Fundamentalismo Midiático: Zumbis amestrados defendem liberdade de nossa imprensa
Enviado por Washington Araújo em 26 - jan - 2014
Existe
um novo tipo de fundamentalismo. E é tão letal quanto o religioso e
perigoso quanto o ideológico. É o fundamentalismo midiático.
Esse fundamentalismo padece das vãs fantasias, como de costume,
levadas ao extremo: julga-se autosuficiente, tem certeza de sua
superioridade intelectual, aferra-se à ideia maniqueísta do “somos
moralmente imbatíveis e os demais destituídos de qualquer predicado
moral”.
É assim que o jornalismo praticado por Veja, Folha de S.Paulo, O
Estado de São Paulo e Organizações Globo (TV Globo, Globo News, O Globo,
Época e CBN) passa a ser referido como jornalismo-verdade,
jornalismo-sério, jornalismo-tradição, jornalismo-isento.
Os demais meios de comunicação – notadamente na Web – simbolizam seus
contrários, jornalismo-mentira, pândego, experimental e cooptado pelo
governo de plantão nas esferas federal, estadual e municipal. Para esse
jornalismo de segunda linha os “fundamentalistas” cunharam as expressões
“jornalismo de esgoto/esgotofera”, “blogues sujos e mal-cheirosos”,
“revistas QuantoÉ”.
O fundamentalismo midiático se apropria da ingenuidade das pessoas
para transformá-las em meros autômatos, em zumbis amestrados,
roubando-lhes o que têm de mais precioso – a capacidade de pensar por si
mesmos.
Como guardiães de verdades inquestionáveis, esses fundamentalistas
são gem conscientes de seu poder de fogo: enfraquecem os governos com
suas chamadas alarmantes e suas pesquisas feitas no calor da hora em que
qualquer governo se sinta acuado ou fragilizado (vejam as manifestações
populares de junho de 2013 e a imediata pesquisa Datafolha feita a
toque de caixa); tratam os opositores de governo que se recuse a ser
subjugado por sua influência com extrema complacência (observem como a
corrupção sobre os trilhos de São Paulo continuam sendo referidos como
“suposto cartel”, não obstante a multiplicidade de provas, evidências,
documentos, testemunhos e condenações judiciais dessas mesmas empresas
corruptoras em Cortes da Suiça, Estados Unidos, França).
Os fundamentalistas brandem seu corporativismo tantas vezes quantas
sejam necessárias. Como cartel bem estruturado administrativa e
financeiramente, mexeu com um nexeu com todos. Seguem o lema de ‘Os Três
Mosqueteiros’ – um todos, todos por um.
E é assim que o escândalo regular forjado por Veja com reporteres
acionados por controle remoto na semana anterior ganha capa na edição do
sábado seguinte, recebe espaço generoso na edição do Jornal Nacional do
mesmo dia, assegurandi-se tratamento diferenciado com
‘testemunha-chave’ na revista dominical Fantástico e ao longo da semana
será escândalo de uma nota só – editoriais e colunistas esbravejando nos
jornais tradicionais do eixo Rio-São Paulo. Essa a receita do
fundamentalismo sempre que se percebe ameaçado em seu monopólio de gerir
o lucrativo negócio da comunicação.
Que ninguém se iluda, aos fundamentalistas só interessa atuar como
força política capaz de proteger e alavancar seus interesses
econômico-financeiros. Para ocultar essa sórdida agenda são trazidos à
cena biombos com as surradas expressões “Liberdade de Imprensa”,
“Pluralismo de Ideias”.
Só que, para ser verdade, far-se-ia necessária a inclusão do pronome
possessivo “nossa”. Esses fundamentalistas midiáticos querem mesmo é
”Liberdade de Nossa Imprensa” e “Pluralismo de Nossas Ideias”. Por
paradoxal que pareçam.
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