrível e perversa divisão de
classes no Brasil e é um insulto aos seus ex companheiros de luta. Seu
uso demonstra bem à qual elite você serve hoje, e nós dois sabemos que
não é à elite moral. A elite moral desse país está lutando contra a
elite econômica para diminuir nossa terrível e cruel desigualdade
social. E você, Marina, não é mais parte dela.
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