Prezado Prof. Lincoln Secco
Parabenizo-te por tua capacidade
em discutir os problemas brasileiros. Ao lado de poucos intelectuais envolvidos
com os problemas sociais tu fazes diferença em relação a outros que se alienam
e fazem da academia verdadeiras redomas alienadas e alienantes.
Leio com gosto os teus artigos.
Aqui destaco tua entrevista
publicada pelo site Brasil de Fato.
Nela o colega enfrenta questões sobre a realidade política brasileira e o
desempenho do PT em meio à luta de classes.
Não entrarei no espírito da
entrevista, mas me limitarei a pensar as afirmações que encimam a matéria.
Dizes que a “A burguesia
brasileira é selvagem, racista e escravista”.
Fazes afirmações fortes que retumbam por sua verdade. Parece-me
que os termos usados para definir a burguesia brasileira como selvagem, racista
e escravista são verdadeiros.
Porém, aqui do meu canto ousaria discordar quanto ao uso do
vocábulo selvagem como uma das caracterizações de nossa burguesia. É evidente
que os dicionários da língua portuguesa concordam com a aplicação da palavra
selvagem para designar pessoas grosseiras, malvadas e estúpidas. Mas também
definem como selvagens os indígenas e os animais silvestres por viverem vida de
silvícolas nas selvas. Temo que o vocábulo aplicado para definir o estado
grosseiro das ações egoístas e perversas de nossa burguesia atente preconceituosamente
para forçar a fazer o que animais e indígenas jamais fariam.
Os indígenas e os animais jamais sabotariam o desenvolvimento
e o crescimento social do próximo. Os indígenas e os animais jamais seriam
golpistas e fofoqueiros como nossa burguesia. Nossos selvagens reais de nossas
matas nunca seriam corruptos como o é nossa burguesia. É evidente que não
comparo indígenas com animais irracionais, mas afirmo isto sim, que a palavra designa
muito mais o que há de bom e inatacável nos dois do que sirva para dimensionar
a pequenez de nossa burguesia.
Penso que tua definição da burguesia como grosseira, racista,
escravista e corrupta bem que pode se avizinhar do conceito de classe média,
indignadamente enfrentado por nossa querida filósofa Marilena Chauí quando
disse que este setor social é fascista, violento e ignorante.
Eu diria que a classe média é burra, estupidamente burra.
Aqui a noção de burro prende-se à tradição popular que atribui esse nome à
origem latina burrus – vermelho –
dando a origem à “crença de que burros são pouco inteligentes, pois,
antigamente, os dicionários tinham capas vermelhas, dando a ideia de que os
burros eram sedentos de saber”[1]. Ressalto
que compreendo a classe média no rumo contrário do que afirma a tradição sobre
a sede de saber das pessoas que se sentiam burras ao buscar o dicionário de capa
vermelha também apelidado de amansa burro.
As pessoas de classe média empacam. Não leem nada para crescer.
Não têm sede de saber e odeiam os que o têm. Quando frequentam cursos nas
faculdades procuram os mais fáceis e rápidos. Fazem especializações para reforçar
pontos na carreira e não para compreender-se e ao mundo. Daí suas “pesquisas”
por matrizes curriculares de pouca duração e que não exijam muita leitura e
pesquisa.
Os membros da classe média são apáticos e alienados
socialmente. Afirmam enrubescidos, com as veias engrossadas nos pescoços, de
que não gostam de política, dos políticos, se forem de esquerda, piorou. Todos os
“políticos” são ignorantemente iguais para a emburricada e escurecida classe
média.
Em termos religiosos não pensam. Gostam de religiosidades
barulhentas e de pregações cuspidas e gritadas que prometam o “novo céu e a
nova terra”, de preferência arrancados do Apocalipse, onde possam
espreguiçar-se alienadamente. Deus é um baita quebra galho que buscam como
recompensa semelhante a prêmios por méritos ou como socorro para males que
imaginam apenas ser de causas “espirituais”, sem nenhuma relação com a
realidade objetiva. As convicções vazias de religiosos da classe média indicam um Cristo
descarnado, ahistórico e pedantemente espiritual, sem o mínimo compromisso com
os problemas e lutas sociais. Seus cultos e missas são enojantes e apelativos.
Quando os “ilustres” classes médias conversam falam de
abobrinhas senso comum sem nenhuma profundidade. Alegam que preferem a prática a
teoria, por isso são como os burros, que são extremamente práticos, mas empacados
e lentos.
A classe média é tão burra que pensa que pensa alguma coisa.
