Prezado Prof. José Henrique
No ano passado tiveste boa participação numa das ditas
reuniões pedagógicas numa das faculdades onde ambos trabalhamos. Enfrentaste a
irresponsabilidade de quem falava e dizia que há professores que maltratam os
coitadinhos dos alunos, sendo que estes consideram a educação um produto que compram
pagando no caixa para que os funcionários da loja – a faculdade – no caso os
professores, façam suas vontades rasas de passar e chegar até aos diplomas sem
estudar. Nesse “sem estudar” inclui-se falta de leitura séria, de pesquisa e
compreensão responsável da realidade.
Foste corajoso ao dizer ao que falava que esse professor eras
tu e que essas pessoas sobre quem ele falava eram teus alunos. A pessoa que
falava à frente da tal reunião “pedagógica” dirigia-se a um auditório de
professores fazendo acusações indiretas sem mencionar nomes, como sempre, com o
objetivo de intimidar, de ameaçar de demissão, sem base em filosofia da
educação alguma para ajudar a corrigir rumos e avançar.
Em tua fala confessaste que como promotor de justiça
naturalmente te vês na condição de pessoa arrogante. Chamou-me a atenção essa
confissão sobre a arrogância e prepotência, natural ao pessoal da justiça, como
deste a entender.
Cumprimentei-te ao final da reunião. Tua coragem me é
importante. Porém outro dia, demonstrando tua prepotência, que segundo tua
própria definição é vício da profissão, me perguntaste se sou petista e se acho
que Dirceu, Genoíno, Delúbio e outros são inocentes. Respondi-te que não sou
filiado a nenhum partido, mas que avalio que os nomes mencionados são inocentes
e que o aludido mensalão é uma farsa. Deste uma gargalhada insinuando que sou
bobo e ingênuo em acreditar na inocência dos “mensaleiros”.
Gosto de ti por tua autenticidade. Creio que as pessoas
autênticas e sinceras são mal vistas e temidas pelos superficiais e caçadores
de níqueis, geralmente conservadores ou de consciências atrofiadas.
Apesar de gostar de ti percebo teu equívoco com relação ao
judiciário, para ti, parece-me, uma verdadeira religião e intocável. Não sou
solitário ao analisar a história das injustiças praticadas pelo judiciário,
principalmente pelo Supremo Tribunal Federal, verdadeiro antro da política de
direita e das relações de alguns de seus ministros com os piores marginais
neoliberais e empulhadores da República, como é o caso de Gilmar Mendes com
José Serra, com Fernando Henrique Cardoso e com Daniel Dantas, com cujo seu
advogado a esposa dele trabalha e de Joaquim Barbosa com a Globo e com Aécio
Neves.
A Folha de São Paulo, um jornal a serviço da direita
brasileira, hoje publica um artigo de Ricardo Melo, surpreendente pelo tom de crítica à Joaquim
Barbosa. Ricardo põe o dedo na ferida ao considerar Joaquim Barbosa um ditador
a serviço do golpe e subjugando a justiça brasileira à mesquinharia da direita
golpista como aconteceu em Honduras na derrubada do presidente constitucional
Zelaya e no Paraguai com a cassação do presidente Lugo. Até mesmo no Brasil o STF
já cometeu crimes contra a democracia quando permitiu a instauração do
plebiscito para enfraquecer João Goulart, antes disso apoiou a ditadura Vargas
de mandar Olga Benário para as fornalhas de Adolfo Hitler e calou-se perante as
atrocidades da ditadura militar e da roubalheira privatista promovida por FHC.
Em outras instâncias a justiça em 2013 preferiu proteger os ricos no projeto de recolher impostos
de quem mais pode pagar para ajudar as políticas públicas em favor dos pobres
em São Paulo.
Sugiro-te que acesses aqui o artigo de Ricardo Melo na Folha para
ler sua excelente contribuição para a compreensão dos movimentos de ameaça à
democracia que o STF faz e, principalmente, de seu algoz e traidor da justiça social, Joaquim
Barbosa.
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.
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