Querida Drª Julieta Palmeira
Honro-me com a participação de intelectuais em minha lista de
amizade, entre eles muitos médicos e médicas, com quem muito aprendo.
Todos os dias penso que as pessoas de minha amizade, cuja
lista, aliás, para minha imensa alegria, é grande, são especiais por
canalizarem sua inteligência, cultura e sensibilidade para as preocupações e
ocupações sociais.
Tu, minha querida amiga, médica Julieta Palmeira, és uma
dessas pessoas sérias porque participante da grande luta pela transformação social,
cuja sociedade ainda subjaz afundada nas lamas das injustiças. Percebo que a
companheira é engajada na luta aí na nossa amada Bahia. Isso serve de
inspiração para nosso povo, para nossos intelectuais e, acentuadamente, para as
mulheres. Parabéns.
Certamente a amiga assistiu ao vídeo que posto abaixo nesta
página. Aí aparece uma senhora que teatraliza ódio feroz contra o governo
Dilma, até mesmo com disposição de depor o ex-presidente Lula – como depor um
que já não é mais? - e contra o Brasil, em
arroubos neuróticos e de estresse.
A coitada desperta dó porque parece que sofrerá na própria
gravação um ataque cardíaco, tal é a alta quantidade de adrenalina, com lugares
comuns do discurso histérico da direita golpista.
A vovó em questão me lembra a ditadura nos seus momentos de
maiores atrocidades e irreflexibilidade. Ainda nos anos 60 nas igrejas, por
exemplo, verdadeira caça às bruxas se desencadeou de modo furioso, sempre com
mesma pecha de acusação infundada, fruto do marketing fascista da ditadura. Um
caso em Belo Horizonte se tornou marca dos desvios vivenciados pela direita
religiosa, que se distanciou do Jesus revolucionário para aderir às atrocidades
violentas do fascismo implantado no Estado brasileiro. Uma mãe presbiteriana teve
seu filho preso pelos esquadrões terroristas do golpe militar. Imediatamente
procurou a instituição em quem sempre mais confiou. Dirigiu-se a uma reunião de
oração das mulheres de sua igreja pedindo orações pelo filho desaparecido e
consolo para seu coração aflito. Decepcionada,
recebeu como resposta de suas irmãs de fé que elas não orariam por um
comunista, mesmo que fosse filho de uma irmã de sua congregação.
Na igreja metodista central de São Paulo seu pastor chamou a
policia do DOPS para prender jovens que se reuniam no salão social para debater
a situação do País. Conheci dois deles na prisão. Um morreu de câncer por
sofrer torturas desfigurantes corporais.
A Revista “Isto É” publicou extensa matéria da Comissão
Nacional da Verdade revelando pastores evangélicos de várias denominações que
serviam a corporações militares como capelães. Os tais torturam presos
políticos, invariavelmente com requinte de crueldade, e depois distribuíam Bíblias
aos torturados para que se convertessem ao deus deles, afastando-se da luta e
das preocupações sociais, tudo em nome da mesma histeria que se apossa de vovó
em pânico do vídeo abaixo.
Portanto, o discurso da vovó histérica, que esguicha como
Silas Malafaia, gritando e blefando, é menos consequente do que as alienadas e
omissas ditas cristãs que a antecederam nos caminhos do terror dos anos de
chumbo.
Certamente alguém usou a pobre vovó histérica. O discurso
dela é o mesmo que enche as páginas e telas da mídia emporcalhada dominante,
que alguns que dizem se envolver em educação acolhem como dogma e como verdade.
O que berra a pobre e enlouquecida vovó?