Sua burrice não lhe permite perceber que o discurso que faz lhe é imposto pela
classe dominante através de toda a sua teia de aparelhos ideológicos. Portanto,
a classe média não existe. É uma farsa. É apenas ventrículo da elite escravocrata
e manipuladora. Os coitados da classe média não percebem que suas aspirações
são estreitos e medíocres desejos de consumo e não de construção social
duradora e coletiva.
A classe média não vê o todo social. Cada um se pensa o
centro do mundo. Por isso suas relações são tacanhas e infiéis. O oportunismo é
sua regra e seu princípio basilar. Espera sempre a grande oportunidade e a
abraça passando por cima até da mãe.
Ao enfrentar a grita de Marilena Chauí contra o fascismo, a
violência e a ignorância da classe média o professor Renato Santos de Souza[2] da Universidade Federal de Santa Maria – RS – disse
que o princípio que sustenta teoricamente a classe média é a meritocracia.
A meritocracia é eivada de sandices e sustentada a dinheiro
acima dos potenciais humanos e sociais. Mais vale o marketing corrupto do que
as verdadeiras contribuições humanas. Vencem os que investem mais em propaganda
para enganar.
Diz o professor Renato no mesmo texto: “a meritocracia é um
dos fundamentos de ordenamento social mais reacionários que existe, com
potencial para produzir verdadeiros abismos sociais e humanos.”
Creio que avaliar o atual grupo dirigente do histórico Clube
Militar é daí para pior, para usar o mesmo critério de entendimento da alma da
inexistente classe média.
O Clube Militar tem uma caminhada marcada por relevantes
serviços prestados ao Brasil. Na proclamação da República esteve ao lado do
povo como o fez na defesa da libertação dos escravos e depois no apoio à
campanha do “Petróleo é Nosso”, protegendo os interesses nacionais. Na
decadência da ditadura militar o Clube Militar foi essencial sob uma direção
séria na formação de polo importante de afirmação do espírito patriótico de
verdadeiros brasileiros democratas das forças armadas.
Porém, agora, em meio ao doloroso processo de construção
democrática, um grupinho de bandidos a serviço do discurso rançoso fascista,
reacionário, atrasado, racista, escravista, violento e ignorante da classe
média, acena com golpe militar e com chantagens deslavadas.
Que darão a própria vida, oh
mistificador, mentiroso e criminoso?
O que ele chama de dar a própria vida é para encobrir as torturas, os
porões de humilhações e assassinatos de patriotas heróis da democracia que eles,
bandidos fardados e civis, como ele,
chacinaram às sombras dos direitos humanos. Que vida podem dar entreguistas e
embusteiros da liberdade?
As vidas que eles deram chama-se corrupção em alta escala, rendição da
alma patriótica aos interesses imperialistas à custa do sangue derramado aqui.
Mentiroso e com ares de terrorista o presidente do Clube
Militar, Luis de Araújo Braga, disse, em lembrança dos 50 anos do golpe
militar, que o abutre chama de revolução democrática: “...que se for preciso os
militares darão a própria vida para livrar o Brasil do Comunismo”[3].
Que darão a própria vida, oh mistificador, mentiroso e criminoso?
O que ele chama de dar a própria vida é para encobrir as torturas, os
porões de humilhações e assassinatos de patriotas heróis da democracia que eles,
bandidos fardados e civis, como ele,
chacinaram às sombras dos direitos humanos. Que vida podem dar entreguistas e
embusteiros da liberdade?
As vidas que eles deram chama-se corrupção em alta escala, rendição da
alma patriótica aos interesses imperialistas à custa do sangue derramado aqui.
Livrar o Brasil do comunismo! Ora bolas, além de ignorante
esse Luis
de Araújo
Braga é mentiroso. O draconiano não sabe o que é comunismo, o
que é socialismo, o que é justiça social, nada. Para infelizes como ele quando
o Estado, mesmo burguês como este governado pela Presidente Dilma, servidor dos
interesses da classe dominante, busca minimamente investir na inclusão de
milhares de pobres e miseráveis, que a ditadura desse infeliz a quem ele daria
a vida jogou na miséria e no desrespeito, é comunismo. Quanta ignorância
misturada com má fé e mistificação.
É a esse tipo de gente e de projeto que setores da falsa
classe média, imersos no fascismo, na ignorância e na violência egoísta, chamam
de volta para estuprar e humilhar o Brasil. Vade retro satanás, cadáveres apodrecidos!
Abraços críticos e fraternos na
luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo
e republicano, em quaisquer situações.
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