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terça-feira

Travas e corridas em 2013 com perspectivas de 2014

Papa Francisco




Dirceu, Delúbio e Genoíno - acima - créditos do site Brasil 247.


Querida Joana 


Percebo que não te pareces em nada com a grande revolucionária Joana D’Arc, de quem recebeste teu lindo nome. Aquela era ousada, destemida, genial, revolucionária e disposta a riscos, bem ao contrário do que és. Mas te admiro e vejo em ti grandiosos potenciais como mulher bonita, inteligente e esclarecida. 


A mídia faz sua obtusa retrospectiva ao final de cada ano. Seus destaques são sobre os fatos que geralmente ela mesma gera, divulga e grava para depois resumidamente rolar para o público, não raro com dramáticas imagens para emocionar e narcotizar. 


Todos temos nossas lembranças de cada ano e reservamos esperanças para a frente. Tenho minhas frustrações e esperanças, também. Não as tenho limitadas em minha vida pessoal. Não consigo ser individualista. Não vejo frustrações e sucessos como coisas de cada um.


Frustrações 


Coisa que me sensibiliza e judia é a injustiça. Nesse sentido sinto enorme dor que a barbárie praticada por parte dos ministros do Supremo Tribunal Federal espatacularizou no julgamento e condenação de pessoas inocentes, no caso que a mídia de conduta fascista denomina de “mensalão”, nome dado pelo playboy Jeferson, amigo de Joaquim Barbosa. 


Não conheço pessoalmente José Genoino, Delúbio Soares, José Dirceu e outros atingidos pelo ódio, principalmente pelo descambado relator da Ação Penal 470. Admiro muito José Genoíno e creio na sua honestidade e inocência. Com os outros nunca tive convivência nem sou seu partidário. Não tenho nenhuma razão pessoal para defendê-los. José Dirceu me dá impressão de ser frio, áspero e arrogante. Eu teria grande dificuldade de me relacionar com ele. Não me sinto bem com pessoas assim. Elas me atropelam e me desrespeitam. Mas o Genoíno parece ser uma pessoa doce, afetivo e o vejo como esposo, pai e avô maravilhoso. Eu sempre soube que ele é dedicado e apaixonado pelo povo e pelo Brasil.


Todavia, como cidadão que ama o Brasil, o povo e a justiça - esta passa longe do capitão do mato Joaquim Barbosa – não posso considerar apreços pessoais ou antipatias para defender as pessoas injustiçadas. Como diz o jornalista Breno Altman em carta para Dirceu, Delúbio e Genoíno (leia aqui), o PT cometeu muitos erros no governo federal, no exercício do poder da Nação. Mas não foi por isso que os condenados foram julgados e presos sem provas. 


A grande injustiça que faz doer meu coração e o de todas as pessoas de bom senso (vê definição de Antonio Gramschi) é que aqueles patriotas e camaradas foram julgados e condenados sem provas, principalmente pela mídia raivosa e reacionária, que promoveu vergonhoso linchamento contra eles. Dirceu, Delúbio e Genoino são perseguidos pelo ódio que a direita tem  dos avanços conquistados com a eleição de Lula e de Dilma. Criticamente sei que Lula e Dilma poderiam e deveriam avançar muito mais no desenvolvimento e nas reformas que o País exige, mas a direita que condenou injustamente tenta abortar e abortar a energia progressista. É isso que preside o esconderijo das provas que inocentam as vítimas do linchamento público a que aqueles homens foram submetidos. 


Penso que Joaquim Barbosa é boneco perfeito dessa direita rasteira e derrotada pelo povo. Ele é negro, originário da pobreza que avilta e dolorido emocional e espinhalmente. Nada melhor do que negro e pobre, ao receber migalhas dos poderosos, sempre prontos a oferecer sua mídia para cobrir sensacionalisticamente desastres e futilidades, que um negro ser carrasco, que um ex-pobre ser justiceiro daninho e mau e do que um sofredor de lesões na coluna dramatizar heroísmo com sua dor, cujas caretas foram transmitidas em redes nacionais. Isso comove os incautos, coxinhas e alienados. Até senadores discursaram na tribuna do Senado sobre as dores terríveis do ministro Joaquim Barbosa. 


Para mim, contudo, Joaquim Barbosa é uma chaga, é um escumalha lamentável, que entrou pela porta dos fundos do poder, eivada de bajulações e de corrupção, sempre aberta aos traidores e incapazes. 

Outra frustração é ver o Governo Dilma, presidente em quem votei e em quem votarei em 2014, render-se à direita, ao mercado neoliberal e aos corruptos do sistema bancário e das multinacionais. Provas disso são os leilões de caráter privatista, entregando à iniciativa privada bens públicos e do Estado Brasileiro. 


Outra é a timidez em face dessa mídia que destrata seu governo, que mente para a sociedade, que ocupa o lugar do judiciário e do parlamento para produzir leis e julgar a bel prazer da classe dominante atrasada. Dilma não tem coragem de enfrentar essa podridão com a elaboração, proposta ao Congresso Nacional e implantação de uma competente lei dos meios de comunicação. 


Dilma não resolveu o problema agrário brasileiro, extremamente perverso e criminoso. Este sistema expulsa trabalhadores rurais, mata indígenas, envenena o ambiente ecológico, produz para as multinacionais e faz dos alimentados envenenados negócios corruptos internacionais. 