Ela se estrebucha contra a tal e fantasiosa corrupção. Mas
sua definição de corrupção é alarido contra governos trabalhistas, dando como
exemplo o mensalão sem provas do PT e nada mais. Ela não fere fundo a
verdadeira corrupção comandada pelo capitalismo dependente, que sangra a
economia nacional e social. Não menciona os donos da Globo que sonegam impostos
e que enriquecem mais do que quais
outros brasileiros, mesmo os mais vampiros do sangue dos trabalhadores. A vovó
nada diz dos juros altos impostos pelos bancos para arruinar o desenvolvimento
do País e não os relaciona com a corrupção. Não lista em suas denúncias os
médicos antissociais que não trabalham com o povo, usando a saúde como
mercadoria para enriquecer. Não menciona os lucros desviados das multinacionais
para as metrópoles centrais, dinheiro arrancado dos direitos dos trabalhadores
brasileiros. A vovó se agita em espumas pela boca como epilética, mas não
denuncia a verdadeira corrupção que, na verdade, teme ser interrompida pelo socialismo.
Não fala nada sobe milhões de hectares de terras concentrados em poucas mãos
com o único objetivo de especular. Como diz o povo: a vovó e os que a usam para
esse ato teatral de baixa qualidade estão fora da casinha.
A vovó grita histérica contra os movimentos sociais. Menciona
os nomes de alguns deles como o MST, os sindicatos e outros. Nada diz de novo
que não a velha perseguição lacerdista da direita que teme perder privilégios.
Grita contra o povo, grita contra os direitos ao protagonismo, sem se dar conta
de que isso é uma das piores corrupções. Os corruptos impedem o povo de assumir
seu protagonismo e de ser sujeito da história, porque sabem que terão que
entregar os cofres onde guardam os subornos e os roubos, na mais perversa
corrupção social e desumana. Na verdade, a enlouquecida vovó grita disfarçada
para proteger a corrupção e não contra.
Finalmente a vovó grita contra o decreto presidencial sobre a
Política Nacional de Participação Social. Este advoga o direito de participação
da sociedade nas decisões de governo.
Este decreto é modesto, mas ajuda, mesmo que a vovó caduca
esbraveje contra ele. A situação política hoje estrangula a democracia. Esta se
reduz a eleições de 4 em 4 anos para deixar tudo nas mãos solitárias e
manipuláveis dos eleitos. A democracia se paupariza quando se resume a títulos
eleitorais e a máquinas em forma de urnas, alijando depois o povo feito apenas
eleitor.
O decreto presidencial tenta esboçar forma de resgatar a
participação do povo, fazendo-o sujeito do processo. Nos diversos órgãos
desenhados o povo encaminharia suas reivindicações, pressionaria os
parlamentares e os executivos no cumprimento dos compromissos com as demandas
sociais, muitas vezes travadas pela classe dominante, sedenta apenas de lucro.
A atrizinha vovó reclama dos direitos do povo participar e se
une a mentes pequenas como a de Silas Malafia para acusar esse projeto incipiente
de democracia de bolivarianismo, de chavismo e outras bobagens que assustam a
direita. Do mesmo modo que o grosseiro Jair Bolsonara, este sim um autêntico
direitista paranoico, a vovó acusa o decreto de relativizar o papel do
Congresso Nacional.
Bobagem da vovó essa acusação. O Congresso Nacional precisa
de mais povo. O atual parlamento esbarrou no lobismo e no gabinetismo esnobe de
seus deputados e senadores, que nada fazem para facilitar a participação do
povo. Os parlamentares confundem as pressões populares nas galerias do
Congresso com claques para aplaudi-los ou para vaiá-los e com interesses eleitorais
mesquinhos. Prefeitos, governadores e
Presidente se vêm reféns dos interesses das grandes empresas nacionais e
internacionais, corroborando com a corrupção dominante dos que não querem os
direitos populares resolvidos e a justiça social avançada. Tudo porque a
democracia tem eleições, mas não tem participação popular, sua verdadeira razão
de ser.
Pena o pânico dessa vovó, mas a democracia precisa avançar e
caminhar com os pés da participação popular, que pressionará consequentemente
por mais reformas, por mais justiça social, por mais sociedade no poder, por
mais Brasil e menos dependência e infantilidades, como a da vovó sem juízo e
sem consciência.
Posto abaixo o vídeo.
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.
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