Querido Prof. André
Bem vindo à Goiânia. O
prof. Wagner, membro do Comitê Científico e Tecnológico da IBRAPAZ, me falou de
seu interesse por esta entidade e de sua experiência intensa na participação em
uma ONG em Brasília. Seja bem vindo à luta, meu amigo. Nessa semana nos
encontraremos para tratarmos de sua integração em nossa caminhada.
Ontem escrevi neste
blog sobre os vendilhões de Jesus. Disse que eles têm fome desesperada de
dinheiro e sonham todos os minutos em chegar ao poder. Seu delírio pela tomada
do poder não se move por nenhum amor ao povo, aos pobres, aos trabalhadores, ao
desenvolvimento nacional, à Pátria, à justiça social. Nada disso. Nem sabem o
que são esses valores. Eles até fazem algumas obrinhas que chamam de “sociais
por amor a Jesus.” Na verdade são pequenos ensaios para justificar “investimentos”
- espécie de lavagens de dinheiro - de verbas que arrancam de parlamentares
oportunistas, que os mantêm sempre por perto com interesse nos votos deles e de
suas ovelhas amestradas. Outros até
fazem algumas ações sociais, mas ativados por ideologias terríveis, como a de aculturar
os pobres e amestrá-los à classe dominante e à visão capitalista. Aproveitam o
que dizem serem obras de misericórdia para “evangelizar” os pobres e os
amestrá-los à ideia de que se aceitarem Jesus serão salvos. O problema é esse
aceitar Jesus: significa tornar o povo dócil à exploração e doutrinado pela
teologia da prosperidade, sem nenhum fundamento bíblico e teológico sério,
muito menos com alguma consciência social transformadora.
Pois bem prof. André,
aqui está a prova do que escrevi sobre a prisão e morte de Jesus, promovida
por muitos pregadores que infestam nosso País com suas pregações que falam mais
em diabo no que na graça ou em Jesus. Com toda a celeuma provocada pelo
racista, homofóbico e direitista pastor Marco Feliciano que, através de golpes
da direita, elegeu-se para presidir a Comissão dos Direitos Humanos e das
Minorias da Câmara dos Deputados, vem à tona a sujeira faceiramente canalizada
por vendilhões para baixo dos tapetes do poder legislativo. O site Brasil 247
noticia que o racista, homofóbico e direitista “pastor” Marco Feliciano contratou
assessores para seu gabinete que recebem excelentes salários sem comparecer aos
aludidos locais de trabalho. Os tais assessores são pastores da igreja dele.
Seus nomes, que precisamos guardar bem, são Rafael Octávio, Joelson Tenório,
André Luis de Oliveira, Roseli Octávio e Wellington de Oliveira, todos
exercendo seus pastorados no interior de São Paulo (leia mais aqui).
E olha, meu querido
André, essa é apenas uma pequena amostra da falta de vergonha, do uso das religiões
e da religiosidade popular para desviar os recursos do povo para os currais
eleitorais da direita. Pelas Câmaras de Vereadores, pelas Assembleias
Legislativas desse País e pelas prefeituras municipais à fora há milhões de dependurados
que recebem salários públicos altos sem nada fazer pelo povo e por sua
libertação social. Há alguns anos fui ao interior de Goiás fazer uma palestra
num auditório elegante de uma Prefeitura. Impressionei-me com a quantidade de “funcionários”
evangélicos lotados nas secretarias, todos de Bíblia em punho. Quando passavam
um pelo o outro entregavam o ouro ao se saudarem com a frase “a paz (pá) do
Senhor”. Na abertura do evento no qual fui saudado com homenagens por ser
bispo, professor e outras alusões sem propósito fizeram orações em favor do meu
trabalho em tom de alaridos pentecostais que em nada se diferenciaram de um culto
em suas igrejas, menos o dízimo que não levantaram. Pouco tempo depois o
prefeito foi cassado por corrupção.
Da mesma forma que
parlamentares de si mesmos, que fazem do parlamento fontes de rendimentos e de
criação de espaços para negócios espúrios, esses mesmos parlamentares
neoliberais e de direita, utilizam associações de moradores e sindicatos também
usam “igrejas” como suas cabos eleitorais. Conheci pastores verdadeiros
pobretões que se aliaram a deputados para iniciar suas igrejas, contando com
todo o serviço de assessoria de gabinetes para registrar em cartórios suas
igrejas, para facilitar o recebimento de verbas de emendas parlamentares. Sem
demorar muito tempo esses pastores passam a ter automóveis de luxo, residências
em bairros burgueses, regalias e prestígios. Rapidamente ingressam em rádios e TVs
para encherem as programações com as mesmas coisas que todos dizem, sem nenhum
conteúdo que sirva ao povo e o espírito de luta. No mesmo sentido os pastores
barões desenvolvem verdadeiras plataformas para candidatos nas eleições,
principalmente parlamentares, com o objetivo de levantar dinheiro público e de
barrar os avanços sociais e os direitos humanos, com agenda absolutamente conservadoras
e medíocres, menores e mesquinhas como o combate ao homossexualismo e outros
ninharias.
Aqui e nos contatos
que faço defendo o engajamento de cristãos sérios nas lutas laicas pelas
mudanças políticas e sociais. Digo que é da natureza da fé engajar-se na luta
pela justiça social. Quem segue a Jesus necessariamente torna-se
revolucionário. A luta não á para acumular privilégios para igrejas e
religiões. Sempre que isso aconteceu a humanidade perdeu e os escândalos e
perversões ganharam. A luta pela justiça
é laica como o Estado deve ser laico. Quem se comporta movido pelo pensamento
teocrático participa do processo da direita e do imperialismo, que se dizem representantes
da cidade de Deus na terra. E olha o que fizeram e fazem contra a humanidade e
contra a vida: o Vaticano enrolado em renúncia e eleição de papas, numa avalanche
de escândalos e golpes, que o diga.
Abraços críticos e
fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo
cabano, farrapo e republicano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seus comentários serão publicados. Eles contribuem com o debate e ajudam a crescer. Evitaremos apenas ofensas à honra e o desrespeito.