Querido
amigo Hiram Greco
Nossa
conversa sobre o comprometimento social na luta pelas transformações por parte
dos cristãos engajados me deixou muito feliz, meu amigo Hiram.
Por
falar nisso, não vejo caminho a seguir para os cristãos católicos e evangélicos
que não o de se envolver concretamente na luta contra as injustiças dos que as
promovem por defenderem os interesses mesquinhos dominantes.
Sempre
cri que o cristianismo igrejeiro que promove imaturidade e alienação, fazendo
com que os cristãos vivam toda a existência de modo imaturo como criancinhas no
colo do pai, puxadas por suas mãos nas travessias dos perigos, sem radicalidade
na construção de um mundo justo, não tem nenhuma relação com o que Jesus viveu
e ensinou. Tal postura leva ao obscurantismo e agacha as pessoas tornando-as
presas fáceis dos lobos exploradores de dízimos.
Nas
paróquias por onde passei sempre resisti àquelas orações de súplica pedindo
proteção que enfraquecem as pessoas em face da vida exigente de luta e
enfrentamento corajoso. Sempre entendi que a missa e o culto não devem ser
lavagem cerebral para acalmar ovelhinhas para serem devorados de segunda a
sábado pelo capitalismo predatório. Ensinei que a Santa Eucaristia não é
remédio para feridas de fracos, mas alimento dos fortes que, mesmo feridos
lutam até tombarem, seja nas gramas macias ou nos penhascos pedregosos, nos
combates do bem. O Cristo eucarístico é o mesmo das terras amassadas pelo
império que pisa nos humildes, que arranca tudo o que eles têm e não têm para
concentrar riquezas e prazeres nas mãos dos exploradores.
Porém,
como disseste, meu amigo Hiram, o “cristianismo” que vês por aí é o do
exploradores, dos alienados e dos direitistas que usam o nome de Jesus para
mentir, deturpar e colaborar com o maldito “status quo”.
Impressiono-me
com cristãos que apoiam a direita, esta eivada de sujeira e seus ideólogos e
militantes de mãos sujas de sangue dos explorados. Pior, cristãos que enchem a
boca falando em Jesus, mas que adoram a besta fera imperialista e têm os
Estados Unidos como modelo de reino dos céus.
O
que esses ditos cristãos, católicos e evangélicos, não dizem, alguns por
ignorância e inconsciência, outros por má fé mesmo, é que eles falam com a boca
e não dizem que seus corações são postos mesmo nas vantagens financeiras
altamente lucrativas de seus compromissos, mesmo que tais redundem em enormes e
gritantes injustiças contra o próximo.
Seus
cultos e missas são shows teatrais e de exercícios físicos vocais de onde saem
aliviados, alienados e egoístas para suas casas sem nada pensar, dizer e fazer
para mudar as estruturas injustas condenadas por Jesus. Seus atos religiosos
são alívios nada melhores que qualquer personal trainer não faça melhor. As
pregações são invólucros mentirosos que pintam um Jesus fantasmagórico, que
eles trazem do céu sem nenhuma história nem encarnação em circunstâncias tão
dramáticas como as da Palestina na qual viveu Jesus de Nazaré, onde o império
romano em colaboração com judeus fundamentalistas o crucificou. Esses tais
cristãos analfabetos biblicamente negam o que o texto confessa ao dizer: “Porque
muitos sedutores, que não reconhecem Jesus como Messias encarnado, espalham-se
pelo mundo. Eles são o Sedutor, o anticristo” (II João, 7). Como anticristos
rebaixam a história de Jesus e da humanidade, espiritualizando-O hereticamente
ao ponto de banalizar as dores, sofrimentos e injustiças a que são jogados
pelos poderosos a quem os ditos cristãos servem.
Nesses
últimos dias vemos através de órgãos de comunicação que mais de 80 evangélicos
se dirigiram ao Itamaraty para protestar contra a posição de nosso governo em
relação ao ódio de Israel que pratica chacina contra os palestinos de Gaza. Nesse
protesto dos ditos evangélicos percebe-se dois lados da moeda internacional: de
um lado um Israel sionista, assassino e criminoso de guerra apoiado pelos
Estados Unidos, numa política de degradação humana no Oriente Médio; de outro,
movimentos sérios em todo o mundo, que denunciam a barbárie praticada pelo
governo sionista, contando, inclusive, admiravelmente, estes protestos, com o
apoio de rabinos, militares e patriotas judeus sensibilizados com o sofrimento
dos irmãos palestinos.
Mas
por que tais evangélicos, inclusive com alguns raivosos brasileiros, com
rostos, palavras e olhos faiscantes de ódio, apoiam o derramamento de sangue de
crianças, mulheres, idosos, doentes e inocentes em Gaza? Por dinheiro, por
muito dinheiro nos negócios feitos com aquele governo assassino. O governo
israelita gosta das viagens turísticas que os tais cristãos fazem à chamada
terra santa, pelos caminhos do Senhor, pois lá deixam nos cofres daquele poder
racista bilhões de dólares anuais, dos quais as agências de pastores e padres
retiram percentagens gordas para seus abençoados bolsos na exploração comercial
de visitas feitas pelos santos e pelas santas pessoas de Deus. Muitos shows
gospel são feitos e muitos negócios realizados na terra do Jesus feito fetiche
dos grandes lucros.
Para
tais cristãos não importam os bombardeios israelita-americanos, que matam
pessoas inocentes e destroem a dignidade dos que anseiam e têm fome de justiça.
O que não podem é perder suas poderosas fontes de lucros.
Porcaria
de cristianismo, tão assassino e sanguinário quanto o sionismo que apoia!
Abraços
críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom
Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano, em apoio aos palestinos contra o
sionismo.
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