Wikileaks: Vaticano foi cúmplice do golpe de Estado no Chile
Portal EBC* - 08.04.2013 - 16h14
O Wikileaks publicou nesta segunda-feira (08) quase dois milhões de documentos diplomáticos secretos dos Estados Unidos,
que datam dos anos 70, incluindo vários que revelam a cumplicidade do
Vaticano no golpe de Estado contra Salvador Allende no Chile (1973) e
sua colaboração e apoio à ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Um dos documentos, datado de 18 de outubro revela que o então
substituto do secretario de Estado Vaticano, Giovanni Benelli, expressou
a diplomáticos dos EUA “sua grande preocupação, e do papa Paulo VI,
pela exitosa campanha internacional esquerdista para falsear
completamente as realidades da situação chilena”. Segundo o documento, o
então secretario de Estado do Vaticano saiu em defesa dos golpistas
perante o corpo diplomático nos Estados Unidos e qualificou de
propaganda comunista as denúncias sobre as violações aos direitos
humanos da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1900).
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“Benelli classificou de exagerada a cobertura dos acontecimentos como
possivelmente o maior êxito da propaganda comunista, e sublinhou o fato
de que inclusive círculos moderados e conservadores pareciam muito
dispostos a crer nas mentiras mais grosseiras sobre os excessos da Junta
chilena” diz um comunicado do Departamento de Estado.Segundo o
comunicado “a Arquidiocese em Santigado, o cardeal [Raul] Silva e o
Episcopado chileno em geral asseguram ao para Paulo que a Junta está
fazendo todo o possível para que a situação volte à normalidade e que as
histórias dos meios internacionais que falam de uma repressão brutal
não tem fundamento”.
Considerado o "número dois" do papa Paulo VI, Benelli foi o escolhido
para receber o ex-presoidente dos EUA, Richard Nixon ao descer de um
helicóptero na Praça de San Pedro em 1969, para selar a aliança
anticomunista entre a Casa Branca e o Vaticano.
Números da ditadura chilena
O relatório Retting, realizado pela Comissão da Verdade e Reconciliação
da 1991 e que contabilizou apenas execuções e desaparecimentos,
reconheceu um total de 2279 mortes cometidas pelo estado durante a
ditadura Pinochet. Já a Comissão Valech, batizada com esse nome para
homenagear o exbispo de Santiago, Sergio Valech, ampliou a pesquisa
sobre a repressão e enumerou mais de 30 mil vítimas em relatório
apresentado em 2004, do qual 28 mil são relaciuonadas a detenções
ilegais, tortura, execuções e desaparecimentos. O segundo reçatório da
Comissão Valech, entregue em agosto de 2011 ao presidente Sebastián
Piñera, reconhece mais de 40 mil vítimas.
* Com informações da agência pública de notícias de Cuba, Prensa Latina e da emissora multiestatal Telesur
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