O governo Dilma também não enfrentou o problema das cidades no que diz respeito à educação, à saúde, à segurança, à habitação, ao território urbano e à mobilidade. 


A reforma política se reduziu a uma minirreforma, que não fere a essência do antro de corrupção que preside as campanhas eleitorais e impede os avanços em favor de mais direitos e do desenvolvimento progressista. 


Os bancos continuam a governar e a pressionar o governo, a justiça e o legislativo da mesma maneira que o faziam nos tempos trágicos de FHC. A prova mais contundente é o orçamento da União para 2014, que destinou 42% dos impostos pagos com o sacrifício dos trabalhadores e da produção para os banqueiros, que não trabalham, não investem e nada fazem pelo País. Aí está um dos focos de maior corrupção que a mídia não enxerga porque é beneficiada com a transferência de recursos da educação, da saúde, do transporte coletivo, do desenvolvimento interiorano brasileiro etc. 


O governo Dilma ao emperrar os avanços nos atendimentos da justiça e dos direitos sociais ajudou a condenar Dirceu, Delúbio e Genoíno. Se o povo realmente visse quem realmente que o sistema bancário e os grandes proprietários das corporações é que corrompem não embarcariam na conversa para boi dormir da mídia e dos seus comparsas no STF. 


Esperanças


O mundo se iluminou nesse ano com eleição do Papa Francisco. 


Sabe-se que a cúria romana tingiu de terror historicamente o cristianismo, fazendo-o uma religião dos poderosos opressores. A história é prenhe de exemplos das barbaridades impostas aos povos pelo terror romano.  Recentemente os Papas João Paulo II e Bento XVI associaram-se ao imperialismo e perseguiram deliberadamente leigos e teólogos que militaram pela redenção dos pobres no esforço revolucionário por arrancar de suas mentes e situações objetivas as correntes que os amarram secularmente ao atraso e às injustiças. A Opus Dei, uma ordem “religiosa” fascista, detinha toda a diretriz política da cúria e promoveu todos os males possíveis no uso do papado para enganar as massas na América Latina e na África. 


Francisco, porém, surpreendeu. Ele sorri e abraça os pisoteados pelo poderio financeiro do mundo. Sua primeira encíclica prioriza o humano ao dinheiro neoliberal, a distribuição e compartilha à concentração egoísta e desumanizadora. 


Como já escrevi outras vezes, um Papa não é mal ou bem somente da Igreja do Vaticano. É mal ou bem da humanidade. Felizmente Francisco é do interesse do bem da humanidade inteira porque demonstra posicionar-se ao lado dos mais prejudicados pelas injustiças dos poderosos. 


Outro grande sinal de esperança foi a eleição do prefeito de Nova York, Bill de Blasio. Ele se declara socialista e de esquerda. Sua vida encharcada de humanidade parece confirmar que não se trata apenas de uma afirmação. Casou-se com uma mulher negra que antes tivera relações lésbicas. Seu filho adolescente carrega na cabeça enorme e linda cabeleira afro, transformando-se em destaque na mídia estadunidense e viral na internet. Sua eleição deu-se sobre uma agenda que pontuava o combate à desigualdade social. Propôs-se a aumentar os impostos para os ricos para reunir recursos para investimento social. Na juventude apoiou a revolução sandinista na Nicarágua, que o governo estadunidense perseguia e fez sua lua de mel em Cuba. 


Em nível internacional ainda vimos, não que a mídia subordinada ao imperialismo mostrasse, que os trabalhadores na Grécia, na Espanha e nos Estados Unidos resistiram organizados sindicalmente e com greves o fracasso do sistema financeiro ladrão que lhes roubou empregos e os direitos sociais. 


O Chile elegeu Michele Bachelet sua presidente. Com isso assina avanço e colaboração com a América Latina, que se debate por sua emancipação em relação às botas opressoras dos Estados Unidos, deixando de ser seu quintal e seu motel. 


No Brasil nos enchemos de esperança com o povo nas ruas exigindo mais respostas dos governos aos seus direitos. Como disse o meu amigo Jornalista Altamiro Borges no 2º encontro dos blogueiros e ativistas digitais aqui em Goiás: o povo pressionou por mais Estado, por tanto, por socialização das soluções políticas de suas demandas mais profundas. 


Em 2014 teremos novas eleições gerais. Minha esperança é de que o povo vá às ruas não para consagrar o conservadorismo e a direita e não só para eleger pessoas. Espero que o povo retorne às ruas movido pela mesma força que atua no Papa Francisco, no prefeito Bill de Blasio e nos trabalhadores europeus na luta por mais justiça nas vidas, nas relações sociais e políticas. 


O capitalismo apodreceu há dois séculos. A dependência ao imperialismo é terrível para o Brasil. Temos que avançar para rompermos com esse sistema arcaico, profundamente injusto e desumano. 


Minhas frustrações e esperanças caminham juntas, Joana. Espero, contudo, que forças como as que moveram pessoas como tua homônima Joana D’Arc,  também vítima de inominável julgamento injusto que a condenou à morte, nos empurrem para a luta por relações novas. Minha esperança é de que o Brasil e nosso povo empurremos o governo Dilma para frente e para a justiça social, passando por profundas transformações em todos os campos ainda não tocados. 


Abraços minha amiga Joana, com os votos de que também avances em honra a Joana D’Arc, revolucionária e patriota.


Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.


